Na contramão do amor romântico e das rimas previsíveis, o poeta Carlos Isaac Moreira escreve com o sangue das emoções mais cruas. Seus versos tocam o íntimo de quem já amou demais, perdeu, ou simplesmente se viu confrontado com os labirintos do sentir.
Nascido em 3 de outubro de 1966, mas registrado oficialmente no dia 14 do mesmo mês, Carlos veio ao mundo na capital paraibana, João Pessoa, mas considera Itapororoca — a cidade de suas primeiras memórias — como seu verdadeiro berço. “É a minha cidade-útero”, diz ele, com a mesma intensidade que imprime em seus sonetos.
Pai de quatro filhos, Carlos afirma que sua maior poesia é a família que construiu. Ainda assim, há versos que não se calam, principalmente aqueles que dialogam com a dor e a dúvida. Seu soneto “Indecisão” é exemplo disso — um espelho da alma que hesita entre a lembrança e o abandono, entre a nostalgia e a lucidez.
“Versos? Não mais os farei sobre o amor,
Esse intragável sentimento que me toma,
Que mesmo vivo, me faz sentir em coma,
Talvez por isso teima em rimar com dor.”
Numa breve conversa com o Portal Mídia, Carlos falou sobre a construção de sua poesia, a relação com o tempo, e as feridas que ainda viram verso.
ENTREVISTA COM CARLOS ISAAC MOREIRA
Calvin Santana: Carlos, seus poemas são marcados por uma forte carga emocional. De onde vêm esses sentimentos tão intensos?
Carlos Isaac: Vêm da vida, das perdas, dos amores mal resolvidos e das reflexões que o tempo me trouxe. Acho que a dor, por vezes, é a musa mais persistente. Ela cobra e inspira ao mesmo tempo.
Calvin Santana: O soneto “Indecisão” fala sobre encontros e desencontros. É baseado em vivências reais?
Carlos Isaac: Totalmente. Cada verso ali é um pedaço de mim e de alguém que já passou pela minha história. Nem sempre escrevo para curar, às vezes escrevo para não esquecer.
Calvin Santana: Como é para você conciliar a vida familiar com essa alma poética inquieta?
Carlos Isaac: A poesia é parte do que sou, mas meus filhos são o que me ancora. Eles me fazem querer ser melhor, até na forma de escrever. São meu poema mais bonito.
Calvin Santana: E hoje, o amor ainda rima com dor?
Carlos Isaac: Rima, sim. Mas de uma dor que já se acostumou a ser memória. Talvez um dia eu escreva um soneto onde amor rime com paz — quem sabe?
Carlos Isaac é desses poetas que não fazem versos para agradar, mas para existir. Em tempos em que tudo é tão raso, ele se aprofunda. E ao fazer isso, convida o leitor a mergulhar também.
📖 “Quando o vento varrer toda poeira / Talvez nos encontremos novamente…”
Quem nunca?
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📸 Para conhecer mais sobre o trabalho poético de Carlos Isaac, você acompanhar pelo instagram: @carlosisaacmoreira
Reportagem: Calvin Santana
Edição: João Paulo
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