Alguns políticos acham que o povo é burro e realizam todos os tipos de “malabarismos políticos” com as siglas partidárias.
Em Guarabira isso não era comum, pois em mais de 40 anos, as clássicas famílias no comando político de Guarabira, sempre foram confundidas com as suas legendas partidárias, inclusive os números dos partidos e suas cores tradicionais.
Todo mundo sabia que a família Paulino estava vinculada ao (P)MDB, 15, ou Vermelhão, pois as cores tinham um peso forte na imagem e nas identidades políticas partidárias, assim como os animais, tipo Jacaré, Tucano e Gato Preto para diferenciar os grupos.
A família Toscano era e acredito que ainda é dona do PSDB, 45, e sempre se destacaram com o tucano azulão, que em algum momento se misturava com o amarelo e seu grande líder Zenóbio Toscano (in memoriam), “o gato preto”.
Mas com a desidratação política do PSDB nacional, com as quatro derrotas nacionais para o PT de Lula e Dilma, e a grande articulação de Aécio Neves, Cássio Cunha Lima e outros tucanos, depois do golpe contra a presidenta Dilma, o partido deu abertura para a extrema direita e apoio ao bolsonarismo, desde então, só perdeu espaço político, provocando um rápido afastamento de algumas famílias dessa legenda, ao exemplo de do vice-presidente Alckmin (PSB) e outros, que inclusive diminuiu e muito o fundo eleitoral do PSDB e suas bancadas caíram em todos os estados, municípios e no país.
Enquanto o PT de Lula continua firme e forte aos seus 44 anos, o PSDB de Aécio Neves e Cássio teve que abandonar sua candidatura presidencial e de governadores em dezenas de Estados e as previsões para 2026 são de que o partido não atingirá a cláusula de barreira de no mínimo 11 parlamentares no Congresso Nacional e entrará para o time dos partidos naninicos. Daí vermos a debandada tucana para kegendas como o MDB, UB, PL, Podemos e outros.
Agora vamos entender o que aconteceu com MDB da Paraíba e em que isso impactou o partido em Guarabira?
Na última eleição para governador, o partido estadual rompeu com o governador João Azevedo(PSB) e fez uma aliança com o PT estadual, com uma dobradinha que envolvia Ricardo Coutinho Senador (PT) e Veneziano Vital Governador (MDB).
Mas não podemos esquecer que o senador Veneziano era do PSB e fazia parte do governo João Azevedo, que rompeu relações para ser um candidato de oposição, desagreou os grupos políticos em todo o Estado.
Que confusão danada essa, mas em Guarabira é importante entendermos que a família Paulino continuou no MDB e na base de apoio do Governador João Azevedo.
Apenas Raniery Paulino (RP), saiu do MDB, para buscar uma legenda mais compatível na disputa para Deputado Federal e principalmente por ter sido oposição a Ricardo Coutinho, o que eticamente era estranho se manter no MDB, que agora estava aliado de Ricardo Coutinho.
Mesmo sem o controle do partido, Roberto Paulino, Fátima, Roberta, outros familiares e apoiadores, continuaram filiados ao MDB, até o começo de 2024, sendo base de apoio do governador João Azevedo e com os vereadores Nal Fernandes e Ramon Menezes na oposição municipal.
A eleição de Veneziano para governador foi frustrada e, como a maior força política, do desgastado MDB paraibano, pressionou os aliados de João Azevedo a deixarem o governo ou o MDB.
Como o ex-governador Roberto Paulino não cedeu as pressões de Veneziano, com isso, o jogo político abriu brechas para que o Senador entregasse o partido para que outros grupos assumissem a legenda em Guarabira.
A política em Guarabira tem um grande peso da tradição, por isso, minha avaliação é que, a saída da família Paulino do MDB, assim como seus apoiadores, enfraqueceu completamente a legenda local.
Agora, imaginem quem são os “novos donos do MDB local”? Aqueles que sempre atacaram o partido nestes últimos 40 anos de história política.
Já os que observam a política de Guarabira, sabem que os ataques sempre foram pesados, em muitos casos até desleais, em que partidários, tratavam seus desafetos com socos, pontapés e ameaças de morte.
Em comícios e arrastões esses grupos mediam forças e em muitos casos era preciso forte aparato militar. Sem falar dos ataques diários nas duas principais rádios de Guarabira.
