O oitavo debate entre os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado pelo Flow News na noite desta segunda-feira (23/9), terminou com o candidato do PRTB, Pablo Marçal, expulso faltando 10 segundos para o fim e o marqueteiro Duda Lima, responsável pela campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB), agredido com um soco no rosto por um assessor do influencer.
Com duas horas de duração, o debate que ocorreu no Esporte Clube Sírio, na zona sul paulistana, foi marcado por menos ataques pessoais, mais discussão de propostas e teve Nunes como principal alvo das críticas dos candidatos. No final, contudo, durante as considerações finais, Marçal, que foi o último a falar, insistiu em desrespeitar as regras do debate e atacou o atual prefeito, dizendo que ele será preso.
Apesar das advertências do jornalista Carlos Tramontina, mediador do debate, o candidato do PRTB insistiu nos ataques ao emedebista. Na terceira vez que repetiu que Nunes será preso, Marçal teve o microfone cortado e foi expulso do debate.
“No debate, ele [Marçal] se comportou como os outros. No final, como era ele o último a falar, ele iniciou com uma série de afirmações injuriosas, caluniosas, que, de acordo com regulamento, eu interrompi. Ele ficou bravo”, explicou Tramontina depois da confusão. “Na terceira vez, ele foi excluído do debate, faltando 10 segundos, conforme está na regra”, completou.
Marçal e Nunes já haviam batido boca nos bastidores, na chegada para o debate, depois que o influenciar gritou Tchutchuca do PCC para o prefeito. Depois, durante praticamente todo o debate, o encontro entre os seis candidatos mais bem colocados nas pesquisas foi mais propositivo, com menos ataques pessoais.
O evento teve dobradinhas entre Guilherme Boulos (PSol) e Tabata Amaral (PSB), que disputam votos do eleitorado de esquerda, e alfinetadas entre Marçal e José Luiz Datena (PSDB), que protagonizaram o episódio da cadeirada dada pelo tucano no influenciador, há oito dias, no debate da TV Cultura.
Ao iniciar o debate, o jornalista Carlos Tramontina, mediador do encontro, avisou que “nenhuma cadeira está parafusada, nenhuma banqueta está presa” e disse que o candidato eleito prefeito terá “problemas maiores para resolver” do que ter de se segurar ao sentar perto de um adversário. Ele se referiu ao fato de os candidatos terem sido colocados no estúdio sentados de forma muito próxima.
No entanto, as respostas foram definidas por sorteio e reduziram as chances de embates diretos entre os candidatos. Em todos os blocos que envolveram perguntas, um candidato respondia as questões e outro comentava.
O debate teve quatro blocos: no primeiro, especialistas fizeram perguntas sobre questões como segurança, saúde, educação e mobilidade; no segundo, eleitores questionaram os candidatos; no terceiro, as perguntas foram feitas por jovens internautas e no quarto, foram feitas considerações finais.
O debate Flow News foi o oitavo encontro entre os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. Participaram Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSol), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo). Em um dos debates, organizado pela revista Veja, Nunes, Boulos e Datena não compareceram.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada na última quinta-feira (19/9), Nunes aparece com 27% das intenções de voto, tecnicamente empatado com Guilherme Boulos, com 26%. Na sequência estão Pablo Marçal (19%), Tabata Amaral (8%), Datena (6%) e Marina Helena (3%).
Confusão nos bastidores
Antes de entrarem no estúdio, Marçal e Nunes discutiram. Os dois se encontraram no corredor e trocaram ofensas, com o influenciador dizendo que colocaria o prefeito na cadeia em 2025 e o chamando de “tchutchuca do PCC”, apelido dado pelo próprio Nunes a Marçal em outro debate. Já o emedebista se referiu ao adversário como “condenadinho”.
O debate estava programado para iniciar às 20h, mas atrasou mais de meia hora. Parte do atraso se deu pelo fato de que Pablo Marçal entrou com mais assessores do que o permitido dentro do estúdio.
