O Poder de Putin Vem da Extrema Direita Radical Russa

Muitos dizem que Putin é um ditador, um comunista, mas evitam dizer que ele é de extrema direita, que seu Partido Rússia Unida é de extrema direita e sempre ganham as eleições, desde a queda do Muro de Berlim e o Fim da União Soviética.

Dos 33 anos de reintegração da Federação Russa a economia capitalista de mercado, 25 estiveram no comando direto de Putin e do Partido Rússia Unida, que sempre chegaram ao poder através de eleições diretas.

A ideia de que a Rússia é pouco democrática vem predominantemente dos países ocidentais, em especial aqueles ligados à Organização Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Em especial depois da operação militar especial da Rússia na Ucrânia.

O poder de Putin é muito parecido com o poder das grandes corporações capitalistas no mundo global. Em primeiro lugar, por ter total apoio dos grandes empresários russos, das elites dominantes e da própria Igreja Ortodoxa Russa, são as bases de sustentação do partido de Extrema Direita e do conservadorismo que garante Putin no poder político, econômico e militar do país.

O que a mídia ocidental não diz é que Putin não está só e seu poder foi forjado pelo ocidente para destruir a ex-União Soviética e integrar tudo ao capitalismo.

Inicialmente, o grupo político de manutenção de Putin no poder, foi exatamente aquele que planejou a queda gradual do bloco soviético, com o golpe em Moscou, com Boris Nicoláievitch Iéltsin, assumindo a primeira presidência da Federação Russa, com o fim da URSS, entre 1991 e 1999.

Foi nesse período que Putin entrou na política ao final da década de 1990, se tornou primeiro-ministro e depois presidente, após a renúncia de Boris Iéltsin.

Esse primeiro governo de Iéltsin, adotou profundas reformas econômicas, com um neoliberalismo radical e completa integração da Rússia ao mercado capitalista.

Com uma agressiva política de privatização das estatais e abertura do país para o capitalismo global, gerou choques econômicos, ao longo da década de 1990, provocando uma profunda crise política e econômica no país, levando Boris Iéltsin, a renunciar e Putin, ao assumir a presidência, conseguiu contornar a crise e nas eleições. Ao se eleger presidente e fazer grande maioria do parlamento, passou a adotar políticas mais populistas e mais duras contra grupos separatistas, aumentando sua popularidade.

O que o ocidente evita comentar é como o poder Putin se tornou tão forte. Formado em Direito, virou membro do Serviço Secreto Soviético (KGB), atuando em grande parte na Alemanha Oriental.

Com a queda do Muro de Berlim, Putin saiu da KGB e se tornou político, na região de Kaliningrado.

Com as grandes privatizações, empresários russos oligarcas se beneficiaram e deram suporte político a Putin, que chegou até a Duma (parlamento Russo).

Quando se tornou presidente, os conflitos separatistas e ataques terroristas de grupos Chechenos, obrigaram Putin a agir com muito rigor, aumentando sua popularidade e reeleição, depois sucessores, enquanto ele se tornava primeiro-ministro, sempre elegendo grande maioria do Parlamento russo e retornando a presidência do país. Isso tem tornado Putin o presidente mais vezes eleito pelo povo, sempre, com índice acachapante.

As manobras políticas que eram comuns na época da URSS, marcadas pelo partido único, meio que se repetem no país, que mesmo existindo outros partidos, a oposição é muito fraca.

Algo parecido com os Estados Unidos, que apesar de ter dezenas de partidos, mas quem sempre ganha as eleições, são os dois partidos de direita, que apesar de nomes diferentes (Democratas e republicanos), adotam quase sempre as mesmas políticas, com pequena mudança em pautas éticas, morais e conservadoras. Outro absurdo é sabermos que, os USA, a democracia não é literalmente democracia, pois os votos de delegados destes dois partidos tem mais valor do que o voto popular e universal.

Outra observação comparativa a considerar é que, as políticas de Estado, tanto da Rússia, quanto dos Estados Unidos, são muito parecidas, apesar das rivalidades geopolíticas e da disputa geoeconômica, com a Europa como principal mercado das duas grandes potências.

Só para termos uma ideia, na Rússia existem cerca de dezoito partidos, mas o Partido Rússia Unida, ao qual Putin é filiado, é um partido radical de direita, bancado por uma elite empresarial (oligopólio) e sempre consegue cerca de 85% da Duma, parlamento Russo, com isso, controlam e escolhem a presidência e o primeiro ministro há mais de três décadas.

