Uma das doenças mais antigas da humanidade, a hanseníase ainda é alvo de preconceito e desinformação. Para desmistificar o assunto, o dermatologista da Hapvida NotreDame Intermédica, Diogo Pazzini, esclarece os principais sintomas da patologia, que pode levar de dois a sete anos até que os primeiros sintomas apareçam.
“A hanseníase é uma doença infecciosa crônica causada por uma bactéria. Trata-se do bacilo chamado Mycobacterium leprae. A sua transmissão ocorre quando uma pessoa doente, sem ter iniciado o tratamento, elimina o patógeno por meio de secreções nasais, tosses ou espirros”, contextualiza.
Segundo o especialista, os sintomas podem surgir entre dois e sete anos a partir da contaminação. “Na fase inicial da doença, podem surgir lesões na pele, que causam diminuição ou ausência de sensibilidade. As formas mais graves são as que geram comprometimento neurológico, com alterações motoras e deformidades”, acrescenta.
Dados recentes do Ministério da Saúde apontaram, em 2023, 305 casos da enfermidade na Paraíba. O Brasil faz parte da lista de 23 países prioritários para a hanseníase, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Pazzini, que também é sócio titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cita que parte da população é resistente à doença e não vai desenvolvê-la mesmo estando em contato com a bactéria. Ainda assim, ele alerta para que não haja negligência com a condição.
“Caso a pessoa perceba alguns sinais, como manchas na pele esbranquiçadas ou avermelhadas, com perda de sensibilidade, associadas ou não ao formigamento nos membros, tem que procurar imediatamente um médico para ter um exame detalhado, o diagnóstico e a assistência correta”, alerta.
O tratamento é feito por meio de comprimidos ao longo de um período que varia entre seis meses e um ano. A medicação é disponibilizada pela rede pública. A intervenção precoce é fundamental, uma vez que a hanseníase afeta a pele e os nervos e a demora pode levar a sequelas incapacitantes.
Ainda conforme o especialista, logo após o início do medicamento, o paciente não transmite mais a doença e não precisa mais ficar isolado, como acontecia antigamente. Ele ressalta a importância da informação para combater estigmas e garantir o tratamento adequado.
“Ainda existe muito preconceito relacionado à hanseníase. Isso se deve, em grande parte, à falta de informação e ao estigma relacionado a conceitos arraigados na sociedade. Estamos falando de uma doença milenar, por muitos anos denominada de lepra, que afastava os doentes do convívio social, isolando-os em instituições. Isso ocorria em virtude da inexistência, à época, de medicamentos eficazes. Assim, tentavam evitar a transmissão. No entanto, hoje, nada disso faz sentido, como já expliquei na questão referente ao tratamento”, reitera.
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