O paraibano Dannyel Delgado, de 33 anos, viralizou nas redes sociais ao expor conversas que teve com uma pessoa que tentou lhe aplicar um golpe no WhatsApp, se passando por ele. Nas mensagens divulgadas por Dannyel, que é advogado, o golpista acaba explicando como atua.
Em conversa com og1, Dannyel Delgado explicou como aconteceu a tentativa de golpe, as brincadeiras que fez com o suspeito e a conversa pelo WhatsApp em que o próprio golpista explicou como consegue ‘clonar’ os números para confundir as pessoas e aplicar o golpe. Uma postagem de Dannyel com prints das conversas na rede X (antigo Twitter) teve mais de 6 milhões de visualizações.
“Ele entrou em contato e aí eu vi que era um número estranho com a minha foto pedindo pra conversar comigo. Na verdade, dizendo que tinha mudado de número. O golpe padrão, o ‘modus operandi’ padrão desse tipo de golpe. E aí a minha primeira reação foi achar graça, De todos os contatos que ele poderia ter, ele veio falar juntamente comigo”, disse.
Nas conversas divulgadas por Dannyel, o advogado brinca com o suspeito, após receber as mensagens, revelando para o golpista que ele estava tentando se passar pela pessoa com quem ele estava falando diretamente. O advogado disse que já havia avisado a todas as pessoas próximas e que o golpista não iria conseguir tirar dinheiro de ninguém.
Advogado conseguiu informações sobre o golpe
Depois da brincadeira, no entanto, Dannyel decidiu indagar o golpista, por curiosidade, como ele conseguia achar os dados para se passar por outras pessoas. E a pessoa que tentou o golpe resolveu contar detalhes.
Nos prints, é possível notar que o suspeito envia uma foto de visualização única de uma plataforma, na qual ele denomina de ‘Painel’. Segundo ele, na plataforma “pode achar qualquer pessoa, por nome completo, CEP, telefone, WhatsApp ou qualquer coisa que seja ligada ao CPF”. Com bom humor, o advogado conseguiu extrair do golpista o ‘modus operandi’ do golpe.
“Eu perguntei ‘como é que tu consegue os contatos do WhatsApp?’ Na minha cabeça ele tinha os contatos do WhatsApp e eu não tinha logado em nenhum canto estranho, não tinha outra forma dele conseguir. Perguntei, assim, de uma forma simpática e aí ele respondeu dizendo que era uma interface chamada ‘Painel’ e que nesta interface você conseguiria ter todos os contatos relativos às pessoas. No print explica bem direitinho dizendo que você consegue pai, mãe, contatos relacionados a interface ele entrega tudo”, relatou.
Golpista revelou como é que consegue os dados das pessoas por quem se passa para aplicar golpes — Foto: Redes Sociais
A vítima na tentativa de golpe explicou que acha que pelo fato da titularidade da linha telefônica ser do próprio pai e não dele, tenha feito com que a situação inusitada ocorresse. “Talvez porque a minha linha não é da minha titularidade, a titularidade é do meu pai e aí ele pode ter achado lá no sistema dele que eu era meu pai”.
Em outro momento das conversas, o golpista explica que o serviço de acesso aos dados das pessoas é pago e que, mensalmente, desembolsa cerca de R$ 30. Além disso, o suspeito explicou também que o golpe só funciona com pessoas desconhecidas, pois com pessoas famosas seria mais arriscado para eles.
“Nunca deu ruim, só se você roubar alguém muito importante, igual Alexandre de Moraes, aí os caras vem na sede. Prenderam um camarada, um não, uns três, levaram lá pra MG (Minas Gerais), porque era povo importante, da política, estão presos até hoje”, explicou o golpista.
Golpista afirmou que plataforma na qual consegue dados sigilosos das pessoas é um serviço pago — Foto: Redes Sociais
A sutileza do golpe
Sobre o golpe em si, o suspeito conta também que “não fica enchendo o saco” de vários contatos da pessoa pela qual está tentando se passar, e sim conversa apenas com uma ou duas pessoas, como forma de não chamar atenção e fazer com que as pessoas que estão conversando com ele levantem suspeitas sobre um golpe.
“Eu não fico enchendo o saco da família toda (do contato clonado), chamo um contato, dois no máximo”, disse o criminoso.
Para encerrar a conversa entre ambos, o golpista ainda disse que “não era nada pessoal” em relação a Dannyel e que o sistema que ele usa é “bem aleatório mesmo”.
O advogado disse que com a postagem das conversas no X, ele encontrou diversos outros relatos de pessoas que se portaram da mesma forma que ele e que conseguiram saber dessa plataforma que revela dados pessoais.
“Eu percebi essa interface e colocando no X percebi que existem várias interfaces dessas, onde o cara compra seus dados e de pessoas relacionadas, onde você mora, e não tem defesa. A defesa que eu tive foi divulgar e ver se dá em alguma coisa”, disse.
Sobre a divulgação das imagens, o advogado contou que inicialmente ficou receoso sobre se deveria fazer isso ou não, com medo da exposição. Mas, ele pensou que como o golpista já tinha os dados completos dele, não havia mais nada a perder.
“Ainda fiquei com receio de expor, de colocar em rede social, mas o cara tem todos os meus dados, então o que a gente pode fazer é pelo menos alertar as pessoas. A gente está à mercê de cadastros assim, como eles conseguem esse tipo de acesso. Não aparenta ser uma coisa complexa. Infelizmente é questão de você ter acesso a pessoa que vende o acesso, e é isso, pode ser qualquer pessoa com acesso à internet capaz de fazer esse tipo de golpe”, opinou.
Dannyel conta também que após ser vítima da tentativa de golpe tentou fazer um boletim de ocorrência junto à Polícia Federal. No entanto, por dificuldades técnicas, não conseguiu realizar o procedimento.
O advogado realizou o registro na Polícia Civil, na delegacia responsável por crimes cibernéticos, além de ter enviado uma denúncia para o Ministério Público da Paraíba (MPPB).
G1
Outras Notícias
Raniery fala sobre a ida de Léa Toscano ao gabinete de Hugo Motta
Diferente do grupo de Léa, Raniery afirma que oposição está unida
Além de Deda, Raniery diz que há mais insatisfeitos no grupo de Léa Toscano