Guarabira é um município e uma região de muita tradição política e, nas épocas pré-eleitorais, os nomes para o poder executivo são especulados entre as várias lideranças políticas.
O Deputado Federal Raniery Paulino (RP), 44 anos, formado em Direito e com uma trajetória política exitosa, passou quase toda sua vida no PMDB (MDB), no qual foi Deputado Estadual de 2007 até o final de 2023.
Nestes 16 anos, com quatro mandatos, sempre se reelegendo em sequência, demonstrou experiência em projetos comprometidos com pautas sociais, educacionais, da saúde e da segurança pública.
Os mandatos estaduais do Deputado Raniery sempre foram de gabinete aberto as diferentes categorias dos servidores públicos estaduais, essas posições e votos seguros em defesa dos planos de cargos, carreiras e proventos dos servidores públicos, através dos sindicatos e associações, ampliou a sua base política para além da região de Guarabira e Brejo paraibano, sempre conseguindo apoio na Grande João Pessoa e em todo o Litoral Norte, entre outras regiões, lhe projetando para seu primeiro mandato na Câmara Federal.
Em 2022, ao final do seu quarto mandato de Deputado Estadual(MDB), por falta de maior apoio do partido para disputar uma vaga na Câmara Federal, migrou para o Partido Republicanos, no qual se elegeu, ficando na Primeira Suplência e assumindo o mandato em 4 de janeiro de 2024.
Como ele faz um mandato dividido com o Deputado Federal Wilson Santiago, que em 2024, foi nomeado para a Secretaria de Representação Institucional da Paraíba, em Brasília. Raniery ao assumir o cargo de Deputado Federal demarcou um território político importante para a região de Guarabira e Brejo paraibano, cargo que já foi assumido pelo seu pai, o ex-governador Roberto Paulino(MDB), entre 1995-1999.
Agora vamos para a questão formulada no título deste artigo de opinião: Será que a trajetória política e o tempo de experiência de Raniery serão suficientes para a Missão de Prefeito de Guarabira a partir de 2024?
Aqui iremos analisar três situações e condições conjunturais que podem abonar ou desabonar uma possível candidatura de Raniery Paulinho ao poder executivo de Guarabira.
A primeira diz respeito a tradição familiar, filho de uma clássica família de políticos locais e regionais, que ainda remontam a velha política oligarca, pois ele é Neto do velho Antônio Paulino (MDB), conhecido na região como o “pai dos pobres”, pois como afirma o historiador local Martinho Alves, Antônio Paulino sempre manteve as portas de sua fazenda, casas e comércios abertos, para de alguma maneira ajudar aos mais necessitados.
Esses velhos hábitos políticos apesar de condenados nos dias atuais como a “política do toma lá dá cá”, recebeu a alcunha de populismo político. Entre os coronéis e o voto de cabresto, os populistas estavam no guarda-chuva dos que, de alguma maneira, ajudavam aos mais pobres.
Nos dias atuais, a política assistencialista do governo lula, como bolsa família, farmácia popular, Minha Casa Minha Vida, SUS, SAMU, UPAS,Luz Para Todos, entre outras, também são taxadas de populistas. Mesmo sabendo que se tratam de Programa de Governo, com orçamentos próprios e conselhos sociais em todos os ministérios para implantação dos programas e políticas governamentais.
Guardadas as diferenças de tempo em épocas, Raniery Paulino é filho do ex-governador Roberto Paulino (MDB), atual secretário de Estado do Governador João Azevedo (PSB) e sua mãe é a ex-prefeita de Guarabira, Fátima Paulino (MDB).
Sua família tem uma longa linhagem e tradição no antigo PMDB, partido de oposição legal ao Regime Militar e abertamente, o articulador do processo de redemocratização do país, que serviu como uma espécie de guarda-chuva político para liberais, democratas e esquerdeistas se posicionarem de forma moderada durante os governos dos generais, até por volta de 1979 a 1985, período de reabertura e anistia política.
A família se manteve no PMDB e fez uma longa trajetória política tanto em Guarabira quanto nos municípios circunvizinhos, com mandatos de prefeitos, vereadores, deputados estaduais, federais, vice-governador e governador do Estado.
Vendo sua trajetória pessoal e familiar, nota-se que o peso político e o reconhecimento popular dessa tradição é positivo, mesmo que os candidatos da situação e outros políticos com o mesmo anseio, usem esses fatos como negativos, sempre atacando o continuísmo e a ideia de “gangorra política”, entre os Paulinos e Toscanos, que durante décadas estiveram unidos e depois de 2000 romperam politicamente.
Seu Pai, Roberto Paulino, herdou a tradição política dos seus avós, tanto do lado da família Aquino, quanto dos Paulinos e o grupo se manteve no campo democrático, sendo eleito prefeito de Guarabira pelo MDB entre 1977 a 1982, depois fez Zenóbio Toscano seu sucessor, também pelo MDB.
