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O poder fez mal a Hugo Motta – Por Fabiano Gomes

PB)

Conhecido até outro dia como o grande conciliador da política paraibana, o deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, resolveu mostrar hoje, em entrevista à Rádio Arapuan, que o poder não só muda as pessoas — às vezes, parece que desensina.

Arrogante com colegas da imprensa e visivelmente irritadiço, Hugo deu sinais de que está vivendo aquele estágio em que a cadeira gira mais rápido que o raciocínio. Se antes era hábil em costurar, hoje parece estar se embaraçando nos próprios fios do ego.

Quando o assunto foi a política da Paraíba, o Hugo “versão 2025” trouxe uma sequência de gafes que fariam corar até estagiário de assessoria de campanha. Tentou, por exemplo, atribuir à imprensa uma “obsessão” pela antecipação do debate eleitoral. Ora, ora! Justo ele, cujo clã familiar já está em campo há meses: a irmã, Olívia Motta, já percorre a Paraíba como pré-candidata a deputada estadual e o pai, Nabor Wanderley, já se movimenta discretamente — ou nem tanto — para tentar cavar espaço ao Senado. E a culpa é da imprensa? Só faltou dizer que os outdoors e adesivos de carros espalhados na Paraíba brotaram do chão.

Quem antecipou o debate eleitoral? A Imprensa? Não, foi Cícero, João, Hugo, Adriano, Efraim, Pedro, Cabo Gilberto, Pastor Sérgio e Marcelo Queiroga. Eles foram os responsáveis por antecipar o debate eleitoral, lançando suas próprias candidaturas e colocando os nomes “à disposição do partido”.

Justiça seja feita, o único que sempre ponderou que não era o momento para tratar desse assunto foi Aguinaldo Ribeiro. Até seu sobrinho, Lucas Ribeiro, depois que Cícero e Adriano botaram o nome no asfalto, também anunciou seu nome na disputa caso assuma o Governo com a provável saída de João Azevedo.

Portanto, é injusto culpar a imprensa, pois, na verdade, ela apenas noticia o que esses atores políticos falam e fazem.

Mas o ponto alto da entrevista de Hugo veio quando foi falar de composição de chapa. Aí, o deputado conseguiu esquecer ninguém menos que o prefeito da capital, Cícero Lucena — o mesmo Cícero que lidera todas as pesquisas para governador no Estado. Um deslize assim não se comete por acaso.

E como se não bastasse, Hugo ainda protagonizou um dos momentos mais simbólicos da entrevista: entrou pela perna do pato e saiu pela perna do pinto, ao se esquivar de declarar apoio ao presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, seu correligionário e pré-candidato ao governo. Disse apenas que só indicará nomes com força eleitoral. Mas como? O presidente do maior partido do estado fugindo de apoiar o nome do próprio partido ao governo? É o tipo de incoerência que nem precisa de oposição para virar manchete.

De conciliador a contraditório, Hugo vai se afastando do político que já foi — e se aproximando perigosamente do personagem que muitos temiam que ele se tornasse.

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