A candidata à vereadora de Porto Esperidião (MT), Rayane Alves (Republicanos), que foi torturada e assassinada ao lado da irmã no dia 14 de setembro, aparece como suplente no sistema de resultados das eleições desse domingo (6/10).
A jovem, claro, não recebeu nenhum voto, o que chama mais ainda a atenção em torno do caso. Aos 25 anos, Rayane disputaria a primeira eleição, mas teve a vida tirada por faccionados do Comando Vermelho, em um crime brutal que comoveu a cidade.
O Metrópoles entrou em contato com o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) para entender o que pode ter ocorrido, mas foi orientado a buscar explicações junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que é responsável pela totalização dos resultados da eleição.
O que aconteceu foi que a morte de Rayane não foi comunicada, oficialmente, ao Tribunal, de forma que os dados da candidatura dela fossem retirados do sistema. Em outros casos de candidatos que morreram, antes da votação, as candidaturas nem apareceram no site de resultados.
Conforme os dados do TSE, 143 candidatos morreram de causas diversas, desde o início da campanha eleitoral. Dentre esses, até esta segunda-feira (7/10), ainda não constava o nome de Rayane. Os cálculos de quociente eleitoral a colocaram, então, como a última suplente da cidade.
Tortura e morte
Rayane e a irmã, Rithiele Alves Porto, de 28 anos, foram torturadas e mortas na madrugada do dia 14 de setembro por integrantes da facção criminosa Comando Vermelho. O crime teria sido executado a mando de um líder do grupo, que está detido na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá (MT).
Ao todo, a Polícia Civil do Mato Grosso indiciou 16 pessoas, suspeitas de participação no caso. Rayane e a irmã teriam sido mortas por causa de uma foto publicada nas redes sociais, na qual elas aparecem fazendo o símbolo do “rock” com as mãos. Os faccionados interpretaram o sinal como sendo o símbolo da facção rival, Primeiro Comando da Capital (PCC).
De dentro do presídio, o líder do grupo acompanhou toda a tortura e morte das irmãs por chamada de vídeo. Elas tiveram cabelos e dedos cortados, antes de serem mortas a facadas. Após a descoberta do crime, o mandante foi isolado no presídio e teve a cela revirada pelos agentes prisionais.
A Polícia Civil instaurou um inquérito complementar para apurar a participação dele no caso. Os faccionados que executaram as duas irmãs disseram à investigação que estavam cumprindo ordens do líder da facção.
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