Já tivemos eleições em que foi preciso a justiça eleitoral acionar tropas federais para conter os ânimos dos adversários, pois beirava ao grau de inimigos políticos prontos para o front de batalha.
Entre xingamentos e brigas entre vizinhos, tiros e facadas, todos têm histórias para contar. Quando cheguei em Guarabira, estava no centro da cidade fazendo um lanche, quando de repente, chegava um arrastão do vermelhão pela avenida D. Pedro II, era algo de arrepiar. Lembro que foi em 2004, na eleição de Fátima Paulino (PMDB). Nunca tinha visto nada igual, uma fenômeno político de massas, uma apoteose política da democracia e aquele vermelhão tomava conta da avenida. Tentei fazer analogias na época, Flamengo campeão da Libertadores, o Boi Garantido de Parintins. Nada disso, era apenas a manifestação popular da democracia e a tradição política em Guarabira.
Agora , vendo essas manobras mal feitas, volto a repetir, acham que o povo é burro, que o povo não entende de política e vai bastar fazer de conta que, quem sempre foi contra e atacou aquele partido, agora está lá e que tudo mudou.
Qual a justificativa plausível de Veneziano do Rego para tal atitude política? Perseguição, por ter rompido com o governo João Azevedo e não ter conseguido êxito na disputa para governador? Ou é apenas o toma lá dá cá da política fisiologista, dos que usam os partidos apenas como fontes de recursos como o fundo eleitoral, sem dar importância aos seus eleitores?
Claro que, o grupo Paulino ao se manter no governador de João Azevedo, pode ter atrapalhado os desejos políticos presentes e futuros de Veneziano, mas o próprio se esqueceu que hoje é Senador graças ao PSB do governador João Azevedo.
Agora vamos entender quem são os novos mandatários do MDB de Guarabira. O senador Veneziano entregou a legenda do MDB ao vereador Raimundo Macedo, ex-PSDB, partido no qual passou 22 anos e agora assumiu o MDB como o partido que mais combateu em toda a sua carreira política. Como deve ser desconfortável tal situação?
O evento estava completamente vazio dos ainda filiados do MDB, contou basicamente com uma plateia tucana, além de políticos sem ligação com o MDB. Estava presente a pré-candidata à prefeita Léa Toscano (UB e ex-PSDB), o senador Efraim Morais (UB), o deputado federal Ruy Carneiro (Podemos e ex-PSDB), o prefeito Marcus Diôgo (PSDB) a deputada estadual Camila Toscano (PSDB) e alguns vereadores da situação.
Agora começamos a entender que esse União Brasil (UB), ao qual Léa se filiou é o mesmo partido bolsonarista do Efraim, Caiado, do Bivar e do Chiquinho Brazão, aquele que está preso por articular a morte de Marielle Franco e Anderson Gomes (PSOL/RJ).
Quando olhamos para os principais nomes que agora estão no raio de controle e influência do MDB local, surge a seguinte pergunta: Como irão explicar para seus tradicionais eleitores, que agora estão no vermelhão? Será que irão dizer que o partido não importa?
No mínimo, existirá um grande desconforto político de muitos eleitores de ambos os lados, pois quem conhece sabe que as disputas aqui sempre ultrapassaram o nível da rivalidade e a paixão de alguns era contagiante.
Imagine um eleitor que tinha até nojo do 15, que era “tucano ou gato preto”, agora ser forçado a “virar jacaré”, tendo que adesivar a moto e o carro com o número e a sigla que ele sempre combateu, ou usar a bandeira que até cuspia ao chão quando passava por perto de uma?
É algo como pedir a um bolsonarista para adesivar seu carro com o 13 do PT e fazer campanha para Lula.
Será que basta trocar de partido, assim como se troca de camiseta?
Olha que coisa estranha, o MDB, que em Guarabira, era oposição ao des(governo) de Marcos Diogo (PSDB), agora é da situação e o vereador Ivonaldo (Nal) Fernandes foi obrigado a deixar o partido, pois quer continuar na oposição e seu histórico partido foi completamente desconfigurado.
E os votos dos eleitores, são completamente desconsiderados, pois o partido, nas mãos de pessoas sem ideologia, segue como se fosse apenas uma legenda de aluguel?
Como ficam os filiados históricos, as famílias políticas de Guarabira que sempre viram a política e o Partido como parte identitária de suas vidas?
