Estamos há 30 dias de massacre ininterrupto, do governo israelense contra o povo palestino na Faixa de Gaza e em outros territórios palestinos como Cisjordania e fronteira com o Líbano. Isso é um genocídio que já matou mais de 10 mil pessoas em apenas um mês de bombardeios.
Gosto sempre de diferenciar conceitos clássicos como Geografia Política e Geopolítica, sendo o primeiro, destacado pela diplomacia e acordos internacionais e; o segundo relativo diretamente as tensões e conflitos declarados, entre dois ou mais países ou territórios.
Uma estudante de Geografia de minha disciplina sobre geopolítica, me perguntou porque o Brasil ainda não rompeu relações diplomáticas com Israel?
O argumento veio depois que expliquei que Israel e Estados Unidos votaram no Conselho de Segurança da ONU, contra a proposta brasileira de cessar-fogo imediato e a criação dos corredores humanitários na Faixa de Gaza.
Ela comentou que alguns países já haviam cortado relações com Israel, a exemplo do Chile, Bolívia e Colômbia, entre outros.
Realmente é uma questão fundamental e alguns grupos de esquerda, já precionam o governo e a diplomacia brasileira para essa tomada de decisão. Enquanto os grupos de extrema-direita pressionam o governo do Brasil a apoiarem Israel.
Expliquei para a discente e a turma que, a situação diplomática do Brasil nesse momento era muito delicada e destaquei três situações pontuais:
1) O Brasil estava na presidência ROTATIVA do Conselho de Segurança da ONU.
Esse cargo é fundamental para as tomadas de decisões sobre o conflito, sendo a diplomacia brasileira, destaque na busca de soluções pacificas.
Para os analistas da extrema direita, o Brasil saiu derrotado da presidência do Conselho de Segurança, mas o resultado diz ao contrário, pois foram 12 votos favoráveis a proposta do Brasil e apenas dois contra, Israel e Estados Unidos com o veto. Um resultado que demonstra uma saída diplomatica e pacifista para resolução desse conflito.
2) Existem mais de 6 mil brasileiros na região da Palestina, pois no Brasil existem muitos descendentes de judeus, palestinos, árabes, libaneses, jordanianos, sirios entre outros, que imigraram para o Brasil desde o século XIX.
Nesse caso, cortar relações diplomáticas com Israel é abandonar brasileiros e familiares à própria sorte em uma zona de guerra, seria irresponsável do nosso governo.
As próximas semanas serão cruciais para essa necessidade de corte nas relações diplomaticas, que poderá acontecer, com a retirada dos nacionais e com a imposição de Israel ao genocídio em curso e;
3) A diplomacia brasileira é referência internacional, sempre buscando nos acordos e no entendimento, o equilíbrio das partes em conflitos.
Abandonar essa missão pacifista do Brasil, poderia piorar ainda mais, as esperanças na humanidade.
No entanto, desde ontem, quando terminou o prazo do Brasil na presidência do Conselho de Segurança, acompanhamos com apreensão as listas de pessoas que podem sair da área de conflito e nas listas, parece que estão impedindo a saída de brasileiros, mesmo com toda a infraestrutura de ônibus, aviões e embarque imediato destes brasileiros em solo egípcio.
Alguns analistas políticos estão considerando retaliação dos EUA e Israel aos diplomatas e ao governo brasileiro, que pressionam pelo fim imediato do conflito e pela saída pacífica desse massacre contra os palestinos.
Como o Brasil teve que tomar posição de enfrentamento duro aos interesses do imperialismo norteamericano e por reconhecer que estar ocorrendo um massacre genocida na Faixa de Gaza, desagradou e muito ao governo extremista de Israel, apoiado diretamente por Joe Biden.
Como pode existir uma narrativa tão absurda do governo sionista, quanto aos reféns israelenses nas mãos do Hamas, se os aviões e lançamento de mísseis em Gaza, ocorre em todas as direções? Eles querem matar seus próprios patriotas na condição de reféns, ou esse discurso de só parar os bombardeios, quando todos os reféns forem libertados é mais uma farsa sionista.
