Quem é o capitão que vendia armas para facções e ostentava luxo na web

Preso pela Polícia Federal nesse sábado (27/7), o capitão da Polícia Militar da Bahia (PMBA) Mauro das Neves Grunfeld (foto em destaque) é suspeito de integrar organização criminosa armada e comercializar armas de fogo, inclusive de uso restrito, para facções. Ele chegou a ser denunciado pelo Ministério Público em 7 de junho de 2024.

As investigações revelaram um sofisticado esquema de mercado clandestino, no qual o policial e outros integrantes da quadrilha obtinham munições ilegalmente, adquirindo armas de fogo “frias” e vendendo-as por meio de intermediários. Esse modus operandi permitia que facções criminosas na Bahia fossem abastecidas com armas e munições.

Nas redes sociais, o policial exibe momentos de lazer em iates, destinos paradisíacos e viagens. A maioria das fotos, postadas no segundo semestre de 2023, retrata o acusado em um iate na Baía de Todos os Santos, em Salvador, além de visitas à Ilha de San Andrés e ao Morro de Monserrate, na Colômbia.

O novo mandado de prisão preventiva contra o capitão da Mauro Grunfeld foi decretado na quinta-feira (25/7), em liminar proferida pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA). A determinação acatou medida cautelar do MP contra decisão de primeira instância que concedeu liberdade provisória com a imposição de medidas cautelares diversas ao policial.

A Justiça, ao analisar o recurso, entendeu que as circunstâncias que levaram à prisão preventiva inicial não haviam mudado, justificando assim a necessidade de mantê-lo detido para garantir a ordem pública.

O militar é investigado pela Operação Fogo Amigo, deflagrada em maio deste ano pela PF e o Ministério Público da Bahia (MPBA). Segundo as apurações, a organização criminosa é formada por diversos policiais militares do estado da Bahia e de Pernambuco, colecionadores, atiradores e caçadores (CACs), além de lojistas.

Durante a Operação Fogo Amigo, que acarretou na prisão do PM pela primeira vez, foi apreendida uma arma de fogo registrada em nome de terceiro, uma grande quantidade de munições de diversos calibres e documentos de transporte de mercadorias, evidenciando seu envolvimento no comércio ilegal.

Fogo Amigo

Em 21 de maio de 2024, a operação cumpriu 20 mandados de prisão preventiva e 33 de busca e apreensão contra agentes de segurança pública, caçadores, atiradores e colecionadores (CACs), empresários e lojas de comercialização de armas de fogo, munições e acessórios que, segundo as investigações, formam a organização criminosa e estão envolvidos no esquema.

Os mandados foram cumpridos nos municípios de Juazeiro, Salvador e Santo Antônio de Jesus. A Justiça determinou ainda o sequestro de bens e bloqueio de valores de até R$ 10 milhões dos investigados, além da suspensão da atividade econômica de três lojas que comercializavam material bélico de forma irregular.

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