Ex-presidente da Anvisa e médico sanitarista da Fiocruz, Claudio Maierovitch afirma que o risco de se contrair trombose é muito maior sem a vacina para Covid-19 do que com o imunizante. O assunto voltou a ganhar repercussão após a gigante farmacêutica AstraZeneca admitir, à Justiça da Inglaterra, o raro efeito colateral.
“Esse tema da trombose surgiu ainda em 2021, quando as vacinas começaram a ser utilizadas. E aí cada vacina apresentou uma proporção bastante pequena de eventos adversos, incluindo Jansen, Pfizer… Na época, começou a se observar uma ocorrência muito rara de trombose de vasos cerebrais [na AstraZeneca], mas na maior parte dos casos não era nada grave”, afirmou Maierovitch. Ele continuou:
“Foi um consenso [na comunidade científica] que, embora houvesse risco muito pequeno, esse risco era muito inferior ao relacionado à doença em si, a Covid-19. Porque em pessoas não vacinadas, a Covid pode provocar uma infecção grave, com alteração da coagulação e ocorrência de trombose em várias partes do corpo, inclusive nos pulmões.”
“Na gravidade da doença como um todo, a trombose era um dos aspectos relacionados à dificuldade respiratória. Não à toa tivemos a estatística horrorosa de óbitos que tivemos. Só passamos a ter redução consistente depois que tivemos uma quantidade grande de pessoas vacinadas”, prosseguiu o médico sanitarista.
“Acho que os efeitos colaterais assustam, mas às vezes a gente se esquece do que acontecia antes. É importante que se preste atenção, porque já passou aquele momento [de pico da contaminação] e agora é possível escolher qual vacina é mais adequada para cada grupo populacional, de modo a evitar efeitos adversos”, concluiu Claudio Maierovitch.
AstraZeneca no Brasil
No Brasil, a AstraZeneca foi aplicada em 153 milhões de pessoas, sobretudo em 2021 e 2022. Atualmente, ela não tem sido usada pelo sistema público de saúde. O governo tem recorrido às vacinas da Pfizer e da Moderna [nos últimos dias, o Ministério da Saúde comprou 12,5 milhões de doses do imunizante].
A AstraZeneca reconheceu a ocorrência de trombose, em casos raros, em um processo movido por 51 famílias na Inglaterra. O grupo pleiteia uma indenização que se aproxima de R$ 700 milhões.
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