Aqui não falarei sobre flores, pois nem todas as famílias conseguiram enterrar seus quase 730 mil mortos diante da pandemia da covid-19*, em que o ex-presidente, tanto ridicularizava, quanto menosprezava seus familiares e mortos, em uma das maiores tragédias humanas anunciadas na história do Brasil.
A ideia aqui é refletir dialécticamente sobre a Mitologia do Silêncio, na qual, deuses como Cronos, engolia todos seus filhos e filhas.
Nas mitologias temos todos os tipos de deuses, semideuses e buscamos entre eles o mito do silêncio. Encontramos Harpócrates, o Deus grego do silêncio, do segredo e da confiabilidade. Também representado como Horus na mitologia egípcia. Não se parece em nada com os mitos barulhentos e falastrões do Brasil.
Na ciência temos, princípios, teorias e leis, todas submetidas aos rigores do método científico. Na física moderna o silêncio é uma constante do universo, apesar da explosão de estrelas, Big Bang, buracos negros, buracos brancos e regiões de eventos e singularidades, em que, as explosões propagam ondas sonoras, que alteram o silêncio cósmico.
Na Filosofia temos o silêncio enquanto reflexão, busca da paz interior e são muitas as reflexões:
“O silêncio é um amigo que nunca trai”.
“É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida”.
“Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores” (Khalil Gibran).
“As mentiras mais cruéis são frequentemente ditas em silêncio” (Robert Louis Stevenson).
E para fechar, temos a frase “O silêncio é uma confissão” (Camilo Castelo Branco).
No mundo jurídico temos as normas legais e entre elas a lei do silêncio, prevista no art. 42 do Decreto-Lei nº 3.688/1941. Mas essa é apenas sobre barulho excessivo depois das 22 horas.
Na Constituição Federal,
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (…) LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e do advogado”. E no Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.”
No Brasil a Lei é clara e as robustas provas, escritas, faladas, filmadas, expressas em manifestações públicas, e ataques às instituições e contra aos agentes públicos da alta corte jurídica, o silêncio servirá apenas para retardar a sentença.
Quem se lembra do teatro para o julgamento do Lula? Queriam que ele ficasse calado, mas ele falou, e falou até mais que seus advogados.
Lula mostrou que era um homem limpo e íntegro e que estava sendo injustiçado em gigantesco esquema político, jurídico e midiático, mas quando aquela farsa fosse desfeita, muitos não iriam se sustentarem no alto dos seus pedestais.
Quem se lembra da presidenta Dilma sendo cassada injustamente? Sendo massacrada por deputados, senadores e por toda a grande mídia golpista. Ela estava lá, firme e forte, em um discurso histórico, se defendendo dos seus acusadores, depois provado que eram todos golpistas.
Agora, o ex-presidente Bolsonaro escolheu ficar em silêncio, se calar diante de uma gigantesca tempestade de acusações, diante de um cenário sombrio e assustador, sem passaporte, “sem cavalo branco que fuja a galope” (Chico Buarque)…
O tic, tac, tic, tac é torturador, mas para quem, em alto e bom som fez apologia a “Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”, terá que ser homem o suficiente, para aguentar e responder por todos os seus crimes contra a Pátria, a República e a Democracia.
O tempo de moleque ou de “bunda suja” dos porões da ditadura militar já passou, aquela cronologia perversa, que silenciou para sempre, milhares de brasileiros, não existe mais.
A nova tentativa de golpe não ecoou e agora, não queremos mais anistia. Quando Bolsonaro era Deputado Federal esbravejava no plenário da Câmara, dizia que era “para colocar no pau de arara o cara que ficava em silêncio em um depoimento”. Calado ou falastrão, assim como teus aliados que de repente também se calaram, tua hora tá chegando e a dos teus generais e acessores também.
Por Belarmino Mariano
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