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Visibilidade Lésbica: números que revelam luta, resistência e desafios no Brasil

Agosto é marcado pelo Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto. A data, criada a partir do 1º Seminário Nacional de Lésbicas em 1996, busca dar voz a um grupo que ainda enfrenta apagamento social, cultural e político. Mas, para além das celebrações, os números mostram que a luta pela visibilidade lésbica é urgente e necessária.

Quem são as lésbicas no Brasil?

O IBGE (2023) registrou que apenas 0,9% das mulheres brasileiras se identificam como lésbicas e 0,8% como bissexuais. Pesquisadoras e ativistas afirmam que esses números são subestimados, já que muitas mulheres não se sentem seguras para declarar sua orientação sexual.

Para preencher essa lacuna, coletivos como a Liga Brasileira de Lésbicas (LBL) e o Coturno de Vênus organizaram o Lesbocenso Nacional (2021-2022), trazendo dados inéditos sobre educação, saúde, trabalho e vivências das mulheres lésbicas.

Violência: o peso da lesbofobia

Os números do Lesbocenso revelam uma realidade alarmante: 78,6% das mulheres lésbicas já sofreram algum tipo de lesbofobia. Em quase um terço dos casos (29,3%), as agressões vieram da própria família.

A violência, no entanto, não para por aí. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mostram que os casos registrados contra lésbicas aumentaram 50% entre 2015 e 2022, saltando de 1.721 para 3.478 notificações.

Entre as violências mais graves, está o chamado “estupro corretivo”, que representa 74% dos casos de violência sexual relatados por lésbicas. A ideia criminosa por trás dessa prática é “corrigir” a orientação sexual da vítima.

Na saúde, barreiras e constrangimento

Outro dado preocupante vem do campo da saúde. O Lesbocenso mostrou que 72,9% das lésbicas se sentiram constrangidas ao revelar sua orientação sexual em atendimentos médicos.

Além disso, 25% relataram ter sofrido discriminação em consultas ginecológicas. Ativistas e especialistas em saúde coletiva alertam que a heteronormatividade ainda guia a conduta de muitos profissionais, que ignoram práticas sexuais entre mulheres e falham no acolhimento adequado.

Lesbocídio: quando o ódio leva à morte

O Dossiê sobre Lesbocídio, elaborado pelo Grupo Gay da Bahia, documentou 135 mortes de lésbicas no Brasil entre 1983 e 2013. Já entre 2016 e 2017, houve um aumento de 80% nas mortes, passando de 30 para 54 casos.

Estudos recentes também mostram que, diferentemente do feminicídio contra mulheres heterossexuais, os assassinatos de lésbicas muitas vezes são cometidos por desconhecidos (36%) ou até por familiares (34%), evidenciando um padrão de violência específico.

Visibilidade: mais que um direito, uma necessidade

Se por um lado os números escancaram as violências, por outro revelam a importância da visibilidade como ferramenta de luta. O chamado “apagamento lésbico” é uma realidade: nas artes, na mídia e na publicidade, personagens lésbicas ainda são raros ou distorcidos.

Nas redes sociais, relatos se repetem:

“Consigo citar vários filmes com protagonistas gays e apenas três com lésbicas.”
“A gente é tão poucas que não conseguimos ser ouvidas direito.”

Esses depoimentos refletem a solidão de muitas mulheres que não encontram referências positivas em suas trajetórias.

Por que dar visibilidade importa?

  • Pesquisas específicas: garantir que lésbicas sejam reconhecidas de forma diferenciada em censos e estatísticas oficiais.
  • Políticas públicas: criar leis que tipifiquem o lesbocídio e reforcem medidas de proteção.
  • Saúde inclusiva: treinar profissionais para acolher lésbicas sem preconceito ou constrangimento.
  • Cultura e mídia: ampliar representações positivas e reais da vivência lésbica.
  • Redes de apoio: fortalecer coletivos e espaços seguros para mulheres lésbicas.

 

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Um chamado coletivo

A luta por visibilidade lésbica não se restringe ao dia 29 de agosto. É um compromisso diário pela vida, dignidade e cidadania de milhares de mulheres que, mesmo diante da invisibilidade e da violência, seguem resistindo e construindo caminhos de liberdade.

Como reforçam as ativistas: dar visibilidade às lésbicas é garantir que todas as mulheres tenham seus direitos reconhecidos.


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