Israel massacra toda a Faixa de Gaza, divulga as imagens e mostra trechos de redes de túneis destruídos, locais em que possivelmente os reféns estejam abrigados.
Da mesma forma que Israel facilitou a saída do Hamas da Faixa de Gaza e provocou o ataque e a capitura de reféns israelenses, gerou as condições para esse genocídio de extrema estupidez.
Esse massacre já estar sendo o maior exemplo de genocídio humanitário da modernidade e o governo de Israel não mede a consequências de tamanha barbárie. Para as relações diplomáticas de Israel com o Brasil chegarem a esse nível, e como os Estados Unidos também estão interferindo nestas listas, o que ocorre nesse momento é muito grave, pois cidadãos brasileiros correm risco de vida, enquanto as listas estão liberando nacionais aliados de Israel como: americanos, britânicos, franceses, italianos, entre outros.
Afrontar as relações diplomáticas históricas, entre as quais a própria criação do Estado de Israel que obteve o voto do Brasil em sua criação, são atitudes extremas e anti-éticas para aqueles que respeitam a diplomacia e as relações internacionais.
Caso essa situação se prolongue por mais dias, novos desdobramentos podem vir à tona, entre medidas, como sanções e bloqueios do Brasil em alguns acordos e intercâmbios com Israel e até mesmo, a convocação do Embaixador do Brasil em Tel Aviv, ou até o fim das relações diplomaticas de Brasil e Israel, na pior das situações.
Nessa última semana, brasileiros em Gaza, viraram “reféns de Israel’. O governo sionista de Benjamín Netanyahu, além de genocida, parece que passou de todos os limites e agora usa brasileiros em gaza como uma espécie de escudo para atingir a diplomacia brasileira que é dura e crítica aos ataques de Israel.
Cerca de 34 brasileiros, prontos para sair de Gaza com seus familiares, com toda a infraestrutura garantida pelo governo do Brasil, estão sendo literalmente impedidos de sair, pois Israel libera listas de estrangeiros aliados, mas impede que os brasileiros saiam.
Já foram liberadas seis listas com centenas de pessoas e os brasileiros continuam lá, nos pontos de embarque e não entram nas listas. Uma falha diplomática grave e proposital. O Governo Brasileiro já tentou de todas as formas e nada.
Para agravar essa situação, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, se reuniu ontem dentro do Congresso Brasileiro, com políticos extremistas de Direita e com o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma clara articulação golpista, antidemocrática e conspiratória.
Enquanto isso, constroem narrativas fantasiosas de policiais federais de Israel, que prenderam dois brasileiros, como se fossem membros de grupo terrorista Hezbollah, que estão recrutando pessoas para praticar atos contra mesquitas israelenses no Brasil e outras paranóias conspiratórias.
Essa é outra narrativa contra o Brasil, com uma clara fábrica de fakes, com apóio da extrema direita fascista do Brasil. É vergonhoso e sujo como, usam sabotagem e mentiras contra um governo pacifista como o brasileiro.
Claro que essas narrativas são também construçoes do Pentágono, que monitora as ações do Brasil e dos governos Latino Americanos. O governo brasileiro precisa endurecer ainda mais suas posições pois existem cidadãos brasileiros na linha de guerra e isso poderá ser um caminho sem volta, pois o sionismo optou pelo caminho do fascismo genocida.
A esperança é que não passasse de um mal entendido diplomático e que os brasileiro pudecem sair rápido e em segurança da área de conflito, mas conforme o tempo passa, a situação vai ficando fora de controle.
Na verdade, talvez o Brasil ainda seja a última esperança para o diálogo, mas se os Estados Unidos, Israel e aliados, não respeitaram a diplomacia brasileira, enquanto estava presidente rotativo do Conselho de Segurança da ONU até o final de novembro, poderemos enveredar para o pior.
Por Belarmino Mariano.
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