Os “kids pretos” — também chamados de “forças especiais” (FE) — são militares da ativa ou da reserva do Exército, especialistas em operações especiais. Ao g1, em 2023, o Exército confirmou a existência das tropas e disse que elas operam desde 1957.
Segundo o Exército, até o ano passado, os “kids pretos” tinham um efetivo aproximado em torno de 2, 5 mil militares.
Segundo apuração da jornalista Camila Bomfim, nesta terça-feira (19), a Polícia Federal prendeu quatro militares do Exército ligados às forças especiais, os chamados “kids pretos”, suspeitos de um golpe de Estado após as eleições de 2022 para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e restringir a atuação do Poder Judiciário. São eles:
general de brigada Mario Fernandes (na reserva);
tenente-coronel Helio Ferreira Lima;
major Rodrigo Bezerra Azevedo;
major Rafael Martins de Oliveira.
Um policial federal também foi preso. Ainda conforme apuração da GloboNews, o agente é Wladimir Matos Soares.
Segundo a Polícia Federal, entre as ações elaboradas pelo grupo havia um “detalhado planejamento operacional, denominado ‘Punhal Verde e Amarelho’, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022” para matar os já eleitos presidente Lula e vice-presidente Geraldo Alckmin.
A GloboNews apurou que os militares foram presos no Rio de Janeiro – onde participavam da missão de segurança da reunião de líderes do G20. As prisões foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes e já tinham sido cumpridas até as 6h50 desta terça.
Como é o treinamento dos ‘kids pretos’?
De acordo com o Exército, a nomenclatura “kid preto” é um apelido informal atribuído aos militares de Operações Especiais do Exército Brasileiro, pelo fato de usarem um gorro preto. O processo seletivo para as Forças de Operações Especiais é realizado entre militares voluntários que realizam curso de Ações de Comandos e de Forças Especiais, segundo o Exército.
Os “kids pretos” passam por formação no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Niterói (RJ), no Comando de Operações Especiais em Goiânia (GO), ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus (AM).
Como parte do treinamento, os militares aprendem a atuar em missões com alto grau de risco e sigilo, como em operações de guerra irregular — terrorismo, guerrilha, insurreição, movimentos de resistência, insurgência. Além disso, são preparados para situações que envolvam sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões.
Na página oficial do Facebook do Comando de Operações Especiais, em Goiânia, um vídeo de comemoração dos 65 anos das operações especiais é iniciado com a frase:
“O ideal como motivação. A abnegação como rotina. O perigo como irmão. A morte como companheira”, diz o vídeo.
De acordo com o Exército, os “kids pretos” podem atuar em todo o território nacional. No entanto, a corporação afirma que as tropas especiais só são empregadas por ordem do Comando do Exército, sob coordenação do Comando de Operações Especiais.
“Sempre com base em um arcabouço legal, respeitando regras de engajamento previstas para a sua atuação operacional”, diz o Exército em nota enviada ao g1.
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