Rio Grande do Sul – Calor, Chuva, Frio e Medo.

Não bastasse a tragédia que é real, inegável e muito séria acontecendo no Rio Grande do Sul.
As inundações em grande quantidade de municípios e o completo desespero das pessoas se misturam ao jogo sujo, de grupos de extrema direita que usam a desgraça socioambiental para disseminar mentiras nas redes sociais.

Acho que a pior das mentiras foi a de que existem corpos de crianças boiando nas águas, que o governo não faz nada para sanar essa situação.

Não vemos uma reportagem da grande mídia, admitindo que estamos diante dos primeiros efeitos de grandes mudanças climáticas, que já afetam todas as regiões do Planeta.

Ninguém lembra mais dos cinco últimos anos dos governos Temer/Bolsonaro, em que no Brasil, foi atingido por grande quantidade de queimadas criminosas, intensas e de grandes grupos interessados em abrir campos para criar gado.

As queimadas se espalharam exatamente nas chamadas fronteiras da agropecuária,bentre o Pantanal, Cerrado e Floresta Amazônica.

Essa onda orquestrada de queimadas, culminou com uma gigante onda de fumaça, fuligem, calor e destruição de biomas e ecossistemas.
A situação foi tão grave que o deslocamento de fumaça e fuligem atingiu grandes centros urbanos no Centro-Oeste até atingir o Sudeste e Sul.

Exatamente neste período, governos de Estados e prefeitos de municípios influenciados pelo agronegócio passaram a desmontar o código ambiental, afrouxando as leis de proteção e facilitando empresas do ramo a explorar o meio ambiente de maneira legal.

O governador Eduardo Leite (PSDB), que chegou a ser pré -candidato a presidente, foi um dos governantes que flexibilizou ao máximo o Código Ambiental gaúcho.

O ex-governo desmontou os órgãos ambientais en todo país. O IBAMA foi um dos órgãos mais atacados, exatamente para frear as fiscalizações e multar os criminosos.

As reservas ambientais e indígenas foram atacadas por garimpeiros ilegais e os povos das florestas tiveram seus direitos atacados pelo próprio governo, com o corte de recursos e exclusão de serviços básicos.

Agora a natureza está cobrando o preço e o que vemos é a grande mídia tratando as enchentes e a catástrofe humana como se fosse apenas as forças da natureza atuando.

É importante dizer que a natureza foi profundamente modificada em grandes dimensões, em especial nos últimos 50 anos. Os maiores impactos estão no desmatamento, queimadas, assoreamento e represamento de rios, além de construção e instalação de grandes empresas e cidades inteiras que ocuparam leito de rios e áreas de risco a inundação e desabamento.

A situação é grave e agora estamos começando a sentir os 40 ou 50 anos das políticas neolibarais privatistas e de desmonte dos Estados. Agora a população cobra do governo e as grandes empresas privadas que causaram gigantescos esteagos ambientais.

O Rio Grande do Sul servirá como exemplo mundial de um Estado brasileiro que teve um desgoverno ambiental e agora sente as forças da natureza virando o jogo do capital.

Depois das grandes ondas de calor, vinheram as gigayondas de chuvas e agora temos uma violenta onda de frio.

Nesse momento temos milhões de pessoas fora de casa, vivendo em abrigos, com dificuldade de retornar para suas habitações, pois continuam alagadas e com notícias de que as águas dos rios e lagos, continuam subindo.

O medo aumenta em toda região atingida, pois além da força da água, vem a acomodação do terreno e nesse momento estão ocorrendo deslizamentos e tremores de terra, por erosão, deslizanto e acomodamento de solo.

O medo é também por causa de tempestades ou ventos fortes ou tornados que não eram comuns, mas estão ocorrendo na região.

O medo é sabermos que as populações se encomtram sem água potável e sem energia, pois as cheias impedem que a energia seja reestabelicida.

O medo é também por questão de segurança, pois estão sendo registrados crimes de roubo das casas, automóveis e motos, entre outros bens das pessoas.

O medo é o desespero de muitas pessoas que perderam tudo, inclusive familiares mortos e desaparecidos. Pessoas feridas e com grande risco de doenças.

 

Por Belarmino Mariano.