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“O destino formou nossa família, como todas as outras”, diz a nutricionista Lorena de Sousa, 40 anos. Casada com a enfermeira Thays Cambotta, 36 anos, elas passaram por duas fertilizações in vitro que deram origem às três filhas que têm hoje. Lorena doou os óvulos que deram origem às três crianças, embora as meninas tenham mais de oito anos de diferença e não tenham sido todas gestadas por ela.
A fertilização in vitro (FiV), foi a resposta encontrada por elas para realizar o sonho da maternidade. A FiV é um processo de produção de embriões humanos a partir de procedimentos de reprodução humana assistida. Em laboratório, os médicos juntam espermatozoides – que, neste caso, foram doados – com óvulos, facilitando a procriação de pessoas com dificuldades reprodutivas ou de casais homoafetivos.
Lorena deu à luz a Heloísa, hoje com 9 anos. Thays gestou as gêmeas Maitê e Olívia, com 1 ano e 3 meses. As três crianças são fruto de embriões que foram congelados juntos, em 2013. “Elas poderiam ter nascido juntas, gosto de dizer que são quase trigêmeas”, diz a nutricionista.
O casal, que vive em Goiânia, tentou diversas técnicas para conseguir ter as filhas. Dos 16 anos que já passaram juntas, foram quatro anos tentando se tornar mães com seis técnicas diferentes.
“Sempre quis ser mãe e a Thays embarcou rápido comigo. Tentamos cinco processos, entre inseminações caseiras e inseminações artificiais. Nunca desistimos, mas foi muito difícil. É muito frustrante quando uma mulher tem o sonho de ser mãe e tem tanta dificuldade de conseguir”, lembra Lorena.
Separadas por 9 anos
Foram 10 embriões produzidos a partir de óvulos de Lorena com o sêmen de um doador anônimo. Os dois primeiros foram implantados nela em 2013 e foram os que deram origem a Heloísa.
Os demais, porém, foram perdidos em distintos processos, três tentando uma segunda gestação de Lorena e outros três descongelados antes do processo de fertilização de Thays. Os dois óvulos que deram origem às gêmeas eram, na verdade, as últimas chances de fertilização delas.
O especialista em reprodução Vinícius de Oliveira, médico responsável pelo atendimento do casal, sustenta que embora o processo de FiV seja muito planejado, o destino de fato tem um grande papel no processo. A taxa de sucesso dos procedimentos não costuma superar os 50%.
“As coisas são acontecem no seu devido tempo. Em procedimentos como o da Lorena e da Thays, a gente faz uma classificação de qualidade dos embriões, uma avaliação morfológica. Em teoria, os embriões que deram origem às gêmeas eram os que tinham menos chances de vingar e, no entanto, a vida sempre se impõe”, diz Oliveira.
“Brinco que Maitê e a Olívia (as filhas mais novas) armazenaram alegria durante nos nove anos, enquanto os embriões estiveram congelados, para gastar com a gente. Eu não tinha tantos cabelos brancos antes delas”, brinca Lorena.
FiV cresce entre casais homoafetivos
De acordo com a especialista em reprodução Carla Iaconelli, de São Paulo, a busca de casais homoafetivos nos consultórios em busca do procedimento tem crescido.
“O procedimento está para todos que queiram formar uma família e os casais homoafetivos são resguardados pelas regulamentações para poder fazer estes procedimentos”, diz ela.
Oliveira concorda que a procura tem aumentado. “Temos visto uma procura maior nos últimos cinco anos. Desde 2022 foi um aumento exponencial, especialmente de casais homoafetivos formados por dois homens, já que agora eles podem ter um óvulo de uma parente doado para o procedimento”, diz o médico.
Não há números específicos que mostrem os perfis socioeconômicos de casais que buscam a FiV no Brasil. Em linhas gerais, porém, a produção de embriões humanos no país vem crescendo ano a ano, de acordo com o Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio).
Em 2022, a produção aumentou 3,02%, chegando a 43.708 células germinativas criadas nos 181 centros de reprodução humana assistida do Brasil, entre públicos e privados.
Dificuldades no registro
Embora o procedimento de fertilização in vitro por casais homoafetivos seja realizado há mais de uma década no Brasil, ainda existem dificuldades no registro das crianças por cartórios que resistem em aplicar a lei.
“Em 2014, estávamos no limbo. Para ter meu nome nos documentos da Heloísa, tive que entrar na justiça. Ela nasceu em fevereiro de 2014, meses antes da legislação mudar para permitir a inclusão de duas mães na certidão”, lembra a enfermeira Thays.
O processo, segundo ela, foi facilitado quando foi a vez de Lorena ser reconhecida como mãe das gêmeas que ela gestou. “Hoje em dia a documentação da clínica de fertilização já vale como comprovante da maternidade compartilhada. Ainda assim o primeiro cartório em que fomos não aceitou registrar, tivemos que buscar um outro para aceitar e cumprir a lei”, conclui ela.
Fonte: Metrópoles
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