Eleições dos Estados Unidos é Tudo a Mesma Coisa?

Por Belarmino Mariano.

Em fevereiro de 2024, no auge do genocídio de Israel contra os Palestinos, avaliei que Trump tiraria proveito e ganharia as eleições, mesmo sabendo que os dois partidos são candidatos das guerras e parecem alimentar a única saída para o momento político Norte-americano.

Mas, Trump com toda a sua arrogância e extremismo, conseguiu convencer os eleitores que  se voltaria para as questões internas e falando contra as guerras,  “menos guerra e mais paz”, venceu as eleições com folga.

Donald Trump usou inclusive um verdadeiro arsenal de fakes news, ataques misóginos, racistas, antilatinos e imigrantes em geral e prometeu que vai acabar com os conflitos na Ucrânia e em Israel em menos de um mês. Agora veremos até onde isso será verdade!?

Se o Partido Democrata não conseguiu frear o indomável Trump e seus escandalosos extremismos de direita, quando ele tinha um governo com pouco controle político e econômico? Inaginem agora, com grande maioria em todos os cenários?

Trump chegará a Casa Branca muito mais poderoso do que havia saído, mas os problemas externos e internos dos Estados Unidos e do próprio globo, vão para além dos limites da maior potência nuclear mundial.

Os interesses do Estado Norte-americano se confunde com os interesses das grandes corporações e os negócios empresariais do liberalismo econômico do país. Por isso, foram investidos bilhões nessa disputa eleitoral.

Quanto custou as eleições nos Estados Unidos? A imprensa do pais avalia que foram gastos mais de 12 bilhões de dólares. Mas esse valor é muito maior e pode ultrapassar os cerca de 15 bilhões de dólares.

É importante dizer que Trump não foi eleito apenas pela força do ódio, da violência e das fake news. Alguns dados divulgados apontam que foram arrecadados mais de 5,5 bilhões de dólares em doações. Em reais isso ultrapassa 30 bilhões de reais. Isso é muito louco e ao que tudo indica, isso é apenas a ponta do asciberg.

De acordo com dados da BBC Brasil (07/11/2024), Trump obteve 294 delegados e Harris 223 delegados do Colégio Eleitoral com 538 representantes. O eleito precisaria de apenas 270 e uma maioria significativa. Mesmo com as contagens dos votos, ainda estejam em andamento, pois as eleições são também para governadores, Senadores e Deputados,  cargos em que o Partido Republicano também está sendo vitorioso.

Sempre lembrando que o vermelho, representa a cor do Partido Republicano e azul a cor do Partido Democrata. Dos 51 Estados, Kamala Harris poderá ficar com apenas 14, enquanto Trump caminha para vencer em 37 Estados.

Independente dos resultados finais, a eleição específica de Trump é uma “vitória da impunidade”, pois o presidente eleito, ainda responde a vários processos criminais, inclusive de incitação a golpe de Estado. Mas como presidente, poderá se autoperdoar, inclusive de crimes políticos e econômicos graves que ele cometeu desde o seu primeiro mandato.

Nem foram concluídas as contagens dos votos e várias Teorias da Conspiração já circulavam em quase todas as redes sociais do mundo. “Trump comprou as eleições e fez grande maioria no Congresso Nacional e com isso governará com grande folga, inclusive fazendo tudo o que não conseguiu em seu primeiro governo.

A outra teoria é que, na América ganhou o candidato de Putin, dos oligarcas, magnatas e da extrema direita russa. O mais comum é a insistência de que a Rússia, China e até o Irā, interferiram nas eleições dos Estados Unidos para eleger Trump. Será?!

Na verdade, não acredito em muitas mentiras propagandas em redes sociais, mas Trump parece ter ganhado fácil demais, para uma eleição que, segundo os institutos de pesquisa, era a mais disputada e apertada da história política do país.

A derrota do Partido Democrata foi em todos os campos, foi uma candidata a presidente, governadores, senadores, deputados, colégio eleitoral e com um governo Bid entremamente desgastado.

