Coco Bambu vai à Justiça contra músico que denunciou couvert artístico

A rede de restaurantes Coco Bambu se manifestou sobre as declarações do músico Tiago Soares Silva, que acusou a empresa de não repassar aos artistas o valor do couvert pago pelos clientes. O cantor reclamou, ainda, de não poder escolher a refeição no intervalo das apresentações.

Em contato com a coluna, o Coco Bambu alegou que o valor do cachê de cada artista é combinado previamente, em acordo com os músicos. E que a empresa vai “tomar as medidas cabíveis” para “proteger” seus direitos, pois estaria sendo “ameaçada” e “extorquida” por Tiago Soares Silva. Os representantes do restaurante, que tem 81 unidades no Brasil, afirmaram que os artistas podem escolher um prato executivo de forma gratuita, acompanhado de água, suco de laranja ou refrigerante.

Para chamar a atenção da casa e dos frequentadores, Tiago subiu ao palco e fez um desabafo no microfone de uma unidade do Coco Bambu no shopping Plaza Sul, em São Paulo. O relato foi gravado pelo músico e publicado em suas redes sociais na terça-feira (24/9). Ele contou que pediu à cantora que estava no local para dar uma “palhinha”.

O vídeo mostra o momento em que Tiago diz aos clientes que o valor do couvert é retido pelo restaurante e que os músicos precisam pagar por algumas refeições. “Uma coisa muito séria que eu tenho que falar. Eu era músico dessa casa. Me tiraram como músico dessa casa, sabe por quê? O couvert que vocês pagam não vai para o músico, tá?”, disse ele, observado por seguranças do estabelecimento.

“E só porque eu falei para pelo menos o músico poder escolher o prato que ele pode comer. Não, eles escolhem para a gente o que a gente tem que comer. Nem o suco que eu pedi, gente, o suco que eu pedi de morango, falaram que o músico tem que pagar. Olha que vergonha. Eu sei que provavelmente não vou cantar aqui. Só porque eu falei isso, eles cortaram. Eu tava fixo no sábado, gente. O couvert que você paga não vai para o músico, vai para a casa. Olha como a casa é rica, milionária. Olha que absurdo isso”, criticou.

A rede de restaurantes surgiu em Fortaleza (CE) em 1990 e hoje tem 81 unidades espalhadas pelo país. Em seu site, a empresa afirma que cobra couvert artístico de R$ 7,90 por pessoa do jantar de domingo ao almoço de quinta-feira, e de R$ 9,99 do jantar de quinta-feira ao almoço de domingo.

Depois da repercussão do caso, Tiago Soares publicou um complemento em suas redes sociais. O cantor disse que é vinculado a uma plataforma chamada E-Shows, pela qual são contratados os músicos que se apresentam no Coco Bambu.

“Através da E-Shows, essa empresa, que eu fui chamado para cantar no Coco Bambu, que tem parceria com eles. Aí eu fiz a reclamação, que eles não liberam todo o cardápio. Eu fiz um pedido, que eles liberassem o cardápio. Eu sou vegetariano, não como quase nada. E aí eu pedi um suco de morango, que eu estava com problema de gastrite. Eles falaram que, se eu quisesse o suco, tinha que pagar. Aí eu pedi que eles liberassem o cardápio inteiro. Eu falei isso com o gerente”, contou o músico.

“Fui embora. Passou umas duas semanas e eles me cortaram, porque eu estava fixo todo sábado no Plaza Sul, Coco Bambu Plaza Sul, e eles me cortaram. Tinha dois shows que já estavam certos na plataforma, que eles cortaram em cima da hora. Não me deram satisfação. Simplesmente, a E-Shows falou ‘olha, o Coco Bambu pediu pra trocar de músico, sinto muito’. Eu achei uma sacanagem o que fizeram comigo”, reclamou Tiago Soares.

Resposta

À coluna, representantes do Coco Bambu disseram estar sendo “ameaçados e extorquidos” por Tiago Soares e que estão tomando as medidas cabíveis contra o músico. Leia abaixo a íntegra da nota:

“Em respeito aos questionamentos e dúvidas dos nossos clientes, a rede Coco Bambu gostaria de se manifestar sobre as recentes declarações relacionadas às apresentações musicais em nossos restaurantes. Valorizamos profundamente cada artista que se apresenta em nossas unidades e temos um grande compromisso com a promoção da música ao vivo.

Com 81 unidades em todo o Brasil, somos a rede que mais gera oportunidades para músicos, oferecendo quase 60 mil apresentações por ano em nossos restaurantes. Isso inclui dias de menor movimento, como segundas, terças e quartas-feiras, pois acreditamos que toda apresentação é uma chance valiosa para os artistas se conectarem com o público, de modo a ofertar aos nossos clientes uma experiência completa, bem como de garantir aos músicos a possibilidade de expor seu trabalho e garantir novas contratações por outros clientes no futuro, sendo uma exposição positiva da música de cada um dos nossos contratados.

O cachê dos músicos é definido de forma justa, sendo previamente informado e aceito pelos artistas antes de cada apresentação. Os músicos são contratados em parceria com a Plataforma ESHOWS, o que nos ajuda a manter a transparência e o alinhamento com os padrões de mercado. Nossa meta é garantir que todos se sintam respeitados e valorizados, sendo livremente negociado com o músico, via intermediação da ESHOWS, o valor pago por cada uma de nossas unidades.

Além disso, temos o prazer de oferecer a todos os músicos que se apresentam em nosso restaurante uma refeição gratuita, com opções fartas e da mesma qualidade daquela ofertada aos nossos consumidores, de modo que os músicos podem escolher dentre as seguintes opções de prato executivo: frango, peixe, filé ou massa vegetariana, sempre acompanhadas de uma bebida, como água, suco de laranja ou refrigerante. A água filtrada e gelada está sempre disponível, proporcionando conforto durante suas apresentações.

Por fim, cabe destacar que o músico que fez o vídeo em nosso restaurante está nos ameaçando e extorquindo, já estamos adotando as medidas cabíveis para garantir a proteção de nossos direitos.

O Coco Bambu sempre esteve e continua comprometido em apoiar a cena musical e sempre abertos ao diálogo para fortalecer nossas parcerias. Agradecemos a todos os músicos e aos nossos clientes e parceiros pelo apoio.”

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