Até ontem vi as meninas aqui de casa se mobilizando para assistir a estreia do filme da Barbie, roupas rosas, adereços rosas, mensagens para as amigas e coisa e tal.
Como tenho duas filhas da geração Barbie, acredito que já assisti a todas as Barbies, inclusive já me peguei chorando com algumas situações do desenho animado e em todos os momentos, sempre tropeçava em bonecas da Barbie por todos os lados.
Aqui de férias e jurava que era mais um desenho animado da sociedade de consumo para o público feminino infanto juvenil. Mas foi um engano e agora preciso assistir ao filme também, até para poder compreender esse fenômeno #barbie.
Digo fenômeno pois o que vi na entrada do cinema foi impactante, além dos painéis e cenários para fotografias e curtos vídeos. O rosa em degradê era um universo tomado por mulheres e também homens vestidos de rosa .
Sou pai de um rapaz com 24 anos, uma garota de 15 anos e outra com 11 anos, para completar o time, veio de Rio Tinto, uma prima de 12 anos, que se juntou a mais de uma dezena de amigas estilosas e rosadas.
#PartimosCinema. Ingressos todos comprados por antecipação e chegando ao Shopping, percebi que se tratava de um filme com pessoas, com atrizes e atores reais. A quebra paradigmática aconteceu, tomei consciência de que era um movimento parecido com aquele da Turma da Mônica para o cinema, em que os personagens do Gibi eram pessoas de verdade.
Confesso que nunca tinha presenciado tanta gente de rosa ao mesmo tempo. Em alguns momentos me senti dentro de um sorvete de morango contornado por algodão doce.
Era um pouco sufocante, mas gostoso. A euforia das adolescentes fazendo poses, selfies, se misturavam com as mães e tias na mesma empolgação.
Fiquei fascinado com as senhoras de 50, 60, 70 anos ou mais. Tão alegres quanto as netas. Claro que as coroas e velhinhas estavam todas vestidas de rosa. Notei que se tratava de um encontro marcado, um grande baile e a felicidade de princesas, imperatrizes e rainhas.
A minha parte, nesse latifúndio de mulheres vestidas de rosa, entrou no cinema. Então, eu e a companheira, fomos pra praça de alimentação petiscar algo, enquanto aguardava as meninas. Em duas horas, observei que mais gente vestida de rosa chegava ao shopping para as outras seções. O lugar ficou pequeno pra tanta gente.
Fui curiar na internet e vi um movimento na internet contra o filme. Eram os evangélicos fundamentalistas clamando que não fossem ao cinema assistir o filme da Barbie, pois a Barbie era uma comunista querendo destruir a família tradicional.
Taí, tô começando a gostar ainda mais disso tudo! Cara, juro por Deus que fiquei chocado com uma cena pavorosa de criança crentes em um transe de choro alucinante. Meninos e meninas em um tom desesperador, como se fosse um misto de encenação, teatralidades e realidade. Elas gritavam, gemiam e choravam. Meio que querendo alertar a sociedade para os perigos da Barbie.
Aí digo sem medo de errar, a manipulação e a doutrinação de crianças por seitas religiosas é perigoso e criminoso demais. Em que mundo estão vivendo estes fundamentalistas? Até ontem menino usava azul e menina usava rosa. Agora, nem isso podem mais?
Ontem no cinema comecei a observar que começava a acontecer uma libertação do rosa, mas não era apenas para as mulheres, pois muitos pais e garotos estavam na mesma vibe das filhas, namoradas, esposas, mães e avós.
O que vi na porta do cinema, nas filas que dobravam os corredores, foi uma explosão de alegria, a galera do movimento lgbtqia+ em suas roupas estilosas, as blogueiras fazendo seus curtas para o tik-tok, Instagram e outras redes.
O bom mesmo foi na saída, as meninas num frenesi de alegria e empolgação. Enquanto se deliciava com milk shake sabor morango, contavam empolgadas que o filme era maravilhoso e fazia uma crítica ao machismo estrutural.
Para semana estarei me organizando para ir ao cinema com minha velha, que me desculpem os pastores fundamentalistas, se a Barbie contribuir para ao menos uma redução do machismo em nosso mundo, eu voto na Barbie e vou vestido de rosa.
Por Belarmino Mariano.
guarabira50graus
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