Outros avaliaram que o discurso de extrema direita de Trump, os ataques diretos contra o próprio processo eleitoral do país e o rigoroso ataque aos imigrantes, além de uma inflação crescente e declínio econômio do país, atordoaram os eleitores dos EUA. Para onde vai a democracia e o neoliberalismo, quando Trump já tinha avisado que não aceitaria derrota e agora tem maioria absoluta vinda das urnas?

Os imigrantes são para o discurso de Trump o que os judeus foram para nazifascismo de Hitler e Mussolini na Europa da Segunda Guerra Mundial. Vejam que massacrar imigrantes é uma pauta da ultra direita na Europa e nos Estados Unidos.

A vitória esmagadora de Donald Trump, na presidência, senado, câmara, colégio eleitoral, maioria dos goverbadores, supremo ultra conservador, zona rural, zona urbana e parece que os institutos de pesquisas erraram feio, pois era tudo muito apertado e ao final, as vantagens da extrema direita foi avassaladora.

Será que o Partido Democrata e o seu liberalismo clássico acabaram, assim como diziam que o PT e a esquerda havia morrido?  Essa pergunta precisa ser feita, pois a visão democrática dos EUA é de que a democracia é pautada pelo liberalismo.

Com essa eleição de Trump, estamos vivendo o caos da política, pous a extrema direita consiguiu crescer mais que o fascismo e do que o nazismo no começo do século 20? Um século depois e caminhamos para o pior dos mundos anteriores as duas grandes guerras mundiais e pós guerras.

Para onde caminha a humanidade, em um mundo permeado por guerras, tomado por crises ambientais, mudanças climáticas e neoliberalismo em crise? Caminhanhamos para o fundo do poço, independente das escolhas pouco democráticas e movidas aos bilhões de dólares. Trump apenas piora o que já piorou muito, em especial nessa última década, pois não se trata mais de direita ou esquerda.

Esse é o jogo do imperialismo capitalista e suas classes dominantes, inclua-se aí, as guerras físicas e seu grande negócio militar, as guerras fiscais e as taxas de juros para o mundo, as sansões econômicas ou embargos aos “inimigos” do sistema hegemônico.

Os frabicantes de armas, as grandes empresas de energia e combustível e o dólar, as megas empresas no topo do mundo. Esses são os reais interesses das eleições presidencial, dos Estados e Congresso Nacional, em uma “luta intestinal” entre grupos de direita e extrema direita.

Muitos olham para as eleições dos Estados Unidos e não entendem nada. Se existem cerca de 8 a 10 partidos no país e existiam mais de cinco candidatos, por quais motivos só falam em Republicanos e Democratas?

Onde estavam Chase Oliver (Partido Libertário), Jill Stein (Partido Verde), Cornel West (Independente) e Claudia De la Cruz (Partido pelo Socialismo e Libertação), os outros nomes, além do Donald Trump(Republicano) e de Kamala Harris (Democrata)?

Em alguns Estados, Jill Stein (Partido Verde), foi bem votado do que Kamala, inclusive foi duro em relação aos conflitos globais, genocídio contra os palestinos e condenou o mercado de armas. Mas esse desenho político dos Estados Unidos, não é efetivamente democrático.

Na verdade, o que temos é uma democracia controlada pelo poder econômico, onde esse poder compra os delegados que decidem indiretamente pelo povo, constroem um espetáculo de mágica midiática e alimentam todas as redes e meios de comunicação o tempo todo, como se uma eleição indireta, com dois partidos de direita estivessem disputando projetos distintos, mas ao final, se trata do mesmo projeto imperialista do capitalismo.

Para a grande mídia manipulada é como se estivessem de fato, em uma luta de vida ou de morte e até estavam, pois a extrema direita de Trump e dos ultra conservadores não reconheceriam uma potencial vitória de Kamala, pelo simples fato de ser uma mulher e negra, dentro de um mundo dominado por homens brancos, machistas e patriarcais (homem ideal americano).

Alguns estão avaliando que Trump vai atrapalhar os possíveis governantes de esquerda na América Latina, como Brasil (Lula) e governos do México, Colômbia, Chile ou Venezuela. Nesse quesito não vejo diferença entre Democratas ou Republicanos. São farinha do mesmo saco. Trump é apenas mais previsível e direto que os democratas mas controlar tudo é propósito dos dois partidas.