Com o poderoso poder econômico e político da extrema direita russa, os partidos de esquerda, comunistas e/ou socialistas, nunca passam dos 10% dos votos e num sistema semi presidencialista, as cadeiras de presidente e primeiro-ministro, sempre se mantém nas mãos da extrema direita. Até os outros partidos de Direita, ficam de fora do poder executivo.

Se a burocracia soviética governou o país por mais de 70 anos, a extrema direita já controla o poder a mais de 30, tendo Putin atravessado entre ser o presidente e/ou primeiro ministro em quase todos estes anos.

Afirmar que a democracia Russa não existe é um sério problema, pois sempre ocorrem eleições, assim como nos Estados Unidos e no Brasil, apesar de, em todos os pleitos, o partido de Putin, obtêm a maioria dos votos e elevado índice de popularidade.

Eleições no Reino Unido, Espanha, França, Itália ou Alemanha, apesar de mais divididas, entre os partidos, geralmente mantêm os mesmos grupos no poder ou ocorrem coalizões para dar maioria a um dos grupos.

As críticas externas aos processos eleitorais russos, sempre perdem a consistência, pois estamos diante de uma das maiores potências geopolíticas do mundo globalizado, que herdou esse poder da ex-URSS, bem como a concentração de poder em um único partido.

Como a situação política e econômica interna da Rússia é muito estável, a população evita maiores conflitos políticos, pois os Russos sabem da pressão geopolítica externa e mantém uma forte coesão social e política.

Esse entendimento e o forte poder econômico dos oligarcas russos, garantem a dominação política da Rússia.

Guardadas as diferenças, no Brasil, o poder político dos grandes empresários, do agronegócio, sempre garantem uma maioria da direita e extrema direita no poder, com raras excessões em que, o jogo político, permite coalizão de blocos de direita e esquerda moderada, em alguns mandatos, assumirem o poder executivo presidencial, quase sempre com minoria no congresso e submetendo aos interesses dessas elites.

O que mais incomoda as potências do ocidental, não é a falta de democracia na Rússia, muito mais incomodo é saber que grandes empresários russos usam o poder do Estado para alavancar seus negócios em escala global.

Para completar, com a total aproximação dos governos Russo/Chinês e com a criação do BRICS+(Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros). As pautas da falta de democracia na Rússia se tornam um problema e tentam isolar o país, ou alimentar instabilidades da Rússia no ocidente é uma estratégia para minar o poder econômico de Moscou.

Enquanto isso, Putin continua usando suas estratégias apreendidas na antiga KGB e assim vai se mantendo no poder, entrando para a história como o presidente/primeiro ministro com mais tempo no poder.
É preciso dizer que Putin é um estrategista da Guerra Fria que age como se ainda estivesse se preparando para um Terceira Guerra Mundial, pois a OTAN, nunca abandonou essa lógica, então, porque esperar de um ex-líder soviético que deixe as suas armas?

Imaginem agora, com as narrativas da pós-verdade, com as redes sociais e as inteligências digitais, seguidas pela ciber-democracia, fica quase impossivel saber quem de fato está defendendo o quê?

Se um ataque terrorista em Moscou foi de fato um ataque do Estado Islâmico, se foi, quem pagou? Quem ganha mais com ações terroristas de Estados. Basta lembrar do 11 de setembro em Nova York, justificou e financiou as guerras Norte-americanas no Oriente Médio (Iraque, Afeganistão, Líbano e Síria) e na África.

Esse conflito na Ucrânia que se arrasta desde 2014, com o golpe de Estado patrocinado pela OTAN, que nos últimos dois anos se intensificou, obrigando a Rússia a ocupar a Criméia e territórios de maioria russa nas fronteiras com a Ucrânia.

A reeleição de Putin, com 87% dos votos, baixo índice de faltosos, brancos e nulos e apenas 13% para outros partidos, dão a Putin o poder de enfrentar qualquer adiversidade.

O ataque terrorista a sala de concertos Crocus City Hall, que de acordo com o Serviço Federal de Segurança da Rússia (SFSR), antiga KGB, informou mais de 130 civis mortos. Mesmo com o Estado Islâmico assumindo a autoria e gerando o benefício da dúvida, a lista de outras narrativas é muito maior e Putin, além de reeleito fará o que sempre fez, combater os inimigos da Rússia e proteger seu povo, pois foi a maioria esmadora o elegeu para isso.

Questionar e intervir no processo político eleitoral da Venezuela, Brasil ou Argentina é fácil, quero ver interferir no da Federação Rússia?

 

 

 

Por Belarmino Mariano