Oficiais “debocharam” de atos radicais em 8 de janeiro, diz PGR

Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) trataram com “deboche” e “risos” a informação de que os participantes dos atos de 8 de janeiro estavam preparados para a “guerra” e consideravam haver mortes para não “se render”.

Os comentários foram feitos em conversas entre os coronéis Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra e Marcelo Casimiro Vasconcelos por WhatsApp. A informação está na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a cúpula da PM-DF, por suposta omissão nos atos de 8 de janeiro.

Então Subchefe do Departamento de Operações da PM-DF, Paulo José recebeu na noite de 7 de janeiro, de uma fonte não identificada, a informação sobre a possibilidade de confrontos e mortes nos atos do dia seguinte.

Na mensagem, o coronel é alertado de que os participantes estariam preparados para uma “guerra”, para “tudo ou nada” e dispostos a confrontos que poderiam levar a morte sem intenção de retroceder.

Conforme concluiu a PGR, a fonte de Paulo José foi “explícita no sentido de que os riscos não poderiam ser subestimados e que a situação seria mais ‘séria do que muitos brasileiros estão imaginando’”.

O coronel então encaminhou essa mensagem a outros dois oficiais: o então número 2 da PM, atual comandante Klépter Rosa, e o coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos.

Klépter Rosa disse que contava com um civil infiltrado no acampamento, que lhe passava informações sobre a reunião em frente ao Quartel-General do Exército.

Conforme a investigação, o deboche sobre os riscos de atos extremistas se deu na conversa com Casimiro Vasconcelos. Ele liderava o 1º Comando de Policiamento Regional da corporação, responsável pelo policiamento da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes – palcos dos atos criminosos de 8 de janeiro.

Ao receber a mensagem, Vasconcelos diz: “Vai dar certo”. Na sequência, Paulo José responde: “Rsrs. Vai sim”.

Ainda de acordo com a PGR, “boa parte” das informações de inteligência que circulavam no grupo do Departamento de Operações da PM também foram reproduzidas em outro grupo, com ciência do então comandante da PM, Fábio Vieira e outros oficiais, como Jorge Naime Flávio Silvestre Alencar.

“Todos eles acompanharam o intenso fluxo de insurgentes à Capital Federal, com expressas menções às suas intenções, seus objetivos e disposição para confrontos, invasão e depredação dos edifícios dos Poderes da República”, disse a PGR.

Em nota, a PMDF informou que a Corregedoria da Corporação acompanha o andamento da operação. Também em nota, o Governo do Distrito Federal informou receber “a decisão do ministro Alexandre de Moraes com acato e respeito, aguardando o desfecho do inquérito” e que “participa com informações e diligências para que o processo em curso ocorra da forma mais justa e célere possível”.

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