Geopolítica Norte-americana, Neopentecostais brasileiros e a crise entre Israel e Palestina

Quando olhamos para o Cristianismo, independente das suas denominações imaginamos um nítido afastamento teológico entre cristãos e judeus, pois entre as problemáticas maiores está o fato de os judeus não reconhecerem Jesus Cristo como um Messias que eles esperavam, fato que sempre incomodaram o judaísmo, ao ponto de articularem a condenação de Jesus a crucificação.

Mais de dois mil anos se passaram e novas teologias passaram a circular pelo mundo religioso. Ao ponto de vermos grupos ou denominações cristãs neopentecostais brasileiras defenderem Israel, como um aliado histórico, quando na verdade, os israelenses nunca reconheceram e nem reconhecem o cristianismo como religião.
Outro aspecto dessa tentativa de pastores evangélicos, envolvidos em política, em se aproximar do judaísmo, foge completamente aos preceitos do Novo Testamento Cristão. Pelo menos três grandes grupos religiosos neopentecostais do Brasil, ao longo das últimas décadas, passaram a se apropriar, de símbolos, instrumentos de fé e de teologia, como o livro do Velho Testamento, em seus trabalhos religiosos.

A bandeira de Israel, a ideia territorial da Nova Jerusalém, a Estrela de David, ou de Salomão, com 6 pontas, representando a unidade do feminino e masculino para a vida eterna; o Menorá ou candelabro de 7 pontas ou velas, que representa a árvore da vida, são alguns exemplos da fé israelita que estão sendo apropriados em igrejas neopentecostais do Brasil.

A Teologia da prosperidade, a ideia de um Deus rico e poderoso que realiza o sonho da Terra prometida, onde jorra, ouro, leite e mel, atrai cada vez mais fiéis.

O uso de passagens do velho testamento para justificar a obrigação do dízimo, na proporção de 10% de tudo o que os fiéis ganharem e na venda de objetos como se fossem sagrados, estão transformando certos templos em comércio da fé.

São cada vez maiores, os grupos de evangélicos neopentecostais que se organizam em caravanas, planejadas por agentes de turismo das próprias congregações, para viagens a Jerusalém e à Terra Santa. Os pacotes, geralmente muito caros, podem ser divididos nos cartões de crédito dos irmãos.

Tudo o que Jesus criticava em sua época, passou a ser a prática comum dessas igrejas. O uso político da fé é outra ferramenta utilizada no Brasil, pois esses grupos neopentecostais utilizam seus, principios e valores extremistas e conservadores extraídos do Velho Testamento, querendo impor a sociedade moderna esses valores ultrapassados, com isso, justificam e monopolizam praticas que os próprios judeus modernos criticam e não usam mais, em sua constituição.

No Congresso Nacional e nas campanhas políticas, é comum ouvirmos deputados e senadores evangélicos fazendo discursos de ódio contra o povo palestino, enquanto defendem o governo de extrema direita de Israel.

Parece falta de conhecimento histórico e político, mas as práticas desses grupos conservadores cristãos, também ocorrem nos Estados Unidos e no Reino Unido, no que chamamos de movimento judaico-cristão.

Em que retiram os valores cristãs de pauta e colocam valores do Velho Testamento judeu como a ideia de verdade, caminho e vida.

Nessa última semana, houve o acirramento dos conflitos no Oriente Médio (Palestina e de Israel). Os grupos neopentecostais brasileiros, usaram esse conflito para se posicionar em defesa de Israel e fazer duras críticas ao governo Lula, pela tentativa de encontrar uma saída pacífica para a crise.

Estes grupos não apenas apoiaram as ações genocidas do governo extremista de Israel, como passaram a usar suas redes para disseminar notícias falsas contra os palestinos que são vítimas dessa política expansionista de Israel em Territórios palestinos.

Imaginem cristãos apoiando Israel com os bombardeos dioturnos contra um território com mais de dois milhões de pessoas (palestinos), tendo seus fornecimentos de água, energia, alimentos e medicamentos cortados?

O nome disso é massacre genocida e têm um monte de pastores e fiéis apoiando essas atrocidades e condenando o governo brasileiro por procurar a pacificação desse conflito desproporcional.

