Belarmino Mariano: “Quando o poder econômico compra o poder político, quem perde são os mais pobres”

Essa máxima que intitula a reflexão que segue, vale para todo o país e para os partidos do Centrão e da Extrema Direita, pois com seu poder econômico e empresarial compram o poder político sem nenhum pudor.

Então, precisamos entender que as vezes, ao perdermos uma eleição, não se trata de uma derrota, mas da compra de uma vitória e, nunca saberemos quanto custou de fato e quem ao final serão os perdedores?

Num país em que bandidos e narcotraficantes e o abuso de poder econômico, financiam campanhas eleitorais e bancam candidatos sem serem incomodados, recebendo cobertura e apoio da grande mídia golpista e não sendo punidos pela justiça eleitoral, certamente, os mais pobres e os pobres da direita sofrerão calados, pois o voto não tem preço, mas terá consequência.

Guarabira é um retrato em miniatura desse poder econômico, contornando a democracia, desviando o jogo político do debate de ideias e mascarando projetos políticos fascistas e de extrema direita com vontade popular.

Infelizmente venceu a cidade das obras públicas abandonadas e da cidade esburacada e caótica. A cidade dos postos de saúde fechados e das escolas do campo, aos escombros, ganhou mais uma vez.

E qual a explicação para isso? O povo não sabe votar? Isso é indiferente diante da tradição das famílias politicas e seus aliados? Venceram os melhores para Guarabira? Os campeões vencerem, pois tiveram mais votos?

A explicação é bem mais simples, “quando o poder econômico compra o poder político, quem perde são os mais pobres”. Não significa que eles não tenham consciência, não é nada disso.

Na verdade, eles têm necessidades mais imediatas e urgentes. Estas carências passam por pagar dezenas de contas em atraso, por terminar de reformar uma casa, por conseguir aqueles exames e cirurgias que esperam nas filas por anos e por dinheiro vivo, pois foram viciados assim.

A gente basta chegar em uma roda de conversas e o papo é esse. “Ainda não decidi em quem votar, nenhum candidato fez uma presença”. Que presença será essa?

Em Guarabira, onde acompanhei de perto as campanhas, quero desejar os parabéns para @ranierypaulino e @draflaviaparedes, pois vocês fizeram uma caminhada linda, limpa e propositiva para mudar Guarabira.

Na política vocês tiveram o apoio do governador e tenho a certeza do apoio do governo federal e da nossa bancada federal, mas a maioria do povo de Guarabira preferiu ou optou em continuar como estava, desde os últimos 12 anos, em que esse grupo acendeu ao poder local.

Dos 36 mil votos válidos, faltaram cerca de 1.494 votos para que Raniery e Flávia fossem eleitos, pois obtiveram quase 17 mil votos. Mas as pesquisas mentirosas apontavam uma derrota com mais de 5 mil votos.

Então quem estava apostando e dando vantagens acima de 1.500 votos, perdeu feio. E olha que estavam oferecendo 4, 5 e até 6 mil votos. Logo, quem perdeu sua aposta, procure o instituto de pesquisa da prefeita para acerto de contas, pois chegaram afirmar que ela estava com 58% dos votos, contra 36% da oposição.

Além disso, foram 6.000 abstenções, 1.600 votos brancos e 1.600 votos nulos. Mais de 8 mil pessoas abriram mão de escolher o melhor para Guarabira, então são dados para reflexão futura.

Sou democrata, municipalista e republicano, mas não acredito que, em Guarabira, assim como em muitas outras cidades, tenha ocorrido uma vitória da democracia, lamentavelmente vi que as urnas não refletiram os movimentos das ruas, mas infelizmente, o silencioso movimento das madrugadas escuras, em que, apenas os cães denunciavam os movimentos estranhos e suspeitos de gatunos bem treinados.

Guarabira se afasta mais uma vez da lógica política de um país republicano, federalista e municipalista, pois ao reeleger um grupo que não quer conversa com o governo do Estado e detesta o atual presidente da República, escolher se manter isolada e refém de um poder econômico que governará para si próprio é o pior caminho.

Mesmo assim, torço por dias melhores para os guarabirenses, em especial para as pessoas que dependem de saúde pública, de escolas e creches abandonadas e fechadas ou por serviços sociais para além do que é bancado pelos governos estadual e federal.

Posso e espero estar muito enganado, mas já conheço esse filme, inclusive com os mesmos personagens. Talvez mude a trilha sonora e espero que me provem ao contrário, pois sou como São Tomé.

Por Belarmino Mariano