Dando continuidade a linhagem de poder, Roberto foi reeleito prefeito de Guarabira entre 1989 a 1992. Nesse período, o Deputado Jader Pimentel, representante da ARENA, migrou para o PDT e entre 1993-1996, se elegeu prefeito e quebrou essa linha sucessória do MDB, que só foi retomada entre 1996 a 1999, por Léa Toscano (PMDB), com o apoio dos Paulinos.
Em Guarabira, por volta de 2000 para 2001 ocorreu o racha político local, fruto das disputas oligarquias do Estado, atiçadas pelas brigas políticas de 1998, entre o Clã Cunha Lima (PMDB) de Campina Grande e José Targino Maranhão (PMDB), do Curimataú e forte base no Brejo paraibano.
Essa disputa estadual afetou diretamente a política em Guarabira, quando os Paulinos ficaram do lado de Zé Maranhão (MDB) e Zenóbio Toscano seguiu os Cunha Lima e foram para o PSDB.
Vale o registro de que os últimos mandatos de prefeita do grupo Paulino foi com a ex-prefeita Fátima Paulino (2005 a 2012), ela sempre esteve como aliada política do presidente Lula em seus dois primeiros mandatos, conseguindo trazer para Guarabira importantes equipamentos federais como os programas Luz Para Todos, Mais Médicos, Samur, UPA24horas, Unidades Básicas de Saúde, IFPB, Asfalto de todas as avenidas principais da cidade e recursos do PAC para infraestrutura urbana e rural, oriundas do governo Dilma. Estes recursos ainda beneficiaram a última administração de Zenóbio Toscano (PSDB), para a implantação da rede de galerias pluviais da Av. D. Pedro II, reduzindo drasticamente os históricos alagamentos no centro.
Todas estas políticas do governo Lula criaram as condições para a reeleição de Fátima e o compromisso político da família com a reeleição do presidente Lula em seu segundo mandato e agora em seu terceiro mandato, houve algo parecido.
Nesse ponto, a ida de Raniery para o Republicanos que estava na base do ex-presidente Bolsonaro (PP), o obrigou a não tomar posição na eleição presidencial. Esse fato deixou “alguns petistas de nariz torcido”, mas ninguém pode negar, que quase toda a família Paulino e grupo político, fez campanha para Lula, já no primeiro turno e no segundo, assumiram o comando da campanha de Lula e João Azevedo, com vários comitês unificados, que em Guarabira Lula ganhou com larga vantagem de quase 21 mil votos.
Em termos de união política, as cores do vermelhão, tradicional dos paulinos, se misturou com as cores vermelha e branco do PT de Lula.
O segundo aspecto a ser tratado sobre Raniery Paulino é o seu próprio perfil político, pois muito jovem entrou na política, sempre seguindo os passos do seu avô, pai, mãe e da sua irmã Roberta Paulino, atual vereadora de oposição pelo MDB.
Podemos afirmar que Raniery é um político mais ponderado, mais racional e menos paixão, demonstrando a habilidade de diálogos com as diferentes forças políticas, fazendo em seus quatro mandatos de Deputado Estadual, uma oposição responsável aos governos da época e sendo firme na defesa dos interesses públicos, em especial para com as diferentes categorias de servidores públicos estaduais e municipais. Nesse ponto, o ex-gabinete de Raniery e seus assessores sempre deram guarida política para todos os sindicatos e associações de servidores públicos da ativa, além dos aposentados e pensionistas.
Como professor da UEPB e servidor público, tenho que reconhecer a disposição incansável do ex-deputado estadual Raniery, sempre atento às pautas e as reivindicações da nossa categoria e também as preocupações com a UEPB em Guarabira, que foi uma importante obra do seu pai.
Raniery fez parte da juventude do PMDB, na época da Constituinte, com Ulisses Guimarães, o velho Teotônio Vilela e o velho Aécio Neves, todos líderes do processo de redemocratização do Brasil e da Campanha pelas Eleições Diretas para Presidente.
Essa participação e a vida orgânica na ala mais progressista do PMDB, lhe aproximou da Fundação Ulisses Guimarães, se tornou presidente na Paraíba, só deixando o cargo quando saiu do MDB. Mas enquanto era presidente fomentou muita formação política para jovens da nossa região.
O ex-deputado estadual Raniery Paulino, teve a coragem de sair do MDB, com seu quinto mandato de Deputado Estadual, como um dos mais certos da época, para o desafio maior em ser um Deputado Federal da nossa região, fato político sempre reclamado e que já fazia quase 30 anos que a região só elegia políticos de fora, quando seu pai Roberto Paulo (PMDB), tinha exercido o mandato de Deputado Federal.
Muitos entenderam como um grande e arriscado desafio político, pois a eleição de um Deputado Federal implica muito apoio e base política, quando nossa região sempre abre muito espaço de apoio para candidatos de fora de Guarabira.
