Ninguém nasce preparado para nada, nem para ser pai/mãe e muito menos para ser filho. Aprendemos com nossas experiências e crescemos conforme processamos as informações que nos cercam. Nosso cognitivo é
construído a partir de inúmeros processos químicos que são iniciados desde a nossa concepção, ainda no útero de nossa mãe. A primeira vez que respiramos é uma experiência de extrema dor, por isso bebês choram! O fato é que somos seres potencializados e com capacidade orgânica dinâmica elevada. Por isso, já dizia Descartes, pensamos desde o primeiro dia que existimos.
Somos movidos por tudo que nos faz sentido. Estamos em busca do que conseguimos pensar e o nosso cognitivo é a bússola da nossa existência. Evidentemente, não nascemos sabendo. Vamos aprendendo conforme crescemos e muitas lições podem ser dolorosas, tanto no sentido físico quanto no sentido mental/emocional. Passamos por fases, etapas ou ciclos que, assim como nosso organismo, estão em constante transformação. Quando somos filhos, nos sentimos incompreendidos, injustiçados e menosprezados diante das nossas necessidades.
Faz parte do nosso crescimento cognitivo. Estamos diante do fato de que não podemos fazer tudo que desejamos e isso corrobora com a nossa formação. Entretanto, quando nos tornamos pais, esquecemos que passamos por todos esses momentos e começamos a acreditar que nossos filhos não pensam. Que eles não têm noção da realidade que os cerca e agimos como “detentores do saber supremo” ignorando o que eles pensam, acham e como se sentem. Ter filhos exige muita responsabilidade de diversas naturezas. Precisamos viver não apenas por nossa própria existência, mas pela vivência de outro ser.
Os conflitos preponderam quando ignoramos o que nossos filhos pensam. Embora imaturos, eles possuem um grau cognitivo importante e são responsáveis pela formação e concretização do outrora abstrato. Como responsáveis, precisamos mediar as consequências dos seus atos, mas isso não deve nos tornar insensíveis às suas necessidades. O diálogo é a chave para uma relação saudável. Quantos de nós não escondemos segredos dos nossos pais por não querer decepcioná-los diante dos nossos anseios? Dialogar não é apenas conversar. Dialogar é se colocar no lugar do outro através da empatia.
É buscar compreender o momento e o contexto para conseguir mensurar o sentimento. Mas essa não é uma fórmula mágica para resolver todos os problemas do mundo ou para amenizar os conflitos familiares. O diálogo é uma ponte que fortalece a relação afetiva, que estimula e valoriza o cognitivo e que, acima de tudo, aproxima. O próprio processo psicopedagógico é formado pelo diálogo entre o profissional e o aprendente, buscando evidenciar pontos importantes do desenvolvimento cognitivo aliado à aprendizagem. Precisamos
ser orientadores de nossos filhos, estando próximos e presentes na construção e consolidação das aprendizagens.
Vamos deixar de lado essa perspectiva de que filhos apenas comem, bebem e brincam. Eles também pensam e como pensam! A violência social está cada vez mais presente nos espaços que antes eram considerados mais seguros. Para que sejamos ouvidos, nossa fala precisa fazer sentido. Dar ordens sem o devido contexto nada mais é do que impor a nossa vontade à outros seres que tem a sua vontade própria. Para melhorar a sua relação com seu filho, antes de tudo, deixe o espaço do diálogo sempre aberto. Acolha e seja acolhido em suas palavras. Filhos também pensam. Acredite!
Psicoped. Augusto Bezerra
Psicopedagogo Clínico / Terapeuta ABA
CBO: 2394-25
Pós-graduado em Psicopedagogia Institucional e Clínica e em Análise do
Comportamento Aplicada ao Autismo – AB
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