Primeira-dama de João Pessoa foi vítima de tentativa de extorsão antes de ser presa pela Polícia Federal; suspeitos estão presos

Dois homens foram presos suspeitos de tentar extorquir a primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, no fim da tarde desta sexta-feira (27), um dia antes da prisão dela no âmbito da Operação Território Livre 3. Os homens exigiram dinheiro para não divulgar uma foto que supostamente mostrava Lauremília com a companheira de um preso. Um terceiro suspeito, servidor da prefeitura, está foragido.

Um boletim de ocorrência foi registrado pela secretária da primeira-dama, Tereza Cristina Barbosa, na noite de quinta-feira (26). O blog Conversa Política, do Jornal da Paraíba, divulgou a informação e o g1 confirmou a tentativa de extorsão.

De acordo com o documento, os homens afirmaram que possuíam uma foto de Lauremília ao lado de pessoas ligadas ao crime organizado e pediram R$ 40 mil à primeira-dama. O primeiro contato dos suspeitos ocorreu por mensagem, na última terça-feira (24).

Uma operação foi montada na Universidade Federal da Paraíba, local indicado pela dupla para trocar o dinheiro pelo conteúdo. No momento da entrega, segundo relatos, policiais prenderam Genival Melo Filho e Lindon Jonhson Dantas.

Os suspeitos admitiram envolvimento na extorsão e alegaram que estavam agindo a pedido de um homem chamado Jonathan Dário da Silva, que, segundo a Polícia Civil, é servidor da prefeitura de João Pessoa. De acordo com o Sagres-TCE, ele foi admitido em março de 2021 e recebe um salário de R$ 2.700. Não há informações sobre seu local exato de trabalho.

A primeira-dama também prestou depoimento na noite de sexta-feira (27). Lauremília afirmou que recebe diversas pessoas, sem distinção ou consulta prévia sobre quem a procura, e que determinou que a polícia fosse acionada.

“Na condição de primeira-dama, recebe diversas pessoas e não faz distinção ou consulta prévia de quem a procura, atendendo-os naturalmente como cidadãos de João Pessoa. Determinou, por meio de sua assessoria, que o fato fosse comunicado à polícia e seguiu as instruções dadas pelos policiais”, registra o documento.

Os dois homens suspeitos de participar da extorsão permanecem presos em João Pessoa. A Rede Paraíba de Comunicação não conseguiu contato com a defesa dos suspeitos.

A prisão da primeira-dama

Imagens exclusivas mostram Lauremília Lucena ao chegar no IML, após ser presa pela PF

A primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, foi presa na manhã deste sábado (28) pela Polícia Federal. Segundo a Polícia Federal, ela foi presa em uma operação por aliciamento violento de eleitores e organização criminosa nas eleições municipais. Lauremília é esposa de Cícero Lucena, atual prefeito de João Pessoa que tenta reeleição. Ele não é citado na operação.

A juíza que determinou a prisão, Maria de Fátima Lúcia Ramalho, afirmou, na decisão, que Lauremília e a secretária Tereza Cristina teriam participação ativa em um esquema em acordo com uma facção criminosa para influenciar as eleições municipais de 2024.

A ação é a 3ª fase parte da Operação Território Livre, da Polícia Federal, com o apoio do GAECO (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado). Na segunda fase, a vereadora de João Pessoa Raíssa Lacerda também foi presa.

Nesta fase da Território Livre, foram cumpridos mandados de prisão e busca e apreensão contra:

  • Maria Lauremília Assis de Lucena, primeira-dama de João Pessoa;
  • Tereza Cristina Barbosa Albuquerque, secretária de Lauremília.

 

Após audiência de custódia, ficou definido que as duas vão ficar presas no Presídio Júlia Maranhão.

Operação Território Livre

 

A operação é batizada de “Território Livre” em referência à liberdade que os eleitores devem ter de ir e vir e também de exercer o seu voto. No dia 10 de setembro, uma primeira etapa da operação já tinha sido realizada. Naquele dia, três mandados de busca e apreensão foram cumpridos.

Essa é a mesma operação que resultou na prisão da vereadora Raíssa Lacerda (PSB), que já era alvo desde a primeira fase da ação. Um dos mandados de busca foi cumprido na residência da parlamentar, onde foram apreendidos um aparelho celular e uma quantia em dinheiro. Na época, ela alegou ser vítima de perseguição.

A vereadora foi presa no dia 19 de setembro, juntamente com outros suspeitos de envolvimento no esquema. São eles:

  • Raíssa Lacerda, vereadora de João Pessoa e suspeita de liderar o esquema;
  • Pollyanna Monteiro Dantas dos Santos, suspeita de pressionar moradores do bairro São José para determinar em quem eles devem votar;
  • Taciana Batista do Nascimento, usada por Pollyana para exercer influência na comunidade. É ligada ao centro comunitário Ateliê da Vida;
  • Kaline Neres do Nascimento Rodrigues, articuladora de Raíssa Lacerda no Alto do Mateus; suspeita de ter ligação com facções do bairro;
  • Keny Rogeus Gomes da Silva, marido de Pollyanna e apontado como chefe da facção Nova Okaida; já estava preso no PB1.

 

Um suspeito de chefiar uma facção criminosa no Bairro São José, David Sena, mais conhecido como Cabeça, também teve mandado de prisão expedido, mas segue foragido.

O que dizem a primeira-dama, o prefeito e a secretária?

 

A defesa jurídica da primeira dama de João Pessoa disse que recebeu com surpresa e indignação o decreto de sua prisão preventiva tendo em vista que ela nunca foi chamada para prestar quaisquer esclarecimentos sobre as acusações. Os advogados argumentam que a decisão da juíza é abusiva e ilegal, pois infringe a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sobre a proteção de pessoas com prerrogativa de foro, como o prefeito Cícero Lucena. A defesa da primeira dama afirmou que estão sendo tomadas todas as medidas cabíveis junto ao Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba para buscar a soltura imediata da primeira dama do município.

Cícero Lucena, marido de Lauremília e atual prefeito de João Pessoa, publicou uma nota em suas redes sociais na manhã deste sábado (28), afirmando que enxerga a operação como um ataque arquitetado por seus adversários às vésperas da eleição.

“Lauremília tem uma vida limpa, é uma benfeitora na cidade e do Estado. Ela provará sua inocência, sendo mais uma vítima de injustiça, assim como Cícero também foi”, disse a nota.

Em nota, a defesa de Tereza Cristina afirmou que a prisão viola direitos fundamentais e a legalidade processual, além de classificar os argumentos que embasam a decisão como “genéricos” e “hipotéticos”. A defesa também afirmou que a prisão preventiva se baseia em fatos sem fundamentação legal, amplamente conhecidos e sob investigação das autoridades competentes, sem a apresentação de qualquer elemento novo. Argumentam ainda que ela não pode influenciar nomeações ou atos administrativos relacionados ao pleito eleitoral, concluindo que a decisão fere o princípio da presunção de inocência e se configura como uma antecipação de pena.

G1