Quando cairá a ficha dos que ainda enxergam em Bolsonaro uma importância que ele só faz perder desde sua derrota para Lula nas eleições de 2022, e os passos em falso que deu depois disso?
Antes também quando em pelo menos duas ocasiões planejou dar um golpe e não conseguiu, tentou comprar a reeleição gastando além do que tinha e não conseguiu, e por fim fugiu do país.
De longe, assistiu a uma tentativa amadora dos seus devotos de apear Lula do poder mal ele assumiu a presidência, e de perto, amargou a decisão da justiça que o tornou inelegível por oito anos.
Se não bastasse, está no centro do recém-descoberto escândalo de espionagem praticada pela Agência Brasileira de Inteligência (ou de Intimidação) à época em que (des)governava o país.
Ou a Abin, órgão de assessoramento do presidente da República, sob comando do seu cão de guarda, o delegado Alexandre Ramagem, seria capaz de espionar milhares de pessoas sem que Bolsonaro soubesse?
Bolsonaro confessou o crime antes de o crime começar a ser executado. Era preciso dispor de um sistema para evitar que ele, sua família e seus amigos se “fodessem”, foi o que disse e está gravado.
O sistema foi posto em ação, e sabe-se agora que bisbilhotou a vida de adversários do governo, de supostos adversários, e até de aliados que causaram ou poderiam causar incômodos a Bolsonaro.
O “Metrópoles” já revelou alguns nomes. O jornal da BAND, ontem à noite, revelou outros – entre eles, três ex-ministros de Bolsonaro, a saber:
* Abraham Weintraub, da Educação;
* Anderson Torres, da Justiça;
* e Flávia Arruda, da Secretaria de Governo.
O antecessor de Flávia também foi espionado, assim como o general e ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, Carlos Alberto dos Santos Cruz, amigo há décadas de Bolsonaro.
Santos Cruz foi um dos primeiros-ministros de Bolsonaro a ser demitido por ele. O primeiro foi Gustavo Bebianno, ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência.
A Bebianno, Carlos Bolsonaro, chefe do gabinete do ódio no Palácio do Planalto, contou que pretendia criar uma Abin paralela. Por exigência de Carlos, Bebianno e Santos Cruz acabaram desempregados.
Deputados federais que passaram a divergir do governo não escaparam à vigilância da Abin: Kim Kataguiri, Alexandre Frota e Joice Cristina Hasselmann; essa, sequer se reelegeu.
Entre os senadores, há nomes de todos os partidos: Otto Alencar, Rogério Carvalho, Omar Aziz, Humberto Costa, Alessandro Vieira, Renan Calheiros, Simone Tebet e Soraya Thronicke.
Ramagem piscou primeiro. Depois de negar que a Abin tenha espionado quem quer que seja, admitiu em entrevista que ocorreram por lá “atividades ilícitas”.
Para desviar a atenção de si e de Bolsonaro, Ramagem levantou suspeitas sobre a atuação de Paulo Maurício Fortunato, diretor de Operações da Abin ao longo de sua gestão:
“Foi na casa [de Fortunato] que foram encontrados 170 mil dólares, quase R$ 1 milhão. Fui eu que fiz toda a apuração que gerou a exoneração dele. Por que eu agora estou sendo investigado? É perseguição.”
A Polícia Federal já tem fortes indícios de que Bolsonaro seria um dos destinatários das informações do esquema de espionagem da Abin. Os relatórios da agência eram impressos e entregues a ele.
Dê-se, Bolsonaro, por satisfeito se emplacar o vice de Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo e candidato à reeleição. Mas até isso está difícil. A proximidade com Bolsonaro aumentaria a rejeição de Nunes.
metropoles
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