Nutricionista relata complicações após preenchimento labial: ‘poderia não estar aqui’

A nutricionista Bárbara Martiniano, de 27 anos, utilizou as redes sociais para compartilhar o relato de um preenchimento labial mal sucedido, que fez em dezembro de 2023, em João PessoaEla teve uma reação alérgica grave.

“Se eu não tivesse procurado ajuda, eu poderia ter morrido porque poderia ter dado um edema de glote, fechado minhas vias respiratórias e eu poderia não estar aqui”, disse.

 

O vídeo em que ela fala sobre o procedimento mal sucedido teve milhares de visualizações e interações nas redes sociais. Nele, ela faz um alerta para determinados cuidados que, quando ausentes, podem transformar procedimentos aparentemente simples em verdadeiros pesadelos.

Em entrevista à TV Cabo Branco, Bárbara Martiniano relatou que há algum tempo tinha o desejo de fazer o procedimento, até que em uma tarde, caminhando por um famoso shopping da capital paraibana, viu um anúncio em uma clínica e decidiu entrar para agendar o procedimento. “Era mais ou menos 15h, e eles disseram que eu poderia agendar para a noite”.

Algumas horas depois, a nutricionista retornou à clínica para a realização do procedimento. Ela disse que chegou a pesquisar o nome do ácido hialurônico que seria utilizado, mas que não havia recebido outras informações e não passou por nenhum processo de anamnese, que consiste na coleta do histórico do paciente. O contrato de consentimento só foi entregue na saída, depois da realização.

“Quando eu saí da sala me deram um contrato de consentimento. Nele tinha que poderia ter algumas complicações, mas recebi só após sair da sala”.

Início das dores

 

No dia seguinte ao preenchimento, dores se intensificaram — Foto: Arquivo pessoal/Bárbara Martiniano

No dia seguinte ao preenchimento, dores se intensificaram — Foto: Arquivo pessoal/Bárbara Martiniano

Após o procedimento, Bárbara Martiniano saiu do shopping e foi para casa sem dor. No dia seguinte, porém, começou a sentir muitas dores. Ao entrar em contato com a clínica, foi orientada a ir novamente ao estabelecimento para uma avaliação.

Na clínica, Bárbara foi atendida por outro profissional, pois a cirurgiã-dentista que fez o procedimento não estava trabalhando naquele momento. O profissional, que também era cirurgião-dentista, disse que a dor era apenas uma questão da paciente ter uma maior sensibilidade e garantiu que não havia nada de errado com ela.

“Ele só falou assim ‘isso que você está sentindo é porque você tem mais sensibilidade para a dor’. Quando eu vi ele sem nem tocar em mim, sem nem fazer um exame, falando que estava tudo bem, eu pensei: não, o que está acontecendo comigo é algo hipercomum, não tem nenhum problema, porque senão ele iria investigar alguma coisa”.

Como era véspera de Natal, Bárbara Martiniano se tranquilizou com a resposta e voltou para casa. No entanto, as dores persistiram e a nutricionista entrou em contato com uma amiga que trabalha na área de harmonização facial. Ela foi orientada a fazer um autoexame de retorno sanguíneo na região, para verificar possíveis casos de obstrução de vasos.

Ao observar o autoexame, a profissional advertiu Bárbara a retornar urgentemente à clínica, o que ela fez. Foi então que a cirurgiã-dentista que havia feito o preenchimento anunciou que aplicaria uma enzima para a retirada do ácido hialurônico.

Reação alérgica

 

Ao retirar o ácido hialurônico de preenchimento, Bárbara Martiniano apresentou reação alérgica grave — Foto: Arquivo pessoal/Bárbara Martiniano

Ao retirar o ácido hialurônico de preenchimento, Bárbara Martiniano apresentou reação alérgica grave — Foto: Arquivo pessoal/Bárbara Martiniano

A situação parecia que estava chegando ao fim, mas Bárbara Martiniano não sabia que poderia ser alérgica à enzima utilizada para retirar o ácido.

“Ela falou para mim que ia tirar o ácido hialurônico com a enzima que degrada esse ácido, só que eu não sabia que essa enzima é muito alergênica, a maioria das pessoas têm alergia. Eu não sabia disso, e nem ela tinha me contado”.

 

Logo na retirada, os lábios de Bárbara começaram a inchar muito. A cirurgiã buscou tranquilizá-la, dizendo que era apenas por causa da pressão que estava fazendo para eliminar o ácido.

Ao sair do shopping, já de máscara, pois estava com vergonha do inchaço em seus lábios, Bárbara Martiniano recebeu uma mensagem da profissional orientando que ela tomasse um antialérgico, mas a dosagem não foi informada.

Em seguida, a nutricionista começou a passar mal e o inchaço da boca tinha aumentado. Preocupada, ela enviou fotos para colegas médicos que recomendaram ir a um hospital.

Quando chegou ao hospital, Bárbara confirmou que estava passando por uma reação alérgica e precisou tomar adrenalina. “Fui para o hospital, passei o dia lá no hospital, tomei algumas injeções, inclusive a adrenalina, que traz muitas reações adversas”.

Somente no dia seguinte após ter tomado adrenalina, os lábios de Bárbara Martiniano começaram a desinchar. A nutricionista ainda passou por um processo de ressecamento da boca, mas no momento está recuperada.

Sobre a repercussão do relato, Bárbara Martiniano afirma que apesar de ter lido muitos comentários desagradáveis, ficou satisfeita por saber que a publicação fez um alerta, inclusive para profissionais da área que interagiram na discussão.

“Teve muito hate, teve gente falando que queria até que acontecesse o pior comigo. Eu vi muita coisa na internet que eu não queria ter visto e essa é a parte que deixou com medo. Mas a outra parte eu estou super tranquila porque acho que contribuiu demais”.

Cuidado ao escolher profissionais para procedimentos estéticos

 

Dermatologista explica cuidados ao fazer procedimentos  como preenchimento labial — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Dermatologista explica cuidados ao fazer procedimentos como preenchimento labial — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

A dermatologista Ismaelli Veras orienta que é fundamental que o profissional responsável por procedimentos estéticos, como o preenchimento labial, tenha o conhecimento técnico para tratar alguma complicação caso aconteça.

Apesar de ter casos em que esse procedimento é contra-indicado, como gestantes, pessoas com lúpus e pacientes oncológicos, qualquer pessoa pode precisar de algum atendimento especial após fazer um preenchimento.

No caso das alergias, é crucial que sejam diagnosticadas rapidamente para que o paciente não evolua para um quadro mais grave.

“Tem que ter esse conhecimento médico e técnico para prestar esse socorro, porque a alergia começa inicialmente no local da aplicação mas vai se estendendo. A pessoa pode começar a ter coceira na garganta, edema na região dos olhos e pode evoluir para a forma mais grave que é o edema de glote, que é quando as vias aéreas se fecham e você tem que estar em um ambiente hospitalar para ser entubado”, disse a dermatologista.

G1