O Valencia vetou a entrada da Netflix ao estádio Mestalla no sábado, dia 2. Uma equipe da produção de um documentário sobre Vinícius Júnior iria ao jogo do Real Madrid na cidade de Valência para fazer imagens do brasileiro. Segundo o jornal espanhol Marca, fontes ouvidas nos bastidores da equipe da casa limitam as declarações a dizer que se trata de uma “decisão do clube”.
Normalmente o acesso de profissionais de meios de comunicação é gerido pela La Liga. Entretanto, a decisão do Valencia proíbe que a equipe da Conspiração entre no estádio.
A Conspiração é uma das principais produtoras do País e está por trás de produções dos longas “O Auto da Compadecida 2”, que estreia em dezembro nos cinemas, “Gonzaga: De Pai pra Filho”, além da série documental “Anitta: Made In Honório”, sobre a cantora de funk. No documentário sobre Vinicius Júnior, a produtora trabalha junto da Netflix.
A medida do Valencia mostra o receio do clube sobre o uso do material gravado no estádio. Casos de racismo contra o atacante brasileiro são recorrentes em jogos do Real Madrid contra o Valencia, principalmente no Mestalla. Em 2023, insultos contra Vinicius Júnior chegaram a fazer um jogo ser parado. O clube da casa, na época, expulsou permanentemente três torcedores que foram identificados fazendo gestos de macaco para o brasileiro.
A produtora tem uma equipe na Europa e há um tempo já acompanha Vinicius Júnior. Conforme o Marca, a ida a Valência também seria aproveitada para entrevistas com representantes do clube para a produção. Um pedido foi para entrevistar o atacante Hugo Duro, o que foi negado pelo Valência.
Vini Jr x Valencia
O primeiro caso de racismo de torcedores do Valencia contra Vinicius Júnior foi em 21 de maio de 2023. No dia em que Vini Jr depôs à Justiça espanhola sobre o caso, o clube contestou e alegou, em nota, que “os torcedores do Valencia não podem ser classificados como racistas”. O Valencia chegou a exigir que o jogador se retratasse.
O clube chegou a ser punido pelo Comitê de Competições da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) em razão dos ataques. O setor “Mario Kempes” do estádio Mestalla, onde ocorreu a maioria das ofensas ao brasileiro, ficou sem receber torcedores por cinco partidas. Houve ainda uma multa de 45 mil euros, cerca de R$ 241 mil. À época, a direção da equipe espanhola classificou como “injusta” as punições. Além disso, o clube acusou Rodrygo, também do Real Madrid, de mentir sobre o caso.
Em novembro do ano passado, depois da goleada do Real Madrid contra o Valencia, por 5 x 1, Vinicius Jr. ironizou as acusações de mentiroso, feitas pelo Superdeporte. O jornal atacou o brasileiro sob o argumento de que ele está prejudicando a imagem do time da cidade, depois do discurso do jovem ao vencer o Prêmio Sócrates. Antes, o veículo já havia questionado o depoimento dado pelo atacante depois das ofensas racistas proferidas contra ele por torcedores valencianos no Mestalla.
Recentemente, a Curva Nord, grupo de torcedores do Valencia, fez uma música para desafiar o atacante. A torcida, assim como a diretoria, acredita que o time sofreu uma campanha de difamação liderada pelo astro brasileiro. A canção feita pela Curva Nord fala sobre um “famoso jogador do Real Madrid” que só sabia “mentir”, o chama de “tonto” e ainda diz que “nunca foi por sua cor”. Uma das justificativas do Valencia é que o atacante era chamado de “tonto” e não “mono” (macaco, em espanhol).
Vini Jr. já foi vítima de racismo em outros estádios pela Espanha. Em outubro de 2023, um torcedor do Sevilla foi expulso pelo clube após fazer uma imitação de macaco na direção do jogador. No mesmo mês, gritos de “mono” foram ouvidos vindos da arquibancada do Barcelona. Neste ano, ofensas se repetiram em clássico com Atlético de Madrid.
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