Brasil corre risco de sofrer um novo 8 de janeiro? “Improvável”, dizem especialistas

Um ano após os ataques de 8 de janeiro de 2023, especialistas da área de segurança ouvidos pela CNN dizem considerar “improvável” que a situação se repita outra vez.

Brasília reviverá o dia nesta segunda-feira (8) com um protocolo especial de segurança elaborado em conjunto pelo governo distrital e o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). Segundo as autoridades, o plano é considerado “padrão” para grandes eventos e, até o momento, não há indícios para alerta maiores.

“É improvável que algo semelhante possa voltar a ocorrer: as consequências para boa parte dos invasores foram rápidas e severas o suficiente para mostrar a força das instituições. Consequências eficientes costumam ser eficientemente dissuasórias para ações similares às punidas”, disse o coronel José Vicente, ex-secretário nacional de segurança pública

O cientista político Guaracy Mingardi, também especialista em segurança pública, concorda. Em sua avaliação, “se for acontecer algo, não é exatamente o que aconteceu antes”. “A história não se repete assim, igualzinho”, disse.    

Você se prepara para aquilo que já aconteceu. Mas, em princípio, como agora o governo federal tem muito mais controle sob a situação do que tinha há um ano atrás, eles devem ter possibilidades de informar melhor o que está acontecendo

Guaracy Mingardi

Apesar de reiterar que o país vive um “clima diferente” atualmente, o professor da Fundação Getulio Vargas Rafael Alcadipani, que é membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, não descarta a possibilidade de que atos semelhantes possam voltar a ocorrer no futuro. 

“Aconteceu já uma vez na história e pode acontecer outra vez no futuro, dependendo da composição das forças políticas”, afirma. 

A sua avaliação é de que o governo não lidou com a “leniência das forças de segurança”. A gente vê que o governo não está fazendo uma mudança de lógica das polícias militares, uma despolitização das forças de segurança. Então, eu acho que, no futuro, isso pode acontecer, sim”. 

Sem previsão de atos

Procurada pela CNN na sexta-feira (5), a Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) informou que, até o momento, não havia “manifestação cadastrada e prevista para o período”.  

Integrantes da cúpula da Segurança do DF adiantaram, porém, que nada impede que esse protocolo possa ser alterado 24 horas antes do evento, em caso de necessidade.

O Protocolo de Ações Integradas (PAI) definido pelo governo inclui: 

  • Reforço do policiamento na Esplanada dos Ministérios, com 250 homens da Força Nacional de prontidão na área do Palácio do Planalto;
  • Fechamento parcial do trânsito na Esplanada dos Ministérios na N1, da L4 até a Avenida das Bandeiras (podendo haver modificações a depender das circunstâncias);
  • Disponibilidade de dois mil policiais militares do DF para atuar na área central de Brasília;
  • Instalação de gradis em torno do Congresso Nacional e nas imediações da Avenida José Sarney;
  • Linhas de revista que poderão ser realizadas em caso de necessidade.

Além disso, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) comunicou que “está adotando todas as medidas para evitar a concretização de ameaças às autoridades sob sua proteção e às instalações presidenciais”. 

“O GSI mantém estreito e permanente contato com os órgãos de inteligência e segurança pública federais e do Distrito Federal a fim de antecipar-se a qualquer indivíduo ou grupo identificado como ameaça ao cumprimento das suas competências legais, definidas na Lei 14.600”, acrescenta a nota. 

No ano passado, a atuação do GSI foi um dos pontos mais controversos sobre as falhas que culminaram nos ataques aos Poderes.

“Os sucessivos relatórios da Abin, dando conta da progressiva evolução das manifestações (ônibus e deslocamento de multidões a pé na Esplanada) e do ânimo crescentemente agressivo de manifestantes, não foram devidamente considerados pelo Gabinete de Segurança Institucional, que deveria acionar todo um conjunto de medidas progressivas para a contenção da manifestação, incluindo medidas preparatórias para os piores cenários”, avaliou José Vicente.

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