Dirigentes de empresas de ônibus que foram presos por suposto envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) ostentavam uma vida de luxo, com direito a mansão em condomínio de alto padrão onde moram celebridades, lanchas e carrões.
Eles foram alvo da Operação Fim da Linha, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) na terça-feira (9/4). Segundo a Promotoria, o esquema de lavagem do PCC envolvia as empresas de ônibus Transwolff e UpBus, que operam linhas nas zonas sul e leste da capital e são responsáveis por transportar 10% de todos os passageiros da cidade.
Por decisão da Justiça, toda a cúpula das duas empresas foi afastada, e a operação de ambas acabou assumida pela SPTrans, empresa municipal que administra o sistema, por meio de interventores nomeados pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Ao todo, a operação do MPSP, que contou com auxílio da Receita Federal e da Polícia Militar (PM), cumpriu três mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão em São Paulo. Também houve bloqueio judicial de mais de R$ 600 milhões em patrimônio dos investigados – incluindo carros de luxo, como Ferrari, e até helicóptero.
Entre os presos, está Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, de 54 anos, dono da Transwolff. Ele foi capturado em um condomínio de ricaços em Itu, no interior paulista, ainda pela manhã.
Mansão de sete suítes
O condomínio de Pandora é equipado com hípica, heliponto, restaurante, pista de cooper, três campos de futebol e 20 quadras de tênis. Com 4,2 milhões de m² de área verde, o espaço também tem lagos, cachoeira e aves de diversas espécies.
É possível encontrar anúncios de casas à venda no local que variam de R$ 2,1 milhões a R$ 37 milhões. Já o valor do aluguel chega a R$ 60 mil por mês.
Entre 2018 e 2019, o dono da Transwolff pagou mais de R$ 420 mil só para reformar o seu imóvel. A mansão de três pavimentos – subsolo, térreo e primeiro andar – tem sete suítes, sauna, piscina, academia e sala de massagem.
A pedido do MPSP, a Justiça também bloqueou 17 imóveis ligados a Pandora, sendo 15 em nome de quatro empresas que pertencem a ele ou a parentes dele. Juntas, elas têm capital social acumulado de R$ 56,6 milhões.
É no nome de uma delas, a Arambarri Participações S/A, que está registrada uma lancha situada em São Sebastião, no litoral norte paulista, que também foi bloqueada pela Justiça.
Vizinho de celebridade
Já Joelson Santos da Silva, de 56, morava em um condomínio de luxo em Cotia, na Grande São Paulo, conhecido por também ter casas de celebridades. Além de sócio da empresa de ônibus, ele é representante de um escritório de contabilidade.
Segundo a investigação, Joelson é dono, ainda, de três imóveis na capital paulista e de fazendas em Paranã, Talismã e Alvorada, no Tocantins. À Justiça o acusado já afirmou ser pecuarista.
Outro diretor da viação, Robson Flares Lopes Pontes, de 38, foi detido no seu apartamento, na Avenida Interlagos, área rica da zona sul da capital paulista, em que o aluguel chega a R$ 7,2 mil. Ele saiu algemado de lá.
Com passagem por tráfico de drogas, Robson declarou que trabalha como empresário e recebe salário de R$ 10 mil da viação. Até ser preso, ele vivia com a família no residencial com piscina, academia, churrasqueira, salão de jogos e espaço gourmet.
Foragido
O único alvo de mandado de prisão que permanece foragido é Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, de 45, sócio da UpBus – empresa de transporte que opera linhas de ônibus na zona leste.
Policiais encontraram armas de fogo no apartamento de Silvio, no Tatuapé, bairro de alto padrão da zona leste. Com passagens por cadeias paulistas desde a década de 1990, Cebola é condenado por tráfico de drogas e tem sido associado ao PCC em diferentes investigações.
Considerando todos os mandados, a Operação Fim da Linha apreendeu 11 armas – entre elas, dois fuzis e uma submetralhadora – e 800 munições. Também foram recolhidos computadores, celulares, joias, barras de ouro e R$ 161 mil em espécie.
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