O Ministério Público da Paraíba (MPPB) notificou a empresa Uber, nesta quarta-feira (27), sobre atos de intolerância religiosa praticados por motoristas da plataforma. A notificação foi feita após uma denúncia de uma mãe de santo de João Pessoa que relatou ter sofrido intolerância no aplicativo, após ter solicitado uma corrida.
Na segunda-feira (25), a plataforma foi procurada sobre o episódio de intolerância e enviou uma nota. A empresa afirmou que não tolera qualquer forma de discriminação e, em casos dessa natureza, encoraja a denúncia tanto pelo próprio aplicativo quanto às autoridades competentes.
A Uber também disse que se colocou à disposição para colaborar com as investigações, na forma da lei. Além disso, afirma que tem compromisso em promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o aplicativo.
O caso
O caso aconteceu na segunda-feira (25). A denunciante Lúcia de Oliveira, que é líder de um terreiro de Candomblé na capital paraibana, solicitou uma viagem para um atendimento médico.
Ela citou, por mensagem, o terreiro como ponto de referência para ajudar o motorista a se localizar e compreender melhor onde estava indo buscá-la.
O motorista, identificado no aplicativo como Leonardo, respondeu por mensagem: “Sangue de Cristo tem poder, quem vai é outro kkkkk tô fora”. A corrida foi cancelada em seguida.
Notificação do MPPB
A medida foi instaurada pela promotora de Justiça, Fabiana Maria Lobo da Silva, que atua na área de defesa da cidadania na capital. A representante do MPPB vai apurar os fatos quanto ao aspecto cível coletivo.
Fabiana Maria Lobo da Silva salientou que, além de contribuir para a apuração desse caso específico, o MPPB quer saber o que a empresa tem feito para coibir essa prática.
“Queremos que a empresa preste esclarecimentos do que vem fazendo para evitar esse tipo de crime, que é um crime também, um crime de racismo, e as medidas que serão adotadas com relação aos motoristas que cometerem esse tipo de prática. Durante a investigação, caso se apure, a empresa pode, inclusive, responder por um dano moral coletivo, que é aquele dano de ofensa à honra, aos valores intrínsecos de uma coletividade, no caso da coletividade de pessoas de religião de matriz africana”, explicou Fabiana Lobo.
G1
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