Médico sobrevivente de ataque no Rio é transferido para São Paulo

O médico Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, foi transferido para um hospital particular de São Paulo na tarde desta segunda-feira (9/10), a pedido da família do profissional de saúde.

Daniel é o único sobrevivente do ataque a tiros que matou três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no começo da madrugada da última quinta-feira (5/10).

Em nota, o Hospital Samaritano Barra, onde o médico estava internado, disse que ele vai seguir o tratamento para reabilitação na capital paulista. Para ser transferido, Daniel passou por uma nova avaliação da cirurgia, incluindo a fixação definitiva do fêmur.

“O Hospital Samaritano Barra, da rede Americas, informa que o médico Daniel Sonnewend Proença acaba de ser transferido para um hospital em São Paulo, para continuidade da reabilitação e tratamentos posteriores. Todos os procedimentos realizados com relação às revisões cirúrgicas e a fixação definitiva do fêmur foram avaliados e estabilizados para que o processo da transferência fosse realizado em segurança atendendo ao pedido da família, quanto ao retorno para a capital paulista”.

Daniel foi atingido por 14 tiros. Ele foi atendido inicialmente no Hospital Lourenço Jorge – onde passou por uma cirurgia nas pernas – , e depois transferido para o Hospital Samaritano, da rede Americas.

O médico sofreu fraturas nos membros superiores e inferiores, e houve perfuração intestinal, mas o quadro está estável. Ele não corre risco de morte.

O crime

O assassinato dos médicos Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos, Perseu Ribeiro de Almeida, 33, e Diego Ralf Bonfim, 35, chocou o Brasil, mobilizou policiais de dois estados, além da Polícia Federal, e provocou a manifestação das principais autoridades do país.

Junto com o amigo Daniel Sonnewend Proença, de 33 anos — que também foi baleado, mas sobreviveu — os três médicos estavam no Rio de Janeiro para participar de um congresso internacional.

O grupo estava hospedado no Hotel Windsor e fazia uma pequena confraternização em um quiosque em frente ao local, na Avenida Lúcio Costa, Barra da Tijuca, quando foi atacado.

Segundo testemunhas, os amigos já tinham pago a conta e se preparavam para deixar o local. As câmeras de segurança registraram, à 0h59, a chegada de um carro, que parou na faixa de pedestres.

Do veículo, saíram três homens. Sem dizer nada, eles sacaram pistolas 9 mm e dispararam contra os médicos. Segundo a polícia, as vítimas foram alvo de ao menos 33 tiros (veja abaixo). Eles fugiram em seguida. A ação criminosa durou 25 segundos.

Quem são as vítimas

Marcos de Andrade Corsato, que faria 63 anos na semana que vem, era diretor do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ele morreu na hora.

Em nota, o Sírio-Libanês informou que Corsato era membro valoroso e dedicado do corpo clínico. “Sua partida repentina deixa um vazio imensurável em nossa instituição e na comunidade médica como um todo”, ressaltou, estendendo as condolências aos familiares das outras vítimas.

Diego Bonfim era especialista em reconstrução óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina. Ele era irmão da deputada federal Sâmia Bonfim (PSol-SP).

Diego também era médico da Rede D’Or em São Paulo, onde realizava atendimentos de reconstrução e alongamento ósseo, além de cirurgias de pé e tornozelo. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu no Hospital Lourenço Jorge.

Já Perseu visitava o Rio de Janeiro pela primeira vez. Ele morava no interior da Bahia, era casado e pai de duas crianças, com 11 e três anos de idade. Dois dias antes do crime, ele completou 33 anos.

Segundo a irmã de Perseu, Laís Ribeiro Almeida, ele era dedicado à família e à profissão. “Ele sempre se dedicou muito à carreira dele de médico. Sempre buscou estudar e fazer tudo com muita excelência”, afirmou.

Investigação

A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) segue a linha de investigação de que o médico Perseu Ribeiro de Almeida teria sido confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado como chefe da milícia de Rio das Pedras.

O ataque foi próximo a um quiosque na altura do Posto 4, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. As testemunhas viram um grupo sair de um carro e atirar contra os médicos.

Suspeitos encontrados mortos

Três dos quatro suspeitos de serem os executores dos médicos mortos no Rio de Janeiro teriam sido julgados por um “tribunal do crime” e executados por traficantes da facção Comando Vermelho (CV). A decisão teria sido tomada por meio de uma videoconferência feita de dentro do presídio Bangu 3, de acordo com informações do portal g1.

Os chefes do CV estariam irritados pelas mortes dos inocentes, que eram ortopedistas e foram ao Rio para um Congresso sobre técnicas da profissão. O “engano” teria selado o destino dos executores.

Após a decisão dos chefes do CV, uma reunião do “tribunal do crime” teria sido realizada no bairro da Penha para tratar da tortura e das mortes dos assassinos dos médicos.

O grupo responsável pela execução dos médicos era parte da conhecida “Equipe Sombra”, também investigada pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ).

Dois dos quatro corpos suspeitos pela execução dos três médicos foram identificados. Os corpos seriam de Philip Motta e Ryan Nunes de Almeida.

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