Depois da operação deflagrada nessa quinta-feira (27/6) pela Polícia Federal (PF) contra ex-executivos da Americanas, as atenções em torno do caso da varejista concentram-se na divulgação do relatório do comitê independente de investigação, prevista para ocorrer nos próximos dias. O grupo que analisa internamente detalhes da fraude de R$ 25,2 bilhões é liderado pelo advogado Otavio Yazbek.
Na quinta-feira, a operação da PF não teve impacto significativo nas ações da companhia negociadas na Bolsa brasileira (B3). Elas oscilaram cerca de 1 centavo, cotadas a R$ 0,40. Desde o início da crise, contudo, o tranco no valor dos papéis foi considerável. Eles desvalorizaram quase 97%. Antes da divulgação da fraude eram cotados a R$ 12,00.
O fato é que a empresa que surge depois da crise é menor do que o negócio existente no início de 2023, antes da divulgação do rombo contábil. O total de lojas, por exemplo, passou de 1.880 em janeiro do ano passado para 1.698 em junho deste ano. Ou seja, a varejista fechou 188 pontos de venda, embora o número atual ainda seja expressivo.
Na mesma comparação, o quadro de trabalhadores sob regime de CLT passou de 43.123 para 32.634, o que corresponde a um corte de 10,5 mil vagas. Esse número, no entanto, já foi pior, atingindo 32.248 em janeiro deste ano.
Baque online
O número de clientes ativos da empresa era de 49,1 milhões em dezembro de 2022. Em abril deste ano, ficou em 42,7 milhões. Embora a queda tenha sido grande, de 6,4 milhões, desde o início da crise, esse patamar também já foi mais baixo. Em janeiro deste ano, por exemplo, chegou a 41,1 milhões.
Em termos de vendas, o segmento da companhia que sofreu o maior baque com a divulgação da fraude foi o online, no qual os consumidores ficam temerosos em relação à entrega dos produtos. De acordo com dados divulgados em fevereiro pela empresa, a receita desse canal caiu 79,2% nos nove primeiros meses de 2023.
Nos últimos dados financeiros divulgados, referentes aos nove primeiros meses de 2023, a companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 4,6 bilhões. Ainda que ruim, o resultado representou uma melhora de 23,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando as perdas somaram R$ 6 bilhões.
Acordo com credores
Apesar de ter encolhido em diversas frentes, o plano de recuperação judicial da Americanas avançou. Ele foi homologado em fevereiro deste ano. Ao todo, a empresa tem mais de 9 mil credores entre pessoas físicas e jurídicas e uma dívida estimada em R$ 42,5 bilhões.
Em novembro de 2023, depois de sequências de rusgas públicas, ela fechou um acordo com seus principais credores, caso do Bradesco, BTG Pactual, Itaú Unibanco e Santander, que respondem por mais de 35% da dívida da varejista.
O acordo estabeleceu que a companhia receberia um incremento de capital de R$ 24 bilhões, sendo R$ 12 bilhões feitos pelo trio de acionistas de referência, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, e outros R$ 12 bilhões aportados pelos bancos, mediante a conversão das dívidas em ações. Essa negociação foi crucial para destravar o plano de recuperação judicial da empresa.
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