Crítica: filme de Bob Marley mostra impacto global do ícone do reggae

Figura imortalizada na história da música, Bob Marley é tema de mais uma produção audiovisual: Bob Marley – One Love estreia, nesta segunda-feira (12/2), no mês em que o músico completaria 79 anos.

Sob direção Reinaldo Marcus Green e produção-executiva de nomes de peso como Brad Pitt, o longa apresenta um recorte específico da vida do lendário músico, conhecido por sua influência global ao popularizar o reggae e por sua ousada defesa de questões sociais, políticas e espirituais, em prol da paz e da unidade.

Contrariando a narrativa cronológica convencional, o enredo começa com um evento marcante em 1976, quando Marley sofre um atentado após anunciar um show pela paz em meio a uma Jamaica assolada por tensões políticas e sociais, e segue até a descoberta do câncer e do lançamento de canções como Redemption Song, última faixa do nono álbum de Bob e do The Walers, Uprising.

Costurada a isso está uma narrativa que permite ao espectador compreender um pouco do contexto de vida de Marley, com uma série de flashbacks e recursos que revelam parte de sua jornada, do abandono paterno ao estrelato mundial.

Essa escolha narrativa revela-se perspicaz ao manter o ritmo e evitar os clichês de uma abordagem cansativa e superficial. Apesar disso, Bob Marley: One Love falha em transmitir com clareza a profundidade de sua mensagem para o público.

Kingsley Ben-Adir (Barbie) entrega uma performance sólida como Bob Marley, embora sua atuação, por vezes, pareça desconectada da aura única do músico jamaicano. Para além de interpretar Bob, o ator também o dubla nos números musicais.

Um ponto alto ocorre nos momentos em que Kingsley Ben-Adir e Lashana Lynch (A Mulher Rei), intérprete de Rita Marley, esposa de Marley, atuam juntos. As cenas adicionam uma camada emocional crucial à narrativa, destacando o papel essencial de Rita na ascensão do marido.

Também se destacam os raros momentos em que podemos ver o ator Aston Barrett Jr. intepretar o pai, o baixista Aston “Family Man” Barrett, que faleceu há poucos dias do lançamento do longa, devido a problemas de saúde.

As cenas que exploram o aspecto religioso de Marley, bem como sua relação com a fé rastafári e o uso da cannabis, também são tratadas com sensibilidade e com a devida proporção, enriquecendo a compreensão do espectador sobre a complexidade do músico.

Com aspectos positivos e negativos, Bob Marley: One Love oferece um retrato coeso do ícone da música reggae e uma síntese de sua influência global. Embora não alcance totalmente a grandeza de Marley, o filme ainda é uma experiência que vale a pena para os fãs do músico e que promete emocionar quem sempre quis ouvir a voz do astro com qualidade de cinema.

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