O governo federal deve se reunir nesta semana com empresários produtores de arroz para discutir a situação relacionada ao leilão do alimento. Representantes da área não veem necessidade da medida e argumentam que o abastecimento nacional do grão está garantido.
Em contrapartida, a gestão federal quer alternativas que possam abaixar o preço do produto nos supermercados.
Na última semana, os ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), além do presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, se reuniram com empresários do ramo. Participaram do encontro membros da Fedearroz e da Câmara Setorial do Arroz. E, nesta semana, está prevista mais uma rodada de conversas.
O debate e a negociação em curso ocorreram depois de o governo suspender o leilão do arroz em 11 de junho. A justificativa era de que as empresas vencedoras do certame não possuíam capacidades técnica e financeira. Das quatro companhias ganhadoras, apenas uma é do ramo. Estão na lista uma fabricante de sorvetes, uma mercearia de bairro especializada em queijo e uma locadora de veículos.
Na ocasião, o governo comercializou 263,3 mil toneladas de arroz, o que representa 88% do volume estimado inicialmente, de 300 mil toneladas. O valor movimentado foi de R$ 1,3 bilhão. Os lotes arrematados tiveram preço mínimo de R$ 4,98 e máximo de R$ 5 por quilo. Depois, o produto seria distribuído para 21 estados do país.
“Um cara me mostrou, no celular dele, que um pacote de arroz de 5kg estava a R$ 36. Outro me mostrou e estava a R$ 33. Eu falei não é possível, esse arroz está caro. E eu tomei a decisão de importar um milhão de toneladas. Depois tivemos a anulação do leilão, porque houve uma falcatrua numa empresa. Mas por que vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20. Que compre a R$ 4 um quilo de arroz, mas não dá para ser um preço exorbitante″, disse Lula sobre o tema.
Agora, a equipe do chefe do Executivo conversa com o setor para encontrar uma saída. De acordo com pessoas com conhecimento das negociações, existem empresários que são contra a medida sob o argumento de que eventual desabastecimento do grão, em função das chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul, é falso.
Os arrozeiros destacam que a colheita no estado gaúcho chegou em mais de 80% do total da área prevista para a safra e o grão colhido apresenta boa qualidade e produtividade, o que, em tese, garantiria o abastecimento dos brasileiros. O problema é logístico, principalmente na ligação com o interior do Rio Grande do Sul. A ligação com os grandes centros por meio da BR-101 está normalizada, mas outras vias ainda registram problemas.
Em paralelo, Lula quer que os ministros estruturem uma medida para financiar a produção de arroz em mais estados e evitar que o país dependa apenas de algumas unidades da Federação. “A gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo”, disse o presidente.
Demissões
A polêmica em torno do leilão resultou na demissão do secretário de Política Agrícola, Neri Geller, como anunciou Fávaro. Dias depois, o ministro do Desenvolvimento Agrário confirmou a troca do diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Thiago José dos Santos, responsável pela área que realizou o leilão.
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