Para os padrões de Bolsonaro, seu primeiro 7 de setembro como presidente em 2019 até que foi ameno. Ele exaltou as cores verde e amarelo e deu uma cutucada no presidente francês Emmanuel Macron que havia cobrado uma floresta amazônica de pé.
O segundo, no auge da pandemia da Covid-19, limitou-se a uma parada militar. Mesmo assim, em pronunciamento que foi ao ar na televisão e no rádio, ele elogiou o golpe militar de 64 “quando a sombra do comunismo ameaçava milhões de brasileiros”.
O terceiro 7 de setembro, em 2021, foi inesquecível. Meses antes, Lula fora solto por decisão do Supremo Tribunal Federal. Em São Paulo, Bolsonaro chamou de “canalha” o ministro Alexandre de Moraes e disse que não mais respeitaria suas ordens.
O quarto e último 7 de setembro serviu de palanque para que Bolsonaro, candidato à reeleição, promovesse comícios em Brasília e no Rio, tendo como pano de fundo manobras militares. Ele liderou o coro que gritava “imbrochável, imbrochável”.
Dali a menos de 30 dias, o “imbrochável” negou fogo, sendo derrotado por Lula no primeiro turno. E voltou a negar ao ser derrotado no segundo. Bem que tentou dar um golpe. Sem apoio militar, brochou de vez e fugiu do país com medo de ser preso.
O primeiro 7 de setembro de Lula presidente explodiu como uma bomba no colo de Bolsonaro: tão logo terminou uma modorrenta parada militar em Brasília, circulou a notícia de que o tenente-coronel Mauro Cid está pronto para contar tudo o que sabe.
Não será sobre as joias milionárias surrupiadas por Bolsonaro ao Estado brasileiro, vendidas no exterior e recompradas para esconder o crime cometido. Nem sobre a falsificação de cartões de vacinação para que ele pudesse circular nos Estados Unidos.
Sobre as joias e os falsos cartões, o ex-ajudante-de-ordem de Bolsonaro já depôs por mais de 24 horas à Polícia Federal. O que contou, contado está. Foi uma confissão. Ele se propõe a revelar outras coisas sobre as quais não falou ainda.
Na quarta-feira (6), acompanhado por seu advogado, Mauro Cid foi ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes para dizer que quer fechar um acordo de delação premiada. Moraes ficou de pensar no caso dele. A Polícia Federal é a favor do acordo.
Os próximos serão dias de barata voa para Bolsonaro e os seus devotos. Somente Bolsonaro pode avaliar o tamanho do estrago em sua imagem se de fato Mauro Cid, em troca de uma pena branda, comece a cantar como um Pintassilgo ou um Curió campeão.
Os comandantes militares querem mais é que Mauro Cid cante. Assim, segundo o ministro José Múcio Monteiro, da Defesa, as culpas serão individualizadas e o manto da suspeição deixará de cobrir as Forças Armadas. Quem errou que pague por seus erros.
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