Como o Brasil historicamente sempre teve boas relações diplomáticas no Oriente Médio, foi normal, lutar e propor uma saída pacífica para o conflito, mais para os neopentecostais, o governo deveria apoiar Israel, inclusive com armas e com o envio de tropas, como vem fazendo os Estados Unidos.

Ouvindo os discursos de pastores como Marcos Feliciano, Sillas Malafaia, Edir Macedo, entre tantos outros, parece que estamos diante de uma inversão da fé cristã que prega a paz, o amor e a fraternidade, pois esses pastores estão defendendo a guerra, o massacre dos palestinos e a tomada dos seus territórios por Israel.
Algum cristão aí para avisar a esses pastores que os judeus não reconhecem Jesus como o salvador, nem mesmo como um profeta ou messias. Que Jesus para os judeus é um grande impostor.

Brancoli (2023), afirma que “grupos como a Igreja Catedral do Avivamento, de Feliciano, a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, de Silas Malafaia e a Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Macedo, além de outros representantes de um campo específico da fé neopentecostal, pastores, lideranças políticas e fiéis de tais denominações passaram a constituir Israel e seus símbolos como elementos centrais para a sua teologia e prática religiosa”.

Na atualidade estes grupos, que foram e ainda são importantes bases conservadores de apoio bolsonarista, ao apoiarem as ações genocidas de Israel, colaboram com o conservadorismo de extrema direita do governo de Israel, alimentando o ódio entre os povos e agraciando a geopolítica dos Estados Unidos em lucrar com as guerras, mesmo que, as custas de milhões de vidas de crianças, mulheres e velhos civis e inocentes.

Essa foi uma declaração de Benjamin Netanyahu, líder do governo Israelense, contra os palestinos na faixa de gaza. Essa é a prática histórica de governos extremistas de Israel contra os palestinos e seguidores do islamismo e até de cristãs, na região do Líbano.

Na recente reunião do Conselho de Segurança da ONU, em que o Brasil presidiu, os EUA compactuam com o genocídio de Israel contra os palestinos. Dos 12 países com representantes diretos, os Estados Unidos foram os únicos a votar contra a proposta do Brasil de restabelecer a paz entre palestinos e judeus, cessar fogo imediato e criar um corredor humanitário para retirar civis e estrangeiros da zona de guerra.

Essa decisão dos Estados Unidos, em vetar o acordo de paz, elevará as tensões no Oriente Médio, revelando os reais interesses dos EUA, em manter uma guerra, genocida e desumana.

Até mesmo os grupos judeus Norte-Americanos ocuparam o Capitólio para protestar contra os ataques de Israel na faixa de gaza. Protestos tomaram conta do mundo, contra os ataques de Israel na faixa de Gaza.

A ONU ficou completamente desmoralizada, pois os crimes contra a humanidade praticados pelo governo de Israel, têm total apoio do governo dos EUA que tem o poder de veto.

A ONU foi criada com o propósito de evitar tragédias e genocídios como os ocorridos contra os judeus, praticados sob as ordens de Adolf Hitler e Bendito Mussolini.

Nesse momento são os governos judeus e Norte-americanos, que tentam destruir a ONU. Se os Estados Unidos vetaram contra a proposta brasileira de criação de um corredor humanitário para a retirada de civis palestinos e povos de outras nacionalidades, significa dizer que esse país tem dois pesos e duas medidas, pois enquanto armam Israel, lucrando bilhões em arsenais militares, provocam uma tragédia humanitária, tão devastadora, quanto os atos nazistas, fascistas e a própria destruição do Japão com as duas bombas atômicas, ao final da segunda guerra mundial.

Com essa posição dos Estados Unidos, o mundo árabe e o Oriente Médio, poderão entrar em um profundo colapso e o mundo que conhecemos poderá sucumbir para sempre.

O governo de extrema direita no comando de Israel, se aproxima muito do modelo nazista de perseguição a um povo. Se na Segunda Guerra, os judeus foram o alvo, agora os palestinos estão sendo massacrados por Israel e só faz isso pois têm o apóio e o aval dos USA.

Esse modelo geopolítico ultrapassado sem  previsão de cessar fogo, os líderes mundiais, independente da ONU, precisam argir para evitar uma catástrofe geral. Não podemos admitir que, em pleno século XXI, ainda vivêssemos como a dois mil anos.

Por Belarmino Mariano