Agora é o momento de o Brasil acordar contra algum golpe mais acelerado e se tocar que a Venezuela precisa mais de apoio do que antes. Ampliar a aproximação com a China, Rússia e Irā são mais urgente agora.

Para os Norte-americanos tudo, para os imigrantes nada. “Arruma a mala aí que a rural vai arribar”. Uma coisa é certa, Trump foi mais esperto que o Bolsonaro, pois soube se brindar e seu patriotismo é muito mais convicente e amedrontador.

As ações da extrema direita mundial são contundentes e não estão para brincadeiras, o outro aspecto geopolítico a ser analisado é a presença do Brics+, na construção de um mundo multilateral que se choca diretamente com os interesses geoeconômicos e geopolíticos dos Estados Unidos, portando, não vai ter arrego com Trump e não teria com Kamala também.

Os negócios do grupo econômico de Trump, tem muito interesse na Rússia e aliados, então, será possível uma reaproximação e até mesmo o completo estrangulamento da Ucrânia, coisa que os russos intensificaram nesse período das eleições americanas, pois até parece que já sabiam do resultado pró Trump.

Já em Israel e no Oriente Médio, não vejo mudanças estratégicas em curto prazo. Dentro dos Estados Unidos, existem muitos interesses sionistas, assim como em Israel e na Palestina. Continuar a dominar o Oriente Médio é crucial para os EUA.

Muitos defensores da esquerda esperavam uma vitória de Kamala, pois seria uma mulher, afrodescendente e com a possibilidade de iniciar uma nova história política dos EUA. Mas basta lembrar que os Norte-Americanos são conservadores, extremistas, preconceitosos e machistas.

Isso acontece na ficção Hollywoodiana, mas na realidade, nunca deixariam uma mulher negra, ascender a Casa Branca como Presidenta do país. O espetáculo da grande mídia foi feito e até certo ponto, criou mais fantasias sobre a participação popular e o processo democrático como maior exemplo a ser seguido pelo mundo.

Mas o resultado eleitoral, parecido com o de muitos países europeus e latinos, apontam para a barbárie, para o fascismo e o nazismo escancarados, pois declaradamente, foi isso que Trump e seus apoiadores defenderam e, diante da crise internacional vivida pelo imperialismo capitalista, refletida diretamente no país, a pior das péssimas saidas foi a escolhida tanto pelo Colégio Eleitoral, que já daria a vitória ao Trump, mas para piorar, também doa cidadãos comuns.

Será que com Trump o sistema democrático liberal intervencionista irá mudar a sua órbita. Não mudará um centímetro, por isso, dizer que não muda quase nada, com a segunda eleição de Trump.

Será que o sonho americano acabou, foi tomado pelo medo, pela violência e pelo fim da democracia?  Será que a democracia, que já era rara no “país das liberdades vigiadas”, acabou de vez? Será que os bilionários das redes sociais irão dominar o mundo, elegendo seus fascistas favoritos?

O mais simples a analisar, nos dias atuais, os EUA agora tem grandes concorrentes internacionais e a geopolítica das intervenções militares e das grandes coorporações, não estão dando tão certo, como deram desde a dolarização (1944), OTAN, FMI e Banco Mundial.

O Trump precisa reinventar a América ou afundar de vez o sistema neoliberal, pois o BRICS+ estão dando adeus a hegemonia do dólar e não vai adiantar fazer embargos, sansões e guerras fiscais contra chineses ou russos, pois o mundo em que vivemos é interdependente, desigual e combinado.

Para as esquerdas mundiais um alerta, através de grandes mídias e de redes sociais manipuladas e muito bem pagas, democracia é uma palavra que perde completamente o sentido, fica amarrotada e entregue nas mãos de lunáticos perversos e violentos como o Trump, assim como já aconteceu nos grandes impérios da história humana, não como repetição exata, mas como decisão trágica da humanidade.

Se vocês acham que as coisas estão ruins para os argentinos de Milley, assim como estava para os brasileiros da época de Bolsonaro, imaginem o bilionário Elon Musk como Ministro X de Donald Trump e dos republicanos?

Por Belarmino Mariano. Imagem das redes sociais (BBC Brasil e CNN Brasil