Vamos com calma! Suas metas não devem “ter”, elas precisam “ser”!

Todos temos metas e fazemos de tudo – ou quase tudo – para alcança-las. Tudo bem que, muitas vezes, a procrastinação é mais forte e acabamos deixando de lado metas que deveriam ser mais importantes do que parecem.

Outras são tão superficiais que conseguimos atingi-las tão rapidamente que nem lembramos que eram metas. A pressa para atingir metas em sua vida não pode ser parecida com a pressa que os operadores de telemarketing têm para te vender aquele pacote de internet no celular e que você sempre tenta arrumar
uma desculpa para dizer “não”. Eles têm um prazo definido, você não! Quando falamos em metas, pensamos em objetivos de vida. Mais dinheiro, fazer viagens, um emprego novo, um carro 0km…. tudo gira em torno
do “ter” e esquecemos do “ser”. Certo, não posso ser injusto! Algumas vezes pensamos no “ser”. O problema é que colocamos o “ser” em segundo plano, como se ele servisse para aliviar a nossa culpa consumista. Não tem problema traçar metas para o “ter”, pelo contrário, é fundamental também. Mas o “ser” precisa da mesma relevância.

Quando vemos um meme na internet sobre metas, é muito comum um contexto financeiro como cenário da frustração evidente. Você pode estar se perguntando sobre as metas que envolvem perder uns “quilinhos” ou conseguir aquele “tanquinho” de academia que muitos almejam. Elas são importantes, desde que não sejam metas do “ter”, mas do “ser”. A internet tem muita força quando se trata das nossas metas. Fundamentamos nossos desejos a partir daquilo que imaginamos como ideal para a nossa vida. A grande questão é que nem sempre consideramos o que somos para definir as nossas próprias metas. Nos espelhamos em ideais de outros e isso nos frustra, lógico, pois não podemos viver a vida de outra pessoa.

Certo que a nossa sociedade é pautada nas aparências. É como se não importasse o que somos, mas o que temos. Desde quando nascemos, são estabelecidos “padrões” para nossas metas. Temos que atender a uma série de requisitos para sermos “crianças normais”. Nossas metas são condicionadas pelo nosso contexto e nos tornamos dependentes disso de uma forma que não conseguimos mais traçar nossas próprias metas sem precisar da aprovação social. Deixamos de lado o que queremos “ser” para viver no eterno “ter”. Não termine essa leitura em estado depressivo, mas em estado reflexivo. O ano de 2023 está em seu último mês e muitas das suas metas podem estar pendentes. É muito natural, não se preocupe, somos seres humanos. Nossas metas nunca acabam. Somos uma constante de desejos e sentimentos que estão a pleno vapor durante toda nossa vida. Por isso, tranquilize-se, suas metas nunca chegarão ao fim. Elas fazem parte de você, do seu cognitivo, da sua essência. Mas preocupe-se em construir metas do “ser” e não do “ter”. Você deve estar se perguntando, mais uma vez, como fazer isso e já estou feliz em saber disso.

Evoluímos quando saímos da nossa zona de conforto. Quando buscamos crescer e aprimorar quem somos. Se você sente que suas metas não fazem muito sentido ou que elas parecem inatingíveis, é sinal de que elas foram baseadas no “ter” e não no “ser”. Não desejo que você reescreva todas as suas metas e nem estou dizendo que elas não servem. Não se trata do que eu acho ou do que os outros pensam, mas do que você quer para você! “Ser” é traçar metas que te façam feliz não porque existe uma pressão social para que sejamos
felizes, mas porque precisamos “ser” quem, de fato, nós somos. Te convido a refletir: suas metas foram/são/serão do “ser” ou do “ter”?

 

Psi. Francisco Almeida

Psicólogo Clínico
CRP13 / 10638
Pós-graduado em Neuropsicologia Clínica e em Saúde Mental, Psicopatologia e
Atenção Psicossocial