Não sei quem vai deixar para depois, mas fui logo hoje, 25 de dezembro feriado do dia de Natal. E agora que assisti o filme, entendi a escolha dessa data especial para os cristãos.
Não sei qual será a posição da crítica, não sou crítico de cinema e se fosse seria um suspeito duplo, por ser Nordestino e daqueles apaixonados por Ariano Suassuna e por cuscuz.
Nem vou esperar que vocês se dirijam ao cinema mais próximo, pois não quero esquecer de detalhes importantes do filme. Nas minhas primeiras impressões, fiquei curioso em saber o que Ariano acharia da reinterpretação de sua obra.
Eu adorei e já digo de cara, acho que Ariano iria delirar, pois a capacidade humana em fazer arte é descomunal, e não queiram comparar o 1 com o 2, pois são coisas completamente diferentes, sobre a mesma coisa.
O texto é fenomenal, e vi minha mãe em várias passagens e dizeres, com expressões que só as mães e avós nordestinas sabem dizer.
O texto retrata o nordestino em sua melhor caricatura de João Grilo e Chicó, coisas que a literatura conta e que os diretores, tiveram a sensibilidade de expressar com riqueza de detalhes.
Um texto crítico e político engajado, com humor e acidez em que a política oligárquica ainda é a tônica do nosso país e região, como era há um século atrás.
A educação formal, a oralidade e o analfabetismo são novas tônicas e o texto é uma crítica religiosa, sem ser um ataque à fé das pessoas, pois fé é algo superior a crenças e autoridades religiosas que se aproveitam da fé popular.
A ambiguidade dual entre o bem e o mal ou deus e o diabo retratado na mesma persona, além da ideia de fêmea e macho quase que indefinidos pelo detalhe caprichoso em que o ator ou a atriz, podem ser realmente o que quiserem.
A fotografia do filme é fascinante e nos faz mergulhar em um passado da juventude literária de Ariano, com riquezas de detalhes que só vemos no teatro e na complexa cenografia de artistas da pintura expressionista.
As imagens “pós-expressionistas, de um figurativo hiper realista fantástico”, nos prende do começo ao fim, ao que de fato é, assim como o sonho das cidades do interior.
Cara, eu andei de Marinete e quando adolescente vi a riqueza imagética das décadas de 1960/70. O filme mostra as cristalizações desses lugares como o teatro faz em seus ricos cenários.
Minha mãe nasceu em Cabaceiras/PB e se a gente for lá hoje, ou em Taperoá e Coxixola ou outras “paisagens do interior”, vai conseguir ver todos os traços da plástica urbana e semiárida retratada no filme.
O desenho animado das imagens me lembrou o cinema iraniano, se misturando com o cinema indiano e coisas de Glauber Rocha na “invenção do cinema nordestino e brasileiro” das décadas de 1960/70.
Os artistas de animes, os desenhistas do realismo fantástico irão se deliciar com a plástica imagética do filme. E fiquei refletindo como conseguiram desenhar tudo isso com câmeras? Não vamos achar que tudo seja Inteligência Artificial, pois não é, e se for, que IA realista e original!!!
A trilha sonora é de arrepiar, que escolhas fenomenais de Bethânia a Chico César e para fechar o vozeirão de João Gomes. É por isso que me sinto mais suspeito do que crítico imparcial. Essa galera da música é realmente fantástica.
Sobre o elenco, com os novos atores e atrizes, sem citar nomes, achei sensacional. “Muito bom véi!”, surpreende mesmo. Como já adoro o 1, posso dizer também que adorei o 2 e olha que foi apenas a primeira vez.
Espero não influenciar ninguém, até porque não falei de nenhuma cena, situação ou roteiro do filme. O fato de ter gostado, quero dizer, adorado, não significa nada, pois só sei que foi assim.
*Por Belarmino Mariano. Imagem que alguém fez do meu celular.
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