“Loja de horrores” deixava cães no escuro com fezes, sem água e comida

As lojas de bijuterias e presentes do comerciante Guozhen Zeng, de 42 anos, no centro da capital paulista, são bem iluminadas, limpas e arejadas. A imagem é um contraste com os bastidores de horror e tortura no local onde ele mantinha 26 cães, dos quais 24 da raça american bully.

O homem foi detido por maus-tratos, na tarde dessa quinta-feira (22/8), após as polícias Civil e Militar flagrarem as “sucursais do inferno”, nas palavras do delegado João Blasi, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPCC).

Após audiência de custódia, na tarde dessa sexta (23), o Tribunal de Justiça de São Paulo manteve o comerciante preso por tempo indeterminado.

Em duas lojas localizadas na República, a Polícia Civil constatou que os american bullys eram criados para serem vendidos, ilegalmente, entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.

“Privados de luz, privados de oxigênio, privados de comida e água, privados de espaço, sempre aspirando um ar miasmático [fedorento], na escuridão completa”, descreveu o delegado Blasi após se deparar com o porão e as condições nas quais os animais eram mantidos.

Além da privação do básico — os animais patinavam nas próprias fezes —, a polícia apurou que o comerciante ainda dava socos e pontapés nos cães, “pela volúpia gratuita de castigar”.

Veja resgate de cães:

Entre os cães, em sua maioria filhotes, uma fêmea prenha chamou a atenção de veterinários, que participaram do resgate da matilha. A cadela estava prestes a parir, porém seria necessária uma intervenção cirúrgica.

Frieza e ganância

Além dos 24 american bullys, a polícia localizou outros dois filhotinhos adquiridos pelo comerciante, que ele acreditou, em um primeiro momento, serem da raça dachshund, o famoso salsicha.

“Ao sabê-los vira-latas, o comerciante teria orientado as suas funcionárias para que não os alimentassem e os deixassem morrer por inanição, mesmo uma delas argumentando que lhes arrumaria adotantes”, afirmou Blasi.

Em depoimento, logo após ser preso, Guozhen Zeng negou os maus-tratos e argumentou que mantinha os animais nas lojas, “como cães de guarda”.

A defesa do comerciante não foi encontrada. O espaço segue aberto.

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