No primeiro bloco, os candidatos fizeram aceno a um eleitorado mais jovem. Questionados sobre reinserção de egressos do sistema penitenciário no mercado de trabalho, tanto Tabata quanto Boulos falaram sobre propostas para quem está chegando ao mercado – não especificamente para o caso de ex-presidiários.
Ao falar sobre mobilidade voltada para pessoas com deficiência, Nunes disse que a cidade oferece “atividades esportivas e culturais” aos PCDs. “Tirolesas, onde você, inclusive, faz a tirolesa com a sua cadeira de rodas”, declarou ele.
Durante o intervalo entre o segundo e o terceiro bloco, a primeira-dama Regina Nunes tentou entrar no estúdio e foi barrada, já que Nunes estava acompanhado de quatro assessores. Ela discutiu com funcionários do clube e da organização, mas acabou ficando de fora.
A campanha de Nunes alega que Regina não foi barrada e que assistiu ao debate em uma sala reservada à equipe do prefeito, que é candidato à reeleição.
Datena x Marçal
No segundo bloco, Datena e Marçal foram escolhidos por sorteio para responder a uma pergunta sobre oportunidades para imigrantes, mas trocaram indiretas sobre agressões, numa alusão à cadeirada desferida pelo tucano no influenciador.
“Todos vocês, que são de outras terras, são muito bem-vindos aqui em São Paulo. Aqui, você não vai ser agredido, aqui a gente não vai perder a inteligência emocional ao tratar vocês, porque somos um só povo”, disse Marçal.
Datena respondeu: “A nossa promessa é também que você não vai receber a falsa agressão de que, por ser estrangeiro, vai sofrer xenofobia. A agressão física é deplorável, mas a agressão mentirosa é pior ainda.
No terceiro bloco, os dois voltaram a se alfinetar. Após Marçal dizer que um “assediador” não poderia se candidatar, Datena utilizou sua resposta a uma pergunta sobre empreendedorismo para dizer que foi “agredido de forma subliminar” por um “bandido”. O tucano foi advertido pela mediação pelas acusações e o influenciador ganhou um direito de resposta – o único concedido entre quatro pedidos, feitos por Nunes, Boulos e Datena.
Boulos x Marçal
Em outra troca de ofensas, Guilherme Boulos e Pablo Marçal trocaram ironias após serem escolhidos por sorteio para responder a uma pergunta sobre poluição atmosférica. Marçal falou sobre incentivos para a eletrificação das frotas de automóveis e do transporte público e passou a criticar a poluição dos rios da cidade. Boulos, por sua vez, prometeu trocar metade da frota de ônibus por veículos híbridos e fez promessas relacionadas à reciclagem.
Em sua réplica, Marçal partiu para o ataque e saiu do tema. “Boulos não vai ganhar porque ele é o único aqui que não tem chance de vencer a Prefeitura de São Paulo”, disse. “Queria até me dirigir a você, que fez essa pergunta: se alguém fizer uma invasão e a Guarda Civil Metropolitana intervir para combater isso, de que lado o Boulos vai ficar? É um conflito de interesse?”.
Marçal, que em debates anteriores acusou, sem nenhuma prova, Boulos de usar cocaína, fez uma referência indireta à acusação. Ele já foi multado pela Justiça Eleitoral por causa da acusação. “Você falou sobre poluição. A gente não aguenta mais cheirar essa poluição”, disse o ex-coach, enfatizando o verbo “cheirar”.
Boulos não tinha mais direito de falar naquela rodada de perguntas, mas, por sorteio, acabou ficando no púlpito na pergunta seguinte, que era sobre o analfabetismo.
Antes de responder à pergunta, Boulos rebateu o ex-coach: “Ô Marçal, a única coisa que vou invadir nessa campanha é a sua cabecinha vazia. E vou invadir com ideias, com propostas”. Ele finalizou a fala perguntando se, assim, Marçal não votaria nele.
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