Evasão escolar provocada por fatores familiares, gravidez precoce, filhos e violência doméstica estão entre os fatores superados pelas mulheres que desejam seguir em frente com os estudos e conquistar uma chance no ensino superior.
Mas, apesar de percorrerem um caminho mais difícil que o dos homens brancos, elas são maioria — representam 61,3% dos inscritos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano, ou 2,4 milhões de alunas que tentam uma oportunidade na universidade.
A razão para esse número é determinação: uma vez que elas superam os primeiros desafios, desejam seguir cada vez mais em frente, uma tendência que vem sendo notada há alguns anos.
“A mulher sofre muito mais para permanecer na escola, mas, quando permanece, ela tem essa postura de valorização do estudo. A mulher valoriza muito o estudo, por causa do número alto de evasão dos estudos, da família, dos filhos e também da violência contra ela. E, ao permanecer, ela leva a educação com muito mais afinco”, afirma Gilberto Alvarez, diretor do Cursinho da Poli e presidente da Fundação PoliSaber.
Segundo ele, hoje há 69% de mulheres matriculadas no cursinho, o que representa uma tendência de crescimento nos últimos anos.
Priscila Naves, coordenadora pedagógica do cursinho Aprova Total, lembra que a entrada das mulheres no ensino superior aconteceu apenas no Brasil Império, em 1879, por meio do decreto-lei nº 7.247/1879. Naquela época, cabia aos pais ou ao marido a responsabilidade de efetuar a inscrição em nome delas.
“No século 21, essa dinâmica se transformou. As mulheres já são maioria no ensino superior e na pós-graduação, assim como representam o maior número de interessados em ingressar em uma graduação”, afirma Priscila.
Beto Dantas, diretor de operações do Pravaler, responsável pelo maior número de financiamentos privados voltados para a educação do país, afirma que a representatividade feminina se reflete na plataforma.
“Até maio deste ano, 57,9% do total de mais 500 mil pessoas que procuraram o financiamento estudantil privado foram mulheres.
Mesmo assim, um levantamento feito pelo núcleo de estudos raciais do Insper, divulgado há duas semanas, que avalia a desigualdade racial no Enem de 2010 a 2019, mostra que são os homens brancos quem têm o melhor desempenho na prova.
E são justamente as mulheres negras que obtêm os piores resultados, especificamente as da região Norte do país, onde a nota média no exame chegou a 460 pontos em 2014.
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