A recente decisão do Senado Federal de aprovar um projeto que torna facultativa a frequência em autoescolas para obtenção da primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH) está gerando polêmica em todo o país. A proposta, que agora segue para análise da Câmara dos Deputados, tem dividido opiniões entre especialistas, condutores e donos de centros de formação de condutores.
Em Guarabira (PB), o tema não passou despercebido. Nossa equipe conversou com Júnior, proprietário da tradicional Autoescola Frei Damião, que há anos atua na formação de novos motoristas na região. Para ele, a mudança pode comprometer a segurança no trânsito e prejudicar a qualidade da formação dos condutores.
“A autoescola não é apenas um local para ensinar a passar na prova. Nós formamos motoristas conscientes, que aprendem sobre segurança, legislação, direção defensiva e empatia no trânsito. Tornar isso opcional pode ser um retrocesso perigoso”, alerta Júnior.
A proposta aprovada autoriza que o candidato à CNH possa optar por estudar por conta própria e realizar diretamente as provas teórica e prática no Detran, o que, segundo defensores da medida, reduziria os custos para quem não pode pagar por uma autoescola.
Contudo, Júnior contesta essa visão:
“A economia é ilusória. O aluno que não passar nas provas terá que refazer, pagar novamente taxas, além de correr o risco de pegar vícios e hábitos errados ao aprender sem orientação técnica. Isso pode gerar mais gastos do que investir em uma formação adequada desde o início.”
A Autoescola Frei Damião, segundo o empresário, já vinha se adaptando às novas realidades tecnológicas e pedagógicas, oferecendo aulas simuladas, acompanhamentos e treinamentos práticos em diversas situações, como direção noturna e em rodovias. Com a proposta em discussão, ele teme não só prejuízos financeiros, mas uma ameaça à segurança pública.
“Nossa maior preocupação é com vidas. O trânsito já mata milhares de pessoas por ano no Brasil. O que precisamos é de mais educação e consciência, não de flexibilização”, defende.
O que dizem os defensores da proposta?
Para os parlamentares que apoiam a medida, o objetivo é democratizar o acesso à CNH, especialmente para brasileiros de baixa renda. A proposta não extingue as autoescolas, apenas retira sua obrigatoriedade, permitindo que o cidadão escolha como deseja se preparar para a prova.
Entidades ligadas ao trânsito, no entanto, já sinalizaram preocupação com os impactos da medida, especialmente nos índices de aprovação e nos acidentes envolvendo condutores recém-habilitados.
E agora?
Enquanto a proposta tramita na Câmara, donos de autoescolas como Júnior seguem atentos às movimentações políticas e torcendo para que o bom senso prevaleça.
“Formar um motorista vai além de ensinar a ligar o carro. É ensinar cidadania. É disso que o Brasil precisa no trânsito.”
Reportagem: Calvin Santana
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