Alguns incrédulos achavam que tinha sido um erro, mesmo assim, Raniery aceitou o desafio e como estratégia foi para o Republicanos, uma legenda de menor expressão, mas com uma matemática mais realista, o que lhe colocou na primeira suplência de Deputado Federal, agora em exercício.
Um apaixonado racional pela política, muito mais razão do que seu avô, pai e mãe, Raniery é mais realista e racional, diria que mais cuidadoso e calculista, pois sabe que a política não pode ser apenas paixão, pois envolve muitos fatores, entre os quais a responsabilidade de sempre está a serviço do povo e dos interesses divergentes.
Nesse ponto, o Deputado Federal Raniery Paulino, tem o respeito e admiração dos seus aliados e adversários políticos. Isso pode ser visto como muito positivo, o que implica em seus baixos índices de rejeição, quando, nas rodas de conversas, populares se manifestam acerca do seu nome como possível candidato à prefeitura de Guarabira.
Como diz o amigo Amarildo Henriques, o índice de rejeição é o primeiro e principal fator político para quem quer se candidatar a algo.
Nesse caso, Raniery leva uma forte vantagem na baixa rejeição, no apoio popular e aceitação do seu nome, coisa que a própria situação reconhece e pesquisas de consumo interno confirmam.
O terceiro e último desafio é seu partido, pois é uma legenda de direita, com posições vinculadas ao Centrão e com fortes ligações com o conservadorismo. Também é bom lembrar que essa legenda vem de uma união entre o Partido Municipalista Brasileiro (PMB) e o Partido Republicano Brasileiro (PRB), que indicou o industrial José de Alencar, como primeiro Vice-presidente do governo Lula.
Na atualidade o Republicanos, se coloca como independente em relação ao governo Lula, mas como na Paraíba, faz parte da base de apoio do governador João Azevedo (PSB) e como Fátima Paulino e Roberto Paulino continuam com bom trânsito junto ao governo Lula, inclusive através da ministra Simone Tebet (MDB), podem dá a Raniery a oportunidade, de se eleito, fortalecer as políticas e programas federais em Guarabira e região.
Nesse ponto, o Partido Republicanos, em 22/11/23, baixou uma resolução em que não fará oposição ao Governo Lula e deixou seus parlamentares livres para votarem conforme suas convicções e entendimentos, o que tem garantido maioria pró governo Lula em dezenas de matérias. Mas a legenda é, em parte, base do Centrão e não existe uma centralidade nas posições.
O Republicanos, que segue uma linha ideológica de direita, em muitas matérias não é tão republicano, também tem atraído ex-apoiadores descontentes com Bolsonaro, que, apesar de estarem rompendo com o Bolsonarismo, criam um mau estar em algumas cidades maiores como João Pessoa e Campina Grande.
Quanto a Guarabira, vemos que esses grupos, mesmo descontentes, estão mais vinculados à candidata Léa Toscano que do ex-PSDB, foi União Brasil.
Dentro dessa composição política vinculada ao Partido Republicanos, o maior desafio de Raniery, como aliado político do atual governador João Azevedo (PSB), será unir os três grupos políticos e independentes que se colocam como oposição, mas ainda não conseguiram definir uma candidatura de consenso.
Raniery, com sua capacidade de ponderação, é muito cuidadoso, exatamente para não criar nenhum tipo de descenso entre os grupos e espera que o nome seja indicado naturalmente, uma compreensão da unidade das oposições, inclusive com um grande grupo de dissidentes que se afastaram do governo municipal desde a morte de Zenóbio Toscano (PSDB) e o enfrentamento ao descaso da administração municipal com a coisa pública.
Nesse momento em que os grupos de oposição discutem uma candidatura única, Raniery, assim como: Teotônio Assunção (PDT), Beto Meireles (PSB), Zé do Empenho (PDT), Josa da Padaria (Cidadania), Célio Alves (Cidadania), Dr. Wellington (PSB), Jeremias Cavalcanti, professor Jr. Rocha (PT), Socorro Brito (PT), Balbino (PT), Auricélia, Zé Costa, Neo das Tintas, Marcelo Bandeira, Gerson do Gesso, Belarmino Mariano e muitos outros nomes e partidos descontentes com a atual gestão, ou que sonham em mudanças, incluindo todos/as vereadores da oposição e aqueles não estejam se sentindo bem no grupo da situação.
Conversando com Raniery há algum tempo, ele disse claramente que só seria candidato se houvesse uma unidade das oposições, frase que também escutei do ex-candidato Teotônio Assunção. Resta saber quem são os líderes que pragmáticamente estão comprometidos com essa unidade ou irão se dividir, facilitando ou pavimentando o caminho da continuidade de uma gestão desastrosa como a que ai está?
Por Belarmino Mariano
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