Neste fim de semana, a apresentadora, modelo e empresária Ana Hickmann registrou um boletim de ocorrência na delegacia de Itu, SP, após ter sofrido agressão física promovida por seu marido e companheiro Alexandre Corrêa. Segundo ela, havia sido iniciada uma discussão entre o casal a qual fez o marido ‘partir pra cima’, ‘jogá-la contra parede’ e até ter dado ‘cabeçadas’. (você pode acompanhar o desenrolar deste caso, em nosso site, através este link.).
Episódios como esse já não nos surpreende mais. Pois, observar que toda e qualquer mulher sofre algum tipo de abuso, aqui no Brasil virou “clichê”. Chegam a ser corriqueiras as denúncias e flagras de agressão contra o sexo feminino, nos seus mais variados tipos (verbal, física, psicológica e/ou sexual). É algo que, há tempos, já deveria nos ter acendido um alerta que alcançasse as mais altas instâncias (judiciário) e camadas das sociais para um problema a ser combatido.
Porém, não podemos deixar de fazer os seguintes questionamentos: a violência física (de uma forma mais direta) é o único mal encontrado pelas mulheres na nossa sociedade? Será que oferecemos o acolhimento ou apoio necessários para que elas sejam garantam o uso de seus direitos (descritos apenas em nossa Carta Magna, mas não praticados)? E mais (levando em conta os pronunciamentos polêmicos do Deputado Nikolas Ferreira): são as mulheres-trans que tomam o lugar das mulheres-cis ou somos nós homens que as impedimos de terem seu “lugar ao sol”?
Obs.: me coloco nesta categoria, não porque maltrato ou denigro a imagem de alguma mulher. Mas sim porque sei de minha responsabilidade para alterarmos este quadro tão horrendo, pintado com o roxo de um hematoma e, em muitos casos, finalizado com um escarlate mais intenso de um ferimento.
Com números atualizados do Fórum de Brasileiro de Segurança Pública, apenas no primeiro semestre deste ano ocorreram 722 casos de feminicídio (fora os dados, coletados em 2022 que apontavam a gravíssima proporção de que a cada oito minutos, uma mulher sofria qualquer tipo de violência neste país.). Ou seja, não são casos isolados. Quase pode-se afirmar que “virou regra” uma mulher ser violentada de qualquer maneira neste solo.
Já foi observado o comportamento de certos “professores” que, em aula, sugeriu que o problema não passava apenas de “dados estatísticos” (uma expressão usada pelo mesmo como uma tentativa de minimizar o caso). Ora! Supomos, então, que não bastam os números alarmantes documentos por institutos como o IBGE (e demais instituições) para “acordar” a população brasileira? Não é o suficiente se deparar com cenas de agressão em redes sociais
Obs2.: não daremos “nomes aos bois” por uma questão de ética!
Aqui na Paraíba, por exemplo, tivemos dois casos de agressão contra mulher (um de repercussão nacional e que se tornou matéria no Fantástico da rede globo; e outro na cidade de Guarabira, interior do Estado): o primeiro, ocorreu na capital João Pessoa, no qual um médico agredia a esposa constantemente e por várias vezes na frente do próprio filho, dentro de um elevador (o caso tramita na justiça com sinais de resolução satisfatória). Já no segundo, um empresário é flagrado por câmeras de segurança de seu próprio estabelecimento perseguindo a esposa para agredi-la ainda mais, pois já havia o feito em outro momento das imagens. Neste último, infelizmente, a primeira instância do sistema judiciário, mesmo com todas as provas cabais do ocorrido, decidiu por liberar o acusado da prisão.
Como dito no início, não são fatos pontuais, mas sim corriqueiros apenas se tratando de agressão física. Aqui, não traremos (nesta coluna da semana) outros tipos de empecilhos enfrentados pelo sexo feminino (não só no Brasil, mas no Mundo), como questões salariais, código de vestimenta, atuação política, preconceito contra mulheres transexuais, entre outros mais diversos problemas.
Obs3.: acompanhe as próximas colunas, pois faremos questão de explanar estes assuntos pontualmente.
Com isso, finalizando esta coluna semanal e observando de maneira holística este caso, faz-se necessário uma solução mais efetiva e leis mais punitivas para agressores. O Governo Federal já vem sendo atuante frente a esta problemática com a criação de ministérios específicos para atender cada caso e com responsabilização dos agressores.
Pedimos a você, caro leitor, que busque engajar este debate e não permita que caia nas “garras do esquecimento”. Não relativize! Não acoberte! Salve as vítimas deste mal. Ligue 180.
Por João Pedro Martins Terto
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