Após mais de 50 dias de buscas, a caçada aos dois detentos que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró chegou ao fim, com a captura de Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento. A prisão alivia parte da pressão sobre o Ministério da Justiça e Segurança Pública e as forças de segurança, mas deixa um alerta ligado, sobretudo por se tratar da primeira fuga registrada nas cadeias federais do Brasil.
Deibson Cabral Nascimento, o “Deisinho” ou “Tatu”, e Rogério da Silva Mendonça escaparam da prisão de segurança máxima por volta das 3h30 de 14 de fevereiro. Após 51 dias de buscas, que envolveram centenas de agentes das forças de segurança, a dupla foi presa na tarde dessa quinta-feira (4/4), na BR-222, nas proximidades de Marabá, no Pará.
O local da prisão fica a 1.600 quilômetros de Mossoró.
Detidos novamente, eles irão retornar à unidade prisional da qual escaparam. “Os fugitivos voltarão para o local de onde saíram, a Penitenciária de Mossoró. [A unidade está] totalmente reformulada, no que diz respeito aos equipamentos de segurança. Eles ficarão separados e haverá vistorias diárias”, destacou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
Ainda em 14 de fevereiro, Lewandowski determinou o afastamento imediato da direção da penitenciária e nomeou um policial penal para o posto. Outra medida foi o reforço da segurança em todas as unidades prisionais do sistema.
Lewandowski determinou ainda a construção de muralhas ao redor de todas as penitenciárias federais – atualmente, apenas a de Brasília é cercada por um muro de proteção, além das grades que circundam a prisão originalmente.
Além disso, o ministro anunciou que os presídios passariam por modernização do monitoramento e aumento do controle de acesso. Entre as medidas, está a implementação de um sistema de reconhecimento facial, aliado à ampliação dos alarmes e sensores de presença nas cinco unidades desse tipo no país.
As mudanças serão feitas com recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), gerido pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), cujo objetivo é financiar ações de aprimoramento e modernização do sistema prisional.
O Brasil conta com cinco prisões federais – em Brasília (DF), Porto Velho (RO), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Catanduvas (PR).
Fuga
Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, na madrugada de 14 de fevereiro deste ano. Desde a inauguração do modelo prisional, em 2006, é a primeira vez que um detento conseguiu escapar de uma cadeia federal.
Os criminosos fugiram pelo buraco de uma luminária e utilizaram ferramentas de uma obra que ocorria na unidade prisional.
A fuga representou a primeira crise desde que o ministro Ricardo Lewandowski assumiu o Ministério da Justiça e Segurança Pública. A gestão do ex-ministro do STF — sob a qual também se deu a elucidação do assassinato da vereadora Marielle Franco — tem reiterado o compromisso no combate ao crime organizado.
Centenas de agentes
Foram mobilizados cerca de 500 agentes para atuar em uma força-tarefa na busca da dupla que fugiu da Penitenciária Federal de Mossoró.
O efetivo contou com integrantes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Penal e da Força Nacional. Dos quadros das forças locais, participaram policiais militares do Rio Grande do Norte, de Pernambuco, da Paraíba, do Ceará e integrantes das forças municipais de Mossoró.
Por dias, com auxílio de drones, helicópteros e cães farejadores, os agentes seguiram os rastros deixados pelos dois detentos, vasculhando a mata, vistoriando residências e realizando bloqueios em estradas. De acordo com Lewandowski, o trabalho foi dificultado pelas chuvas que atingiam a região e apagavam as pistas.
Ainda assim, a força-tarefa encontrou esconderijos e realizou prisões de pessoas que auxiliavam os detentos na fuga. Eles contaram com toda uma rede de apoio. Segundo o ministro da Justiça, durante toda a operação, foram detidas 12 pessoas, além da dupla.
Recaptura
Por volta das 13h30 dessa quinta-feira (4/4), agentes da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal prenderam Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento em uma ponte, na proximidade do Município de Marabá (PA). Outros quatro comparsas foram detidos na ação.
O ministro da Justiça e Segurança Pública afirmou que eles planejavam fugir do país. “Obviamente, [os fugitivos] foram coadjuvados por criminosos externos e tiveram, portanto, auxílios de seus comparsas e das organizações as quais pertenciam. Foram presos perto de Marabá, no Pará, eles estavam se dirigindo para o exterior”, afirmou.
“Os dois fugitivos estavam em um verdadeiro comboio do crime”, disse. Na abordagem, foram apreendidos três carros, vários celulares e um fuzil.
Lewandowski classifica a prisão como “bem-sucedida”. “O que me parece também relevante dizer é que foi uma operação extremamente bem-sucedida, em que não foi disparado um tiro, não houve feridos, não houve mortos. Um trabalho puramente de inteligência”, ressaltou.
“É uma vitória para o Estado brasileiro, das forças de segurança do Brasil, e que demonstra que o crime organizado no nosso país não será bem-sucedido”, reforçou Lewandowski. Segundo o ministro, os trabalhos de inteligência continuam a partir da captura dos foragidos.
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