Nos últimos meses, uma gíria passou a fazer parte do vocabulário dos jovens, principalmente nas redes sociais. O termo mulher (ou menina) “do job” — que, em tradução livre, significaria “do trabalho” —, ganhou uma nova conotação e se popularizou para se referir ao atendimento de profissionais do sexo.
Embora tenha ganhado fama nas redes e até em músicas, como a faixa De Graça ou Pagando, do cantor Grelo, a palavra não foi tão bem aceita por quem está imerso nesse mercado, como a acompanhante Paula Assunção. Ela, que também é embaixadora de uma plataforma de conteúdo adulto, acredita que o termo reforça estigmas sobre a profissão.
“Dificilmente quem trabalha com sexo fala isso com todas as letras, por vergonha e até por não se aceitar. Às vezes, até quem trabalha com isso é moralista e não percebe. Então, usar uma palavra que não literaliza a profissão parece suavizar um pouco o próprio preconceito”, defende.
Apesar de o trabalho sexual ser uma profissãoreconhecida pelo Ministério do Trabalho desde 2002, ele ainda é visto como um tabu por grande parte da população. Esse estigma muitas vezes dificulta a plena aceitação e valorização dos profissionais da área.
De acordo com uma pesquisa realizada pela plataforma adulta Fatal Model, a maioria dos profissionais do sexo ainda prefere o termo “acompanhante”, que segue amplamente utilizado no Brasil.
“Isso é muito particular. Apesar de muita gente não acreditar, nosso trabalho é mais baseado na companhia do que no sexo, independentemente se o cliente vem da rua, do site ou da boate. Então, para mim, essa palavra resume o que fazemos, sem enfeitar as coisas”, acrescenta Paula.
Vale lembrar que, por ser um trabalho ainda estigmatizado, a profissão pode render até mesmo gatilhos de saúde mental e complexos emocionais. Por isso, toda “brincadeira” ou nova gíria em tom de deboche é capaz de deixar consequências.
De acordo com o psicoterapeuta Thiago Guimarães, a exposição sexual pública pode desencadear complexos emocionais profundos e perigosos conflitos internos, afetando o equilíbrio psíquico com o confronto entre o desejo de expressão pessoal e o confronto com a sociedade e os valores dela.
“Apesar de proporcionar benefícios financeiros, essa exposição pode envolver riscos significativos para a saúde mental. Uma pessoa, seja homem ou mulher, despreparada para lidar com o assédio, o julgamento social e a sensação de perda de controle sobre sua própria imagem, pode sofrer de ansiedade, depressão, baixa autoestima e traumas”, elucidou, em entrevista anterior à Pouca Vergonha.
Thiago ressalta que, para optar por esse tipo de carreira, o autoconhecimento é crucial para entender como essa escolha afetará sua psique e sua vida diretamente.
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