As “guerras de bandeiras”, as memórias fotográficas e os sentimentos de pertencer a uma cor, a uma ideologia. O sentimento de luto e de morte pairam no ar, pois a sigla foi entregue, mas será que isso representa os votos e a vontade do povo que de fato votará?
Alguns políticos brincam com a vontade dos eleitores, usam e abusam das suas vidas como se fossem bonecos ou mamulengos.
Eu conheço famílias inteiras que estão na política de Guarabira, sempre acompanhado o Vermelhão e a família Paulino, mas agora estão sabendo que o Partido lhes foi tirado por circunstâncias e interesses do Senador Veneziano, que rompeu com o governador João Azevedo, para se candidatar a governador, mais perdeu feio e João Azevedo (PSB) foi eleito no segundo turno contra o Tucano Pedro Cunha Lima.
Agora, parece meio que por vingança, Veneziano tomou o MDB dos Paulinos e entregou o partido, justamente aos seus maiores adversários.
Para o povo histórico do vermelhão e já ouvi comentários a esse respeito, isso foi uma traição política do senador para com o povo de Guarabira.
No último sábado (23/03), Veneziano Vital do Rego (MDB), de Campina Grande, que sempre foi aliado político da família Paulino, veio em Guarabira, pegou o diretório provisório do MDB local e entregou justamente para os adversários políticos do Grupo Paulino.
O quê, além das três letras (MDB), Veneziano entregou aos tucanos de Guarabira, além do empresário Deda Claudino que já havia se declarado aliado de Léa e que, nem a confiança de ser o presidente da sigla teve?
Quem será o Veneziano que veio em Guarabira para esse ato político partidário?
O Veneziano que veio em Guarabira no último dia 23/03 para descaracterizar ainda mais o MDB local é aquele que quando era Deputado Federal, votou sim no impeachment contra a Presidenta Dilma, a mesma que foi fundamental para indicar seu irmão Vital do Rego ao cargo vitalício no Tribunal de Contas da União, para depois darem apoio e sustentação ao golpista Michael Temer.
O Veneziano que esteve na Câmara de Vereadores de Guarabira para cometer mais um erro político, foi o mesmo que traiu o governador João Azevedo, quando mais precisava do seu apoio em Campina Grande e ele deixou João a ver navios e foi com a sua ganância querer lhe tomar o governo do Estado. Mas esse Vené levou uma “lapada de votos” logo no primeiro turno, inclusive com a ajuda dos tucanos aqui em Guarabira e Região.
O Veneziano é o mesmo que traiu Zé Maranhão e migrou para o PSB de Ricardo Coutinho, para garantir uma vaga no Congresso Nacional pelo Estado da Paraíba.
O Vené que entregou o MDB de Guarabira ao grupo Tucano é aquele que depois da traição histórica contra Dilma, tentou se reaproximar do PT para usar a influência e a grande popularidade de Lula para conquistar o governo da Paraíba, mas os eleitores de Lula notaram a manobra em tempo e sua derrota veio logo no primeiro turno.
Não sabemos ainda, mas os planos futuros do Senador Veneziano estão seguindo o mesmo destino do grupo Cunha Lima, que afundou completamente, deixando o PSDB paraibano aos frangalhos e seus quadros históricos como Léa Toscano e Ruy Carneiro, são exemplos dessa velha política do fisiologismo que pula do barco que “afunda sem fundos eleitorais”
Veneziano, ainda não acordou da sua derrota de 2022 e, sua ciência política tem a mesma miopia dos filhos e netos das tradicionais oligarquias nordestinas, vive a ilusão de muito jovem, ser um senador da República, que se elegeu em uma outra conjuntura, com outros atores, mas no congresso, como deputado ou senador, sempre votando leis contra a classe trabalhadora, se beneficiando das regalias de senador, pertencente a um clã que sempre teve tudo e por isso acha que pode manipular todos e todas.
Veneziano deveria escutar Caetano Veloso e Gilberto Gil, para aprender: “Do povo oprimido nas vilas, nas filas e nas favelas. Da força da grana que ergue e destrói coisas belas. Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas”.
Assim também são seus novos aliados e uma prova disso é o caos administrativo local, tudo junto e misturado, é tipo da coisa, o povão “tá vendo tudo, mas fica calado, faz de conta que tá mudo”(ditado popular).
Por: Belarmino Mariano
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