Ex-diretor da Abin no governo Bolsonaro, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou na segunda-feira (15/7) que gravou uma reunião com o ex-presidente em 2020 por desconfiar de uma pessoa que participaria do encontro.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o ex-diretor da Abin disse que a pessoa teria contato com Wilson Witzel, então governador do Rio de Janeiro, e poderia fazer “uma proposta nada republicada” durante a reunião.
“A gravação da reunião de agosto de 2020 não foi clandestina. Houve o aval e o conhecimento do presidente para que ela ocorresse. A gravação foi realizada devido a uma informação recebida sobre uma pessoa que participaria da reunião e que teria contato com o governador do Rio de Janeiro na época. Havia a preocupação de que essa pessoa pudesse apresentar uma proposta nada republicana”, disse Ramagem na gravação, sem dar nomes.
A aliados, Ramagem confidenciou que a pessoa que o levou a gravar a reunião seria a advogada Luciana Pires, que defendia Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das rachadinhas e participou da reunião gravada.
Em conversas reservadas, o ex-diretor da Abin afirmou que teria recebido informações de que Luciana seria ligada a Witzel, à época já visto como um desafeto político pelo então presidente Jair Bolsonaro.
O próprio ex-presidente citou Witzel na reunião. Em determinado momento do encontro, Bolsonaro disse que o ex-governador teria pedido uma vaga no STF em troca de “resolver” o caso das rachadinhas de Flávio.
“Ano passado, no meio do ano, encontrei com o Witzel (…) Ele falou: ‘eu resolvo o caso do Flávio. Me dá uma vaga no Supremo’”, disse Bolsonaro durante a conversa realizada em agosto de 2020, na qual estavam presentes também o general Augusto Heleno, então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e a advogada Juliana Bierrenbach.
O que diz a advogada
Procurada, Luciana Pires disse não acreditar que Ramagem tenha falado que desconfiava dela. A advogada sustentou que “jamais esteve” com Witzel. “Não temos qualquer contato e nunca tivemos”, disse.
Luciana reforçou não conhecer o ex-governador pessoalmente. “Nunca conversamos. Não me lembro nem se já o encontrei. Não tenho o telefone dele e nem ele o meu. Zero contato”, disse.
Procurado pela coluna para comentar o assunto, Ramagem não respondeu. O espaço segue aberto para eventual manifestação do deputado federal sobre o tema.
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