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AS MAIS BELAS PARAIBANAS NO CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

Segundo o pesquisador e ativista cultural da cidade de Caiçara, Jocelino Tomaz de Lima, em meio às comemorações do centenário da Independência do Brasil, em 1922, foi realizado o primeiro concurso de “Miss Paraíba”. Segundo o livro “Elas só citavam o Pequeno Príncipe” (Wills Leal), concursos de beleza eram realizados na Paraíba desde o começo do século XX, se destacando os promovidos durante a Festa das Neves. Porém, em 1922 foi realizado o concurso “A Mais Bela do Brasil”, promovido pela “Revista da Semana” e o Jornal “A Noite”, do Rio de Janeiro. Na Paraíba foi a revista “Era Nova”, quem promoveu a realização e, pela primeira vez, todos os 39 municípios da época (12 cidades e 27 vilas) participaram, porém Souza teve o concurso anulado.  

A Revista Era Nova circulou entre 1921 e 1925, sendo nos primeiros meses publicada na cidade de Bananeiras e depois na capital. Seu diretor era Severino Lucena, filho do então governador da Paraíba Solon de Lucena. A publicação é tida como de vanguarda para os padrões da época, disseminava os ideais republicano e moderno. Eram publicadas poesias, contos, novelas, crônicas, além de notícias e comentários sobre cultura, arte, entretenimento e política. Havia também espaço para publicação de retratos geralmente de membros da elite paraibana, principalmente de mulheres. 

Na época tínhamos um paraibano na presidência do Brasil, Epitácio Pessoa e ele recomendou que houvesse “uma atuante ação em todos os municípios, na busca de encontrar uma jovem que seja o símbolo da mulher paraibana”. O escritor e liderança política da época, José Américo de Almeida, citou em artigo da Era Nova: “Precisamos saber qual das nossas patrícias possa mais se aproximar da perfeição olímpica da Vênus de Milo”.  

Todas as senhoritas a partir de quinze anos poderiam participar. A população votava através da compra de cupons que custavam 600 réis (em torno de R$ 75,00), o que limitava muito os votantes e dava muito mais chances de sair vitoriosa a que tivesse maior apoio financeiro. Ao final, duas finalistas eram escolhidas. Dois dos mais conceituados fotógrafos paraibanos visitaram todos os municípios, registrando as vencedoras locais. Após, um júri foi formado para, a partir de fotografias, eleger as vencedoras do estado. Formavam o júri onze destacadas figuras sociedade paraibana da época, entre eles Joaquim Pessoa Cavalcanti de Albuquerque (presidente), José Américo de Almeida, Severino de Lucena, Ademar Vidal e Francisco de Sá e Benevides. O secretário foi escritor Coriolano de Medeiros.  

A votação se deu em sala secreta no dia 20 de agosto na redação da revista Era Nova com duas fotos de cada candidata, uma de perfil e outra de frente, todas postas sobre mesas. 

Ao fim, o resultado foi o seguinte 

1º lugar: Stella Caçador Sthael (Parahyba atual João Pessoa); 

2º lugar: Hilda Netto (João Pessoa) 

3º lugar: Maria Eulina Vieira (Campina Grande) 

4º lugar: Esther Mendonça (João Pessoa) 

5º lugar: Ignez de Lucena (Bananeiras) 

Encerrada a votação foi determinado que se telegrafasse para as vencedoras. O jornal do dia seguinte traz narrativa da grande festa dada na casa da campeã. Como acontece muitas vezes nessas competições, houve críticas ao resultado, uma delas reflete o pensamento da época, muito não aprovaram a vitória de Stella Caçador por ela já ser casada em ter uma filha. Ao observarmos as fotos das campeãs é notável como o ideário do “moderno” se impunha nos padrões de beleza, vemos a maioria de cabelos curtos, algumas com fitas na cabeça, e detalhes do vestuário que dissonavam do convencional. 

A festa para entrega do prêmio se deu em 24 de setembro. 

O resultado saiu na revista Era Nova especial do centenário, uma edição com 300 páginas e cerca de 350 imagens, uma relíquia que completa cem anos e que Jocelino Tomaz tem como um dos itens mais valiosos do seu acervo. A revista especial destacou as cinco primeiras colocadas, mas outras finalistas tiveram suas fotos publicadas em outras edições da revista, uma interessante amostra dos padrões de beleza e costumes da época. 

A campeã paraibana infelizmente não ficou entre as finalistas nacionais que foram Orminda Ovalle (RJ), Zezé Leone (SP), Hilda Luz de Castro Lima (BA) e Dorothildes Adams (RS), saindo vitoriosa, Zezé Leone, que se tornou a primeira “Miss Brasil”. 

Jocelino Tomaz de Lima, setembro de 2022. 

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