A herança de Mário Jorge Lobo Zagallo tomou um rumo, encaminhado pela Justiça do Rio. O quatro vezes campeão do mundo com a Seleção Brasileira havia priorizado o filho caçula, Mário Cesar, no testamento deixado antes de morrer.
O motivo foi justificado pelo Velho Lobo no texto de transmissão do patrimônio. Segundo o treinador, ele teve uma “profunda decepção” com os outros três herdeiros.
Paulo Jorge, Maria Emília e Maria Cristina ficaram insatisfeitos com a decisão e questionam a divisão dos bens. Eles negam que tenham abandonado o pai, como diz o caçula. A herança é estimada em R$ 15 milhões.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro definiu Mário Cesar como inventariante. A decisão partiu da 1ª Vara da Família da Regional da Barra da Tijuca. A informação é do portal Notícias da TV.
O ídolo do futebol cortou relações com os demais filhos há sete anos, segundo o próprio Mário Cesar. “Eles (os irmãos) estão querendo aparecer após sete anos. Fui eu quem cuidou do meu pai esse tempo todo”, disse. “Tem um documento assinado pelo meu pai dizendo que não queria a visita deles nas internações”, comentou Mário Cesar ao Estadão no fim de janeiro. Procurado pela reportagem, os outros filhos não se manifestaram.
A legislação obriga que ao menos 50% da herança seja partilhada entre todos os filhos. Metade dos bens foi dividida entre os três, totalizando 12,5% para cada um. Assim, Mário Cesar tem direito a 62,5% dos bens deixados por Zagallo.
O caçula também cita uma entrevista do próprio Zagallo, concedida ao jornalista Benjamin Back, sobre o seu testamento.
“Tenho quatro filhos, mas o único que está se dedicando a mim neste fim de vida é o Mário César Zagallo. Melhor dizendo, Mário Jorge Lobo Zagallo é o pai do Mário César Zagallo, é ele que é meu braço direito, ele faz tudo para mim. Não fosse ele, eu não sei o que poderia acontecer. Minha vida toda está entregue a ele”, disse Zagallo na ocasião.
Processo
Os outros três filhos do Velho Lobo abriram um processo para anular o inventário da mulher de Zagallo, Alcina de Castro Zagallo, morta em 2012.
Quando o processo do inventário de Alcina foi aberto, os três filhos concordaram em deixar o pai como administrador dos bens e abriram mão da herança. Quatro anos depois da morte, eles mudaram de ideia e acusaram Zagallo de omitir a existência do testamento. Eles não conseguiram a anulação na época.
O trio acusa o caçula de restringir acesso deles a Zagallo. Segundo nota da advogada Anelisa Teixeira, representante dos três filhos mais velhos, Mário Cezar teria “induzido Zagallo a acreditar que teria sido abandonado”.
Na sexta-feira (23/2), em nova nota, eles negam “qualquer briga por herança”. “O processo de inventário, que trata da sucessão de bens do falecido, encontra-se em fase inicial, tendo apenas sido deferida a inventariança a Mário Cesar”, diz o texto.
A nota reitera que isso está em conformidade com a vontade de Zagallo no testamento. A função de inventariante é comparada pela advogada o síndico de um condomínio, “não sendo mérito ou demérito de qualquer um dos herdeiros, tratando apenas de ato formal”.
No texto divulgado no fim de janeiro, a advogada menciona também que os três clientes observaram movimentação milionária e saques em contas bancárias de Zagallo, incluindo doações ao caçula.
“Diante dessas circunstâncias, os herdeiros estão atualmente buscando a tutela do judiciário para resguardar e assegurar seus legítimos direitos perante essa situação delicada”, dizia a nota.
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