Alvo da Polícia Federal em operação deflagrada nesta quinta-feira (8/2), o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, de 43 anos, posicionou uma bandeira do Brasil no altar de sua paróquia nas eleições de 2022, fez postagens antifeministas, fundou uma escola em Osasco, na Grande São Paulo, e possui quase 300 mil seguidores no Instagram.
Padre na paróquia São Domingos, em Umuarama, bairro de Osasco, José Eduardo vive no local e foi surpreendido, na manhã desta quinta-feira (8/2), com um mandado de busca e apreensão por ser considerado suspeito de tentar dar um golpe de Estado no país.
Na decisão que autorizou a operação, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que o clérigo integrava o “núcleo jurídico” do suposto grupo golpista.
“Como apontado pela autoridade policial, ‘José Eduardo possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas’”, diz a decisão de Moraes.
Além disso, segundo a PF, o padre participou de uma reunião no dia 19 de novembro de 2022, no Palácio do Planalto, para tratar do plano golpista.
Seguido por bolsonaristas, padre rezaria missa nesta 5ª
A notícia de que o padre José Eduardo estava entre os alvos da PF na mesma operação que mira o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi vista com surpresa por frequentadores da paróquia São Domingos.
Ao Metrópoles, frequentadores disseram que o padre é uma pessoa querida pela comunidade, que fundou o colégio Maria Mater e que era discreto em posicionamentos políticos.
Pouco se recordam, por exemplo, de menções à política nacional durante as eleições de 2022 e dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
No entanto, no Instagram, José Eduardo publicou uma imagem de uma bandeira do Brasil cobrindo o altar da paróquia em 2 de outubro de 2022, dia da votação do primeiro turno das eleições presidenciais.
“Uns confiam em carros, outros em cavalos. Nós, porém, confiamos no Senhor e, assim, resistiremos”, escreveu ele na ocasião.
Já em 8 de janeiro, ele contou nas redes sociais a história bíblica de Absalão, filho do rei Davi que morreu em uma rebelião contra o próprio pai.
“Por detrás do ato subversivo de Absalão há uma história de injustiça e omissão, de proteção do crime e de desumanas delinquências. Julgar a história pelo fim é tratar o sintoma como causa. Não há como curar uma ferida sem tratá-la pela origem”, escreveu.
Nas redes ele também fez postagens contra o aborto e, em seu site, publicou textos sobre “de onde vem o ‘mito do patriarcado’”.
Ele é seguido por políticos bolsonaristas como os secretários estaduais Guilherme Derrite (Segurança Pública) e Sonaira Fernandes (Políticas para a Mulher) além do prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB), por quem foi condecorado por sua “aguerrida” defesa da família.
Para a noite desta quinta-feira, ele havia programado uma “missa de cura”. Ele ainda não divulgou se manterá a programação.
O padre está proibido de manter contato com os demais investigados, de deixar o país, e deve entregar os passaportes (nacionais e estrangeiros) no prazo de 24 horas.
A Diocese de Osasco disse ter recebido a notícia por meio das mídias sociais e afirmou que irá colaborar com as autoridades na elucidação do caso.
“Esclarecemos que, por não possuirmos nenhuma informação oficial das autoridades competentes, aguardaremos a conclusão do caso”